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07/10/2021 14:01


Relatório da pesquisa que conta a história dos 300 anos do São Pedro Missioneiro é apresentada à comunidade

        Durante a missa celebrada na Igreja Matriz São Pedro Apóstolo, no último sábado, dia 02 de outubro, foi apresenta- do para a comunidade são-pedrense um estudo feito pelo Dr. Édison Hüttner, sobre o Busto de São Pedro Missioneiro.
       A pesquisa conta um pouco da história dos 300 anos do São Pedro Missioneiro que é uma obra de Arte Sacra Jesuítico-Guarani, do século XVIII, entalhada em madeira.
     Ele iniciou seu relato dizendo que em 2019 identificou no município de São Martinho da Serra, um Busto de “São Martinho de Tours” dentro da capela do município, muito semelhante ao Busto de São Pedro Missioneiro que ficava na Igreja da comunidade da Ermida.
     Durante seu relatório, ele falou sobre a lenda dos santos trocados que conta que São Pedro e São Martinho, que são santos missioneiros, teriam sido trocados durante a viagem, ou seja, São Pedro estaria na Igreja de São Martinho da Serra e a imagem do São Martinho, seria a que está na Paróquia de São Pedro do Sul. Segundo o pesquisador, em São Pedro do Sul havia um Posto de São Pedro que pertencia a Redução de São Miguel (Estância) e segundo a lenda, o povoado solicitou aos índios guaranis da Redução de São Miguel, uma imagem (escultura) de Santo talhada em madeira para proteger seu Posto que tinha a proteção do Apóstolo São Pedro. Ainda de acordo com a lenda, na mesma época, o povoado de São Martinho também teria encomendado a sua escultura (de São Martinho) e o encarregado de buscar as imagens, o são-pedrense Antônio Ferreira Canabarro teria entregado os santos trocados.
     Ao apresentar o resultado da pes- quisa, Hüttner falou sobre o significado de cada detalhe da escultura e apresen- tou possíveis locais de onde poderia ter vindo o busto de São Pedro Missioneiro: da Redução de Trindade, no Paraguai, onde estavam os bustos com mesmo estilo de São Gregório Magno, São Leão Magno e São Martinho de Tours; do município de São Borja, onde havia um atelier do artista jesuíta de José Brasanelli; ou então, as esculturas teriam ido de São Borja para a Redução de São Miguel, depois transportadas por Antônio Ferreira Canabarro para o povoado de São Martinho e Posto de São Pedro.
    Segundo o historiador, com certeza não foram índios guaranis (que trabal- havam nas oficinas) que esculpiram o Busto de São Pedro Missioneiro, mas eles podem ter ajudado. Hüttner entende que o busto é uma obra de grande envergadura, feita por um jesuíta experiente na arte da confecção de santos. Ao que tudo indica, como também se confirmou com a escultura de São Martinho de Tours, o São Pedro Missioneiro foi confeccionado, em São Borja, no período de 1696 a 1706, quando José Brasanelli trabalhou no local.

      Pesquisador recomendou que a escultura seja tombada como patrimônio histórico e cultural
      Ainda de acordo com o pesquisador, “ficou claro que o santo trocado em viagem de carreta conduzida por Antônio Ferreira Canabarro, é a Escultura de São Pedro Missioneiro e a outra que ficou na capela de São Martinho é o São Martinho de Tours Missioneiro”, afirma.
     Ao final de seu relatório, Hüttner destacou que a imagem é uma peça histórica que remonta as origens do município de São Pedro do Sul e recomendou o seu tombamento como patrimônio histórico e cultural do município.
    Por muitos anos a imagem do Santo ficou na capela da Ermida, no interior do município, mas neste ano, após a imagem de Nossa Senhora de Fátima ter sido furtada da igreja (e depois devolvida), a comunidade decidiu pedir abrigo para a imagem, junto a Igreja Matriz de São Pedro do Sul, na sede do município.
   Também atuaram na pesquisa, o Dr. Eder Abreu Hüttner e Me. Claudio Lopes Preza Junior (pesquisadores do Grupo de Arte Sacra Jesuítico-Guarani). A pesquisa também contou com a participação especial do Pe. Gildo Brandt, Pároco de São Pedro do Sul e do Pe. Rudinei Lasch.
   O irmão Marista Édison Hüttner é Professor do Programa de Pós-graduação em História e Teologia (PUCRS) e Coordenador do Grupo de pesquisa Arte Sacra Jesuítico-Guarani e Lusobrasileira. Ele também é Pós-doutor em História pela PUCRS e Doutor em Teologia pela Univer- sidade Gregoriana (Jesuíta) na Itália, em Roma. A missa foi acompanhada por dezenas de devotos e também por diversos integrantes da comunidade da Ermida que tem um carinho especial pelo Santo.
    O Pároco Pe. Gildo Brandt destacou que no dia 1º de junho de 2022 a Paróquia São Pedro Apóstolo, completará 140 anos de fundação. “Tivemos a oportunidade de prestigiar a brilhante apresentação do relatório da Pesquisa sobre os 300 anos de devoção do São Pedro Missioneiro. Agradecemos ao Ir. Edison Hüttner, por este relevante estudo realizado e partilhado com a nossa Paróquia, neste Ano Jubilar”, disse o Pároco. 
    Ainda de acordo com o religioso, além do aspecto científico desta importante abordagem, destaca-se também a evangelização promovida na Paróquia, em torno e a partir desta imagem. “Neste sentido, ressaltamos a tradicional Festa do Padroeiro São Pedro Apóstolo, realizada há mais de cem anos. A partir de agora, o busto de São Pedro permanecerá abrigado na igreja Matriz e poderá ser ainda mais conhecido e valorizado pela comunidade São-pedrense”, finalizou Gildo.
Era uma lenda grande. E agora?
Qual a outra lenda?

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