A planta Senecio spp, popularmente conhecida como Maria-Mole ou Flor-das-Almas, leva à morte por intoxicação cerca de 30 a 42 mil cabeças de gado bovino por ano no Rio Grande do Sul. A espécie floresce na primavera, mas começa a causar problemas entre os meses de junho e julho, no período de vazio forrageiro, quando ainda é um broto e sua presença não é tão aparente. Assim, a Maria-Mole acaba sendo consumida pelo gado em meio a outras plantas, iniciando o processo de intoxicação do animal.
O médico veterinário e extensionista da Emater/RS-Ascar, Carlos Roberto Vieira da Cunha, participou de uma pesquisa em Eldorado do Sul, na segunda metade do ano passado, que teve como objetivo mensurar a infestação da Maria-Mole nos campos do Estado e aponta que a presença da planta é abundante. A intoxicação pelo consumo dessa planta é uma das maiores causas de mortes de bovinos no RS. A pesquisa foi conduzida por Fernando Castilhos Karam, pesquisador do Laboratório de Histopatologia no Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), vinculado ao Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi).
O extensionista explica que, em campos onde ocorre a escassez de pasto e não há sombreamento proporcionado por outras plantas e árvores, cria-se um cenário propício para o desenvolvimento dos brotos do Senecio spp, que nessa fase apresentam maior concentração de seu componente tóxico. Nesse momento, quando a quantidade de toxina está alta e a planta não está tão visível, ela acaba sendo consumida pelo gado que, ao se intoxicar, tem o fígado comprometido, podendo levar à cirrose hepática.
Cunha esclarece que a alternativa mais efetiva para o controle da infestação é aproveitar esse período em que está em floração para arrancar a Maria-Mole pela raiz, retirando-a do local, e atear fogo, evitando a proliferação das sementes. Essa maneira também é a mais trabalhosa e pode ser inviável, dependendo do tamanho do campo. Outra opção para o controle da infestação é a criação de ovinos, aproximadamente 20 vezes mais resistente à toxina do Senecio spp. do que o bovino.
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