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06/04/2021 08:38


ASPECTOS HISTÓRICOS DO COOPERATIVISMO NO RIO GRANDE DO SUL

O cooperativismo é um movimento social e econômico que tem por base a cooperação, a participação, a solidariedade, a igualdade e a democracia, indo além da individualidade e deixando de lado a concorrência. Tendo como foco principal as pessoas e a atuação destas no coletivo, assim como, o poder da coletividade e solidariedade em transformar o local em que vivem e as oportunidades juntos, de forma comum a todos. 

    A atividade cooperativa é exercida desde os primórdios, principalmente para a subsistência do grupo, era realizada sem a intenção de ganhar lucros, mas sim sobreviver. Para compreendermos como o cooperativismo se tornou uma organização, com objetivos sociais e econômicos em comum, é necessário entender o que levou ao surgimento deste.

O movimento cooperativista sobreveio com o intuito de melhores condições de trabalho, sobrepondo-se ao capital, atendendo aos interesses dos trabalhadores, e assim estabelecendo uma organização livre, democrática e sem hierarquia. “Incorporando ideias sociais do período: "autoajuda, solidariedade, democracia, liberdade, equidade, altruísmo e progresso social” (FRANTZ, 2012, p.18).

No Brasil as primeiras atividades cooperativas podem ser identificadas no trabalho cooperativo realizados pelos povos indígenas, elas eram voltadas para a subsistência da tribo até a chegada da Companhia de Jesus, que modificou estas com o processo civilizatório, principalmente no estado do Rio Grande do Sul, onde houve a fundação das primeiras reduções jesuíticas. 

Posteriormente as atividades cooperativas passaram a basear-se nas experiências advindas de diferentes grupos étnicos, em especial dos imigrantes europeus que se estabeleceram no estado, atendendo os interesses dos países colonizadores. Isto ocorreu durante o final do século XIX, conhecido como a primeira fase do cooperativismo, onde houve a fundação das primeiras cooperativas e associações no RS com a estadia dos imigrantes em regiões de produção agrícola.

A vinda dos imigrantes ítalo-germânicos ocasionou novas formas de cooperativismo e associativismo no estado, movidos pela necessidade de sobreviver pois estes não possuíam auxílio para amparar-se ao chegarem aqui. Levando assim a realizarem o trabalho coletivo em prol do grupo. 

Os imigrantes alemães impulsionados pela necessidade, criaram cooperativas e associações de crédito, as Caixas Rurais de modelo Raiffeisen, este modelo era aberto para qualquer um, baseava-se em depósitos na qual recebiam pequenas remunerações. Uma das características mais significativas era o voto dos associados, independente da quota-parte (a quantia em dinheiro que depositam quando entram na cooperativa), a ausência de capital social e a não distribuição das sobras.

Em 1902, Theodor Amstad, padre jesuíta suíço, fundou na Linha Imperial, onde hoje se localiza Nova Petrópolis, a primeira cooperativa do modelo, batizada “Sociedade Cooperativa Caixa de Economia e Empréstimos Amstad” e depois “Caixa Rural de Nova Petrópolis”. Atualmente é chamada de “Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados Pioneira da Serra Gaúcha – Sicredi Pioneira RS”, uma das maiores do Brasil. 

Amstad também foi o responsável, em 1912, pela fundação de uma organização associativa fundamentada no solidarismo, a Entidade Volksverein, no município de Venâncio Aires. Tendo como impulso às necessidades vivenciadas pelos colonos em situação de abandono, a entidade visava a promoção humana e melhores condições econômicas aos colonos (RAMBO; ARENDT, 2012).

A Entidade Volksverein, hoje é a Associação Amstad, levando em si o nome do padre que foi um dos maiores precursores do cooperativismo e associativismo no estado.

    Os imigrantes italianos que exerciam a agricultura tiveram o cooperativismo e associativismo divulgado a partir de uma campanha realizada pela Sociedade Nacional de Agricultura atribuída pelo Governo Federal e apresentada por Stefano Paterno, que objetivava a promoção do modelo misto de seção de crédito. 

    Durante a segunda fase do cooperativismo, os imigrantes italianos trouxeram o modelo de crédito de Luigi Luzzatti, precursor do cooperativismo italiano, conhecido como bancos populares. Luzzatti apostava neste conjunto de cooperativas, as quais todos os cooperados seriam donos e usuários, oferecendo crédito às classes mais populares, e valorizando o senso de responsabilidade e a palavra de honra dos associados, que apenas iriam requerer crédito que se pudesse honrar, já que se encontrariam na posição de devedor e credor. Este modelo tornou-se popular por volta de 1930. Com a influência de Amstad, houve a abertura de uma cooperativa que seguia este modelo em Lajeado-RS.

    A apresentação de diferentes modelos do cooperativismo de crédito mostra a importância do cooperativismo no desenvolvimento econômico no Rio Grande do Sul.

    Atualmente, conforme a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), através da Pesquisa Nacional do Cooperativismo, realizada em 2018, e do Anuário do Cooperativismo de 2020, constata-se que de cada 10 brasileiros, 4 conhecem o cooperativismo. A Região Sul lidera a pesquisa com 67%, sendo a região que mais conhece este movimento, e tendo no Rio Grande do Sul o registro ativo de 425 cooperativas, com mais de 3 milhões de cooperados e mais de 61 mil empregados diretos. Sendo 198 cooperativas ativas voltadas ao ramo do crédito, contando com mais de 5 milhões de cooperados e cerca de 35 mil empregados.

    Os dados históricos apresentados são frutos de pesquisas realizadas através do Programa de Iniciação Científica (PiiC), que introduz e familiariza os acadêmicos com a prática de pesquisa, através do estudo e aprofundamento de um tema específico. O título do projeto de pesquisa, em desenvolvimento, está relacionado a história do cooperativismo e associativismo no Estado do Rio Grande do Sul.

    

Março de 2021

 

Mayara Cibele Roque Lopes

Bolsista de Iniciação Científica e acadêmica de Pedagogia 

mayaracrlopes@aluno.santoangelo.uri.br

Cênio Back Weyh

Prof. orientador  – docente da 

URI – Campus de Santo Ângelo
ceniow@san.uri.br

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