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03/12/2018 20:48


NATAL GALPONEIRO - Jayme Caetano Braun

          A cuia do chimarrão, é o cálice do ritual e o galpão é a Catedral maior da terra pampeana que de luzes se engalana para esperar o NATAL.
          A cuia aquece na palma da mão da indiada campeira, dentro da sua maneira, rezando e chairando a alma, para recuperar a calma, que fugiu do mundo inteiro. Enquanto o estrelão viageiro já vem rasgando caminho, para anunciar o "Piazinho", a Virgem e o Carpinteiro.
          Em nome do Pai,  Do Filho e do Espírito Santo, é o chimarrão que levanto, e o vento faz estribilho, a prece do andarilho, ao Piazito Salvador, Filho de Nosso Senhor Do Espírito e do Pai de volta a terra aonde vai, falar de novo em amor!
          Tem sido assim - dois mil anos, ninguém sabe - mais ou menos, vem conviver com os pequenos de todos os meridianos e repetir aos humanos as preces de bem querer. Quem sabe até - pode ser que um dia seja atendido e o mundo velho perdido encontre paz para viver.
          Ele sabe da apertura, em que vive o pobrerio, a fome - a miséria - o frio, porque passa a criatura, mas que - inda restam - ternura, amizade e esperança, é que pode, a cada andança, mesmo nos ranchos sem pão, aliviar o coração num sorriso de criança!
          Pra mim - que ouvi na missões, causos de campo e rodeio, do "Negro do Pastoreio", cruzando pelos rincões, das lendas de assombrações, e cobras queimando luz. Foste - Menino Jesus o meu sinuelo de fé, juntando ao índio Sepé, o Nazareno da Cruz!
          E a Santa Virgem Maria, Madrinha dos que não tem, fez parte - sempre - também, da minha filosofia, eu que fiz de Sacristia os ranchos de chão batido, e que hoje – encanecido sou sempre o mesmo guri a bendizer por aí o pago que fui parido!
          E o Nazareno que vem das bandas de Nazaré chasque divino da fé rastreando a luz de Belém ele que vai morrer também pra cumprir as profecias. É Natal - nasce o MESSIAS salve o Menino Jesus! Mas o que fogem da luz o matam todos os dias.
          Presentes - "Papais Noéis", um ano esperando um dia quando a grande maioria sofre destinos cruéis.
          
O amor pesado a "mil-réis" mortos vivos que andam instituições que desandam  porque esqueceram JESUS, o que precisa, é mais luz no coração dos que mandam!
          Que os anjos digam amém, para completar a prece do gaúcho que conhece, as manhas que o tigre tem. Não jogo nenhum vintém mesmo sendo carpinteiro, mas rezo um Te-Déum campeiro, nessa Catedral selvagem, pra que faça Boa Viagem o enteado do Carpinteiro!
Aurtor - 
Jayme Caetano Braun

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