Notícias

16/02/2019 12:29


O Cotidiano da Vila Pajada

          1 - Retornando de São Luiz
No lombo do meu Picaço
Chego à barca do Rocácio
Faço o translado e daqui
Deste Rio Piratini
Sigo ao trote, na estrada,
Nesta terra colorada
Dos ancestrais guaranis.
          2 - Passo o campo do Lagoão
Ainda de manhãzinha
E vejo que se avizinha
A Vila dos Cata-Ventos
E vou sorvendo o contento
De voltar ao vilarejo
E, emocionado, me vejo
No prazer deste momento.
          3 - O seu João Bitencourt
Médium da causa divina,
Avisto, de relancina,
Parece, dando Sessão
E mais adiante a visão
Me mostra, assim, (sem entrave),
O seu Manoel Guarda-Chave
Na cancha de bocha, então.
          4 - Avisto o Mangueirão
Repleto de gadaria,
Alaridos, correrias,
Tropeiros que vão e vem
Apartando, muito bem,
As tropas pra Livramento
Em mais um carregamento
Nos vagões de mais um trem.
          5 - Noutro comboio espichado,
Fumaceando, de dar graça,
Vem a Maria-Fumaça
No rumo da Estação,
Pois nesta ocasião
O trem é o passageiro
Cumprindo o seu roteiro,
Serpenteando neste chão.
          6 - Passo os trilhos (na esquerda)
Duzentos metros daqui
Enxergo, em seguida, ali,
O seu Joaquim no moinho
E escuto neste caminho
A bigorna cantadeira
E Cassemiro, sem canseira,
Num arado dando fio.
          7 - Dou meia volta no pingo,
Sem judiaria ou laçaço,
Pra o Bolicho do Acácio,
Goludícias, vou comprar
E antes de apear
Um galo, bem topetudo,
Solta um canto macanudo
No terreiro do Gaspar.
          8 - Cá de dentro do bolicho
Eu consigo contemplar
Ciríaco a conversar
Num jeitão de entrevero
Enquanto passa ligeiro
Uma figura lendária
Desta terra legendária
O seu Jandirão Medeiros.
          9 – Eu almoço e sesteio
Na casa da tia Paulina
Depois eu vejo, da esquina,
O campinho ali da praça
E um futebol, que se engraça,
No talento (e no ofício),
Do seu João Pedro Fabrício
Fazer gol com arte e graça.
          10 - No outro lado da rua
Vejo Augusto Sarandi
E a Barbearia do Cici
Está repleta de gente
Esperando, paciente,
Para cortar o cabelo
Se traquejando, com zelo,
Pra ficar mais atraente.
          11 - À noite vai ter um baile,
O comentário é geral,
Vai ser no Café Central
E tudo está preparado
O salão já está enfeitado
Irmãos Borges vão tocar
E vai dar gosto dançar
Xote bem afigurado.
          12 - Dobro a esquina e vou adiante
E eu toque-toque se nota
É o Hilo fazendo botas
Lindaças de encantar
E, à noite, vou repousar
Num lugar tradicional
E descansar, afinal,
Na Pensão do seu Goulart.
          13 - E além do meio da tarde
Enquanto o sol já se empina
Lá pras bandas da Argentina,
Vejo suado e com esmero
E prosseguindo ligeiro
Ao rodopiar dos raios
A carroça, com dois baios,
Do seu Nely, carroceiro.
          14 – E agora, de repente,
Vejo a figura altaneira
De seu Ney Duarte Vieira:
Ser humano solidário
E, adiante, noutro cenário,
Me causando alegria
Vejo o seu Rebardaria
Com alguém, num comentário.
          15 – Então ouço, reticente,
Um som gostoso e baixinho
Da gaita do Agostinho
Ecoando num vaneirão
Nesta mesma ocasião
Enquanto eu vislumbrava
Seu Quintino, que passava,
Na gaiotinha do pão.
          16 – E um pouco mais à frente,
Num vistaço interessante,
Enxergo ali adiante
O seu Bijica, cordial,
Sentado, lendo um jornal
E vejo, assim, de primeira,
Disposto, o doutor Madeira
Indo para o hospital.
          17 - Eis que enxergo, desta vez,
Da sanga, lá da ladeira,
A Mercedes, lavadeira,
Com muitas roupas lavadas
E, ao longe, na estrada,
Vejo seu Alfredo Aquino
Seguindo, com um menino,
Creio, lá pra sua venda.
          18 - Que cotidiano marcante
E agora a força do vento
Nas pás destes cata-ventos
Vai sibilando poesia
Junto à suave melodia
Do canto da passarada
Nesta vilinha abençoada
De aconchego e simpatia.
          19 – Posso branquear o cabelo
Neste reponte dos anos,
Mas me sinto soberano
E um prazer me conforta,
As portas me estão abertas
Viva este chão que bendigo
E este meu rol de amigos
E é isto que me conforta!
          20 – Sou missioneiro feliz !
Nascido nestas paragens
Carregando estas imagens
Na mente e no coração
Por entender a razão
Que o bom senso me norteia:
De gostar de terra alheia,
Mas muito mais do meu chão 
Letra: João Antunes e Afrânio Marchi
•    João Antunes é poeta e compositor, de Bossoroca. 
Notícia: Água: Um Bem Precioso! João Antunes
Notícia: Protesto Ecológico - João Antunes
Notícia: Curiosidades Sobre Bossoroca João Antunes

Notícia: Estudo Sobre a Vida e Obra de Jayme Caetano Braun

EM DESTAQUE

Erva Mate Verde Real

Empresa familiar, com seu fundador Delfino Shultz, iniciou no ramo de erva mate no ano de 1989

Saiba mais

Lagos Restaurante e Lancheria em Porto Lucena

Mais notícias

  • Aguarde, buscando...