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07/02/2019 19:18


Tosa à Martelo por João Antunes

Emprega-se este termo “Tosa à Martelo” para quem a corta a lã das ovelhas com tesoura acionada pela mão humana (ferramenta de aço de 30 cm composta por duas folhas). Antigamente era comum a formação das Comparsas de Esquilas, grupos de homens, onde existia um responsável. Eles acampavam nas estâncias para tosquiar a lã das ovelhas. 
Deu-se o nome de “Tosa à Martelo” ou “Esquila à Martelo” devido ao barulho das tesouras onde esse tac-tac imita o barulho característico de martelos. 
As principais raças de ovinos no Rio Grande do Sul são Corriedale (que é originária do Pampa uruguiaio), Merino Australiano, Ideal, Romney Marsh,  Border Leicester, Suffolk, Hampshire Down, Ile de France, Texel, Poll Dorset, dentre outras.
Os municípios maiores produtores de lã ovina neste Estado são respectivamente  Uruguaiana, Alegrete e Santana do Livramento seguido por Bagé, Quarai e Dom Pedrito.
Vídeo Tosa a Martelo
Geralmente as tosas acontecem no período entre a primavera e o verão, no período dos grandes calores, de outubro a dezembro.
O rebanho a ser tosado deve ser examinado e estar bem limpo evitando-se assim que matérias estranhas misturem-se à lã.  
O correto é tosar os animais apenas uma vez por ano, pois deste modo as mechas de lãs atingem o tamanho normal.
Dentro das crendices sabe-se que a melhor lua para a tosa seja a lua nova porque esta faz com que a lã tenha um crescimento mais rápido e mais qualidade ao velo.
No ato da tosa primeiramente o animal deve ser maneado com um tento quase sempre em três patas. Recomenda-se que ele seja tosado num piso de concreto ou em local que tenha assoalho, tablado, num couro ou numa lona. 
Normalmente a tosa é efetuada iniciando-se pela lã de “garreiro” e a “barrigueira”. Depois tosa-se o animal de um lado até o lombo vira-se ele e conclui-se o serviço desde a cabeça, o pescoço, o corpo e as patas. 
Através da tesoura manual ou martelo um tosador obtém uma média de 30 ovelhas tosquiadas por dia trabalhando-se em média 8 horas diárias. Para cada ovelha tosada o tosador recebe uma lata (pedaço de lata circular), moeda ou uma ficha para fins de controle para o posterior recebimento pelo serviço em que será remunerado.
Recomenda-se que o bom tosador não deve dar “beliscões” com a tesoura no animal e nem machucá-lo bem como não tosar de maretada. 
Neste ofício existe além do tosador que é chamado “o tesoura”, tem o maneador, o agarrador e o embolsador  que soca a lã e que fica geralmente seminu devido ao calor sufocante dentro de uma bolsa que armazena em torno de 140 kg de lãs onde a bolsa é presa numa armação chamada por aqui de aparato.
Nas tosas com máquinas tosa-se em média entre 80 a 150 ovelhas por dia. 
Muitas pessoas buscavam, na tosquia de lãs,  buscavam complementos financeiros para os  seus ganhos anuais especialmente quando as atividades de pecuária dominavam em Bossoroca, não havia uma diversificação de culturas e o comércio era incipiente.
Alguns tosadores bossoroquenses na tosa à martelo:  Milton Marcondes Chaves, Inácio Nascimento Antunes (Inacinho), Seu Dedéco, Luiz Gonzaga Nascimento (Gonza), Sergio e Alziro Fontoura, Milton Vargas, Cloves M. Nascimento, Vinício Pedro Nascimento, Ari de Souza Antunes, Giovani Moreira Nascimento, Nezinho, João Barriga, Thomaz Fortes (Coca), Maneco Antunes, Loro Cortes, Adelar Souza (Jabuti), Pedro Sapo, Nego Antonio, dentre outros. 
Percebe-se que a lã ovina vem perdendo espaço para os fios sintéticos e as comparsas de esquilas através da tosquia à martelo estão cada vez mais escassas devido a presença das máquinas de tosquia que são mais ágeis. 
A extração da lã de ovinos em seu valor agregado tem várias finalidades como nas cobertas e no vestuário e talvez um dos maiores prazeres para fazer frente a um dia de geada seja estar com um pala de pura lã.
Hoje, ainda existem tesouras a martelo, mas muito poucas usadas, a tecnologia que não perdoa a antiguidade, acabou jogando estes instrumentos no fundo dos baús ou na memória dos mais antigos.
A lã está desvalorizada devido a presença de fios sintéticos. 
Endereço Portal: Escritor João Antunes poeta, historiador e compositor 
Facebook = João Carlos Oliveira Antunes
Bossoroca (55) 9999-42970 joaoantunes10@terra.com.br 

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