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ANDRÉS GUACURARI ARTIGAS: UM SEPÉ REAVIVADO!



        Muitos de nossos pesquisadores idolatram a figura de Sepé Tiaraju, o corregedor missioneiro de São Miguel, um dos líderes da revolta indígena contra o Tratado de Madrid, no qual os índios cristianizados se insurgiram com a entrega dos Sete Povos das Missões para os portugueses. Outros autores, nem tanto, pelo contrário, torcem o nariz, argumentando que Sepé estaria a serviço da coroa espanhola. E uma parcela significativa acredita que o Tiaraju teria sido um mito construído pelos defensores da Companhia de Jesus, com o propósito de se rebelar contra a extinção da referida ordem religiosa naquela nominada “República Guarani” na América.
       No entanto, há outro expoente, adormecido no olvido da memória, renegado pela historiografia oficial – o cacique guarani – DOM ANDRES GUACURARI, um tape, de estatura baixa, corpo manchado de varíola, que lia e falava fluentemente o guarani, espanhol e português, e que se consagrou como um dos ícones da resistência indígena contra o elemento colonizador.
       Sua história, assim como a de Sepé, está envolta num misto de misticismo e credulidade, cercada de heroísmos, intrigas, paixões e mistério. Temperos essenciais para quem gosta de história.
       Para uns, Andresito, como era chamado, nasceu em São Borja, por volta de 1783; para outros, em Santo Tomé, Argentina, país onde é tido como herói. Conforme alguns dados bibliográficos dos hermanos que afirmam: “gracias a Andresito somos argentinos.” Inclusive, uma comissão de estudiosos argentinos requisitou ao Brasil os restos daquele caudilho. Não se tem notícia do sucesso dessa empreitada.
        Pois Andresito, órfão de pai, foi criado com o chefe político uruguaio José Artigas, no auge do federalismo que se estendia pela Banda Oriental (Uruguai), Misiones, Entre Rios, Corrientes, Santa Fé e Córdoba, povos esses que formavam a Liga dos Povos Livres, que posicionava contra o poder central de Buenos Aires.
         Andresito Guacurari Artigas tornou-se Capitão de Blandengues, chegou a ser governador de Misiones e Corrientes, na Argentina, assumindo o Comando Geral de Misiones, aonde chegou a governar os 15 povos das Missões entre os rios Uruguai e Paraná. Algumas campanhas são destacadas na carreira do peleador Andrés: a campanha do rio Uruguai contra a invasão luso-brasileira.
        Quando suas forças cruzam o Uruguai e atacam o furriel Atanásio José Lopes, no acampamento da barra do Cambai, em Itaqui, em 1816; a campanha de Corrientes em defesa do federalismo (1818-1819), e a segunda campanha do rio Uruguai contra novamente os luso-brasileiros, em 1819, que culminou na sua captura e posterior envio para a prisão da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Nessa cidade, possivelmente teria falecido. Sua história chega até esse ponto.
        Destacou-se por defender seu povo e provocar a liberdade de todos os cativos guaranis nas mãos dos colonizadores.
       Guacurari era um líder diferenciado no agir. Quando decidia invadir um povo, após os preparativos, realizava um curioso ritual. Apeava do cavalo uma légua antes e entrava a pé, no meio de suas tropas enfeitadas por bandeiras artiguistas. Isso humilhava os derrotados e o engrandecia.
       O mesmo comandante, defensor de seus irmãos de raça e enérgico para com os inimigos portugueses.
        O mesmo Guacurari, que num momento se afogueava de amores com a índia guarani Melchora Caburu, noutro momento lhe dava uma “sova de pau” porque a fogosa nativa gostava de dançar nos bailes sem a sua companhia. Coisas da história. Coisas de Andresito, uma espécie de Sepé melhorado. E essa “figura” andou por aqui!

    (texto de nossa obra AGENDA 150. Um passeio pelos carrilhões do tempo pretérito itaquiense, Novigraf Gráfica e Editora, Itaqui, RS, 2008.)

  • Sobre

  • Video - Andresito Guazurarí - Bajo Pueblo - 'La Revolución Guaraní'
    Video - BUSCANDO AL COMANDANTE ANDRESITO

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