" Ao mesmo tempo em que lastimamos a absoluta derrocada do sistema político brasileiro, podemos, quem sabe, comemorar o renascimento da participação popular na fiscalização e na cobrança daqueles que se dizem representantes do povo.
Infelizmente, o segundo maior esquema de corrupção desvendado no mundo é brasileiro. Organizado e efetivado por políticos, servidores públicos, empresários e conhecidos criminosos tupiniquins, o famigerado Petrolão desfalcou a nação em mais de R$30 bilhões e abateu duramente a autoestima nacional. Baqueou a economia do país, derrubou máscaras, revelou trampolinices palacianas e só foi parado graças à atuação técnica de dedicados profissionais, sob o lastro da indignação popular de Sul a Norte.
Resgatar a autoestima nacional é um desafio a ser por todos enfrentado, sociedade civil e organismos de Estado.
Quebrando paradigmas, a Força-Tarefa da Lava-Jato, que só na PF já mobilizou 4.500 policiais federais, conseguiu levar à cadeia poderosos milionários, políticos, figurões até então intangíveis. Mesmo que sem esse propósito, acabou colocando em evidência cotidianos de policiais federais, procuradores e juízes federais, simplesmente por fazerem o que são pagos para fazer.
O desvendar de uma covarde trapaça na maior estatal brasileira implicou colocar atrás das grades um ex-presidente da República, dois ex-presidentes da Câmara, um ex-governador, ex-ministros de Estado, ex-senadores, ex-deputados, doleiros e empreiteiros.
Além disso, estou convicto que essa cruzada contra a corrupção serviu para reascender um sentimento especial de cidadania e ativismo que há muito não se via no país, essencial para a construção de uma República séria, justa e igualitária.
Resgatar a autoestima nacional; fortalecer o sistema de educação básica; prestigiar as instituições responsáveis pelo combate à corrupção; estimular o civismo e a cidadania em geral; substituir cargos comissionados por quadros técnicos em todas as esferas da Administração, nos três Poderes e, sobretudo, reformar o conjunto de leis fomentador da impunidade são desafios a serem por todos enfrentados, sociedade civil e organismos de Estado, registrando que a grandeza de um povo não se mede em épocas de conforto, mas sobretudo nos momentos de crise.
UbiratanSanderson
Policial Federal em Porto Alegre
Especialista em Segurança Pública
Lei da Oferta e da Procura Comanda a Explosão do Tráfico