Embora a cidade de Bossoroca seja circundada por cinco mananciais houve uma época, quando aqui era vila, que em quase todas as residências havia um poço subterrâneo (furo vertical na terra) para a coleta de água e atendimento da demanda caseira. Também chamados de poços rasos ou poços de balde, que são esse com profundidade máxima de até 20 metros.
Diferentemente dos dias atuais onde existem várias ferramentas tecnológicas que permitem o mapeamento “hidrogeológico” e usar sondas perfuratrizes, naquele tempo eram muito requisitados poceiros que faziam os poços no sistema braçal escavados com cavadeira.
Quase sempre eram dois operários envolvidos para perfurar um poço cilíndrico, tubular, com diâmetro em torno de um metro e meio, ou seja, um fazendo a escavação e o outro atuando na superfície e bem atento para puxar a terra.
Era mais fácil adentrar na terra e no arenito (friável), mas em vários casos quando a perfuração dava-se na pedra dura, além das alavancas, eram usados explosivos (fogachos), estopins onde, com muito cuidado e rapidez, pois era um trabalho muito perigoso, após acondicionar o estopim era jogado brasas em cima para que acontecesse a detonação.
Algumas vezes eu vi a figura folclórica e experiente do seu “Bejo” que era um sujeito magrinho e voz meio rouca alimentando a crença popular com uma varinha de pessegueiro (que é um galho e que é flexível quando das vibrações e que tem consistência fibrosa) fazendo demonstrações nas suas operações místicas de como encontrar o melhor local para a construção de um poço d’água para ser puxada através de um balde. E, por incrível que pareça, as suas deduções davam certo onde foram incontáveis os poços que ele fez ao longo da sua vida aqui na cidade e no interior deste município.
As águas subterrâneas, diferentemente das sangas, córregos, rios e vertentes a céu aberto, quase sempre são de boa qualidade e com possibilidades de menos contaminação para o consumo humano e animal.
Seu “Bejo” dizia que o limite da escavação era até quando ele não conseguia mais escavar além do nível d’água que estava afluindo ao poço para ficar na vazão desejada, pois era necessário encontrar a “veia” ou a fratura condutora da água desejada do lençol freático quando fosse na pedra.
Um poço quase sempre é composto pelo corpo escavado que é o buraco, orifício, feito até encontrar a água, bocal geralmente de tijolo, tampa, balde para a captação da água, peso que permite o mergulho do balde, gancho que vira o balde, corda ou corrente, sarilho que é o eixo onde a corda ou a corrente vai sendo enrolada e o sarilho pode ser com ou sem trava, as sustentações laterais que podem ser na espécie de forquilha, manivela e ainda a tampa. Em muitos casos o sarilho é substituído por roldana.
Lembro-me ainda que os construtores de poços mais conhecidos foram Bernardino dos Santos Marques (Seu Bejo), Olimpio Gomes e Maciel Carvalho.
Na morada da minha vó Estefânia Nascimento Antunes havia um poço com profundidade de uns cinco metros onde a água era bem fresquinha e dentre a finalidade principal o poço também servia como uma espécie de geladeira onde, por exemplo, eram colocados litros com leite que ficavam “geladinhos” para ser servidos com abóbora nas sobremesas nas refeições.
Além destes poços tradicionais existem por aqui os poços que são chamados de artesianos. Esta designação de artesiano vem desde lá do século XII e deriva do nome da cidade francesa de Artois. Sabe-se, através da história que no ano de 1126, foi perfurado com sucesso, pela vez primeira, um poço desta natureza.
Pena que, após a chegada da água encanada aqui, muitos e até mesmo por comodismo, usaram os poços de captação d’água como fossas dos banheiros e das cozinhas contribuindo assim, com o passar dos anos, para a contaminação do nosso lençol freático causando prejuízo ao meio ambiente.
Portal: Escritor João Antunes poeta, historiador e compositor
Facebook = João Carlos Oliveira Antunes
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