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02/02/2018 14:02


Música Missioneira, ou identidade musical missioneira?

       Após a guerra guaranítica, e com a expulsão definitiva dos Padres Jesuítas do domínio português e espanhol, os índios que por aqui ficaram aos poucos foram se tornando peões de estância, apresentando os conhecimentos adquiridos nas reduções jesuíticas. Vale lembrar que a tribo Guarany dos Sete Povos era bilíngüe. A partir de 1801 com a retomada da região pelos portugueses José Borges do Canto e Manoel dos Santos Pedroso, os índios passaram a ser ‘trilíngues’, pois incorporaram o português. O viajante Hemerito Veloso da Silveira afirma que, apesar de falaram o português e o espanhol, os índios cantavam na sua língua mãe, o Guarany. 
       Este cancioneiro Guarany passa a ter uma importância ímpar na história musical, não só do Rio Grande do Sul, mas da Argentina, Paraguai e Uruguay. Através do canto, repassa as novas gerações suas experiências, suas desilusões e sua visão pessoal de tudo que ocorria. Para muitos, nesta oportunidade surge o ‘homem que canta triste’. Com o passar dos anos, poetas e payadores levam ao som da guitarra este sentimento. Porém o mercado musical brasileiro, assim como a historiografia, renegava a história das missões dos Sete Povos. Portanto, qualquer assunto que abordasse o tema missões, seria relegado a um segundo ou terceiro plano. 
       Entretanto, Oswaldo Aranha já afirmava que ‘a tradição é a experiência dos povos consagrada pelo tempo’. E desta forma ocorreu na região das Missões, quando um jovem, descendente de Guaranis, recebe pela tradição, no seio familiar, os primeiros conhecimentos da cultura nativa. Seu nome: Noel Borges do Canto Fabricio da Silva, ou apenas, Noel Guarani. Aprende sozinho o idioma guarani, bem como a tocar, compor e cantar a língua indígena. Resolve viajar pela América em busca de conhecimentos do folclore, repartindo com os demais o ritmo inconfundível de suas milongas. Conhece em suas andanças intelectuais, folcloristas, peões e descendentes de guaranis. Retorna as Missões espalhando ânsias de cantar a sua terra. Semeia idéias e encontra ressonância em Jayme Caetano Braum, Cenair Maicá e Pedro Ortaça, formando um quarteto que mais tarde seria ‘batizado’ de ‘Os Troncos Missioneiros’. Este grupo dá vozes aos excluídos, reafirmando a necessidade de cantar com objetivos, numa temática social que seguia o rastro dos poetas contestadores da argentina, Atahualpa Yupanqui, Mercedes Sosa, Horacio Guarany, etc....fazendo nascer, desta forma a ‘identidade musical missioneira’, que apresenta, além da música alegre, a denúncia, o protesto e o registro do passado de um povo esquecido: o povo guarani. 
       Desta forma, cabe a seguinte questão: Será que estamos apresentando em nossos festivais de musica nativa,  trabalhos com ‘identidade musical missioneira’, contemplando aspectos sociais ou apenas obras que expressam um missioneirismo pujante pela territorialidade e historicidade. 
(fonte de pesquisa: NOEL GUARANY – Destino Missioneiro. Chico Sosa)
        “Alguém deve rever, escrever e assinar os autos do passado, antes que o tempo passe tudo a limpo”. (Cora Coralina) 
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