O Hino do estado do Rio Grande do Sul já foi chamado de Hino da República, Hino Nacional, Hino de 35 e Hino Farroupilha, mas o nome que ficou famoso foi de Hino Rio-grandense. Oficialmente existe o registro de três letras para o hino, desde os tempos do Decênio Heróico até aos nossos dias. Num espaço de tempo de quase um século foram utilizadas três letras diferentes, até que finalmente foi resolvido, por uma comissão abalizada, que somente um deles deveria figurar como hino oficial. A história real do Hino começa com a tomada da então Vila de Rio Pardo, pelas forças revolucionárias farroupilhas. Ocasião em que foram aprisionados uma unidade do Exército Imperial, o 2° Batalhão, inclusive com a sua banda de música. E o mestre desta banda musical era Joaquim José de Mendanha, mineiro de nascimento que também foi feito prisioneiro, ele era um músico muito famoso e considerado um grande compositor. Após a sua prisão ele, Mendanha, teria sido convencido a compor uma peça musical que homenageasse a vitória das forças farroupilhas de 30 de abril de 1838, no “Combate de Rio Pardo”. A música era muito festejada entre farroupilhas e populares àquela época. Quase um ano após a tomada de Rio Pardo, foi composta uma nova letra e que foi cantada como Hino Nacional, o autor deste hino é desconhecido, oficialmente ele é dado como criação de autor ignorado. O jornal “O Povo”, considerado o jornal da República Rio-grandense em sua edição de 4 de maio de 1839 chamou-o de “o Hino da Nação”. Após o término do movimento apareceu uma terceira letra, desta vez com autor conhecido: Francisco Pinto da Fontoura, vulgo “o Chiquinho da Vovó”. Esta terceira versão foi a que mais caiu no agrado da alma popular. Um fato que contribui para isto foi que o autor, depois de pronto este terceiro hino, continuou ensinando aos seus contemporâneos o hino com sua letra. A letra deste autor é basicamente a mesma adotada como sendo a oficial até hoje, mas a segunda estrofe, que foi suprimida posteriormente, era a seguinte:
Entre nós reviva Atenas
Para assombro dos tiranos;
Sejamos gregos na Glória,
E na virtude, romanos.
Em 1933, ano em que estavam no auge os preparativos para a “Semana do Centenário da Revolução Farroupilha”. Nesse momento um grupo de folcloristas resolveu escolher uma das versões para ser a letra oficial do hino do Rio Grande do Sul.
A partir daí, o Instituto Histórico contando com a colaboração da Sociedade Rio-Grandense de Educação, fez a harmonização e a oficialização do hino. O Hino foi então adotado naquele ano de 1934, com a letra total conforme fora escrito pelo autor, no século passado, caindo em desuso os outros poemas.
No ano de 1966, o Hino foi oficializado como Hino Farroupilha ou Hino Rio-Grandense, por força da lei 5213 de 05 de janeiro de 1966, quando foi suprimida a segunda estrofe.
Muitos gaúchos sabem cantar o hino, mas poucos sabem o significado dos versos. O hino pode ser traduzido da seguinte forma:
O que diz:
Como a aurora precursora
do farol da divindade,
foi o vinte de setembro
o precursor da liberdade.
O que quer dizer:
O autor faz, nessa estrofe, uma referência ao início da Revolução Farroupilha, movimento que iria criar condições, mais tarde, em 1836, para a criação da República Rio-grandense, tornando livre a província em relação ao império brasileiro.
O que diz:
Mostremos valor constância,
nesta ímpia injusta guerra,
sirvam nossas façanhas
de modelo a toda a terra.
O que quer dizer:
O autor faz um chamamento aos farroupilhas de então para que seus atos, naquela guerra cruel e desumana, demonstrem os valores que os caracterizavam, como coragem, brio e, sobretudo, permanente disposição para a conquista de seus ideais de república e de federação. Injusta seriam a guerra e a situação que o Rio Grande do Sul estava sendo submetido pelo tratamento recebido do Império.
Numa proposta de efeito, apontam seus atos heróicos como exemplos a serem seguidos.
O que diz:
Mas não basta para ser livre
ser forte, aguerrido e bravo,
povo que não tem virtude acaba por ser escravo.
O que quer dizer:
O Hino Rio-grandense afirma a necessidade do cultivo de valores virtuoso para que um povo se mantenha em liberdade, por meio da manutenção da capacidade de decidir segundo seus próprios valores.
A utilização da palavra escravo está no sentido figurado, sendo o vício entendido como o oposto da virtude, como o fator escravizante. O escravo também seria a forma como o sul rio-grandense ficaria sendo tratado e submetido aos desmandos do Império, caso não houvesse tomado alguma atitude por parte dos farroupilhas. .
É preciso saber interpretar e compreender o tempo em que houve a composição, entendendo que o hino é importante para a cultura gaúcha, não atingindo nenhuma classe de pessoas, sendo considerado até hoje um dos mais belos hinos do Brasil.
Fonte:
História do Rio Grande do Sul, regionalismo gaúcho