Desde o inicio da colonização do atual território do Rio Grande do Sul, o lenço acompanhou a evolução da indumentária gaucha, tornando-se parte essencial.
No Inicio as tribos indígenas, que habitavam nossas terras, especialmente os Charruas, Jaros e Minuanos, prendiam os cabelos compridos com tiras de imbira ou couro de pequenos animais (vincha). Com a chegada dos padres Jesuítas, foram então introduzidos os tecidos aqui na província, e ao confeccionarem suas roupas, como sempre sobravam algumas retalhos, trocaram as tiras de imbira, pelas de tecidos.
Com a chegada das colonizações espanhola e portuguesa surge o costume de cortar os cabelos, não sendo assim mais necessário o uso da fita de tecido, porém o tecido tinha outras utilidades como limpar o suor do rosto, tornando-se indispensável para o dia-dia. Com o tempo, então desce da cabeça para o pescoço, no começo com as pontas para trás, então entendemos que o lenço de pescoço não surgiu como um adorno, mas sim da evolução da vincha. Uma Outra versão, seria a evolução do lenço-gravata usado nas cortes europeias e simplesmente copiado pelo gaúcho.
Sua maior afirmação ocorreu quando foi adotado politicamente como designativo de cor partidária, e até o modo de atá-lo ao pescoço, surgindo assim o lenço gaúcho atado no pescoço e solto ao peito, passando a ser instrumento de identificação, de companheiros ou inimigos eram reconhecidos a distância pela cor dos lenços.
O lenço que os Farrapos usaram não tinha grande representação politica, porém usavam preferencialmente o lenço vermelho, atado de maneira própria como símbolo de seu grupo. Eram lenços de seda, estampados no centro com emblemas e legendas, celebrando os feitos, e ficaram conhecidos como “lenços farroupilhas”, dos quais existem alguns exemplares hoje em museus.
No início da Revolução de 1893, os republicanos ou Pica-´paus usavam o lenço de cor verde, significando a cor do positivismo, porém, com o tempo utilizaram o lenço de cor branca e enfrentaram os federalistas ou maragatos que usavam o lenço vermelhos ( Gumercindo Saraiva, líder maragato, que tinha sua origem no Partido Blanco do Uruguai, usava o lenço branco). Em 1923, o lenço vermelho identificava os maragatos (revolucionários) e o lenço branco identificava os chimangos (governo).
O lenço preto significa o luto, uma vez que, durante as revoluções os soldados não podiam deixar de guerrear pela morte de um parente ou ente querido, por isso, atavam um lenço preto em seu pescoço e seguiam a cumprir sua sina. Atualmente, além das cores tradicionais, temos os lenços enxadrezados conhecidos também por “carijós”, encontram-se nas cores vermelho e branco, e eram usados nas revoluções como simbolo de isenção política.