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CONDUÇÃO DA TROPA



    LICURGO PANTALEÃO velho tropeiro na lida dizia ao filho:
    “Filho de tropeiro, ou se aquerencia como peão na estância, ou segue a sina de tocar a tropa, esse é o destino de quem não tem eira nem beira, mas há de encontrar gosto pelas coisas do campo. Caso não pegue gosto, se aventura no mundo, mas tem que abandonar o lombo de um cavalo”..
    "Guri, precisa ser vaqueano, se mantém sempre atrás da tropa, assim evita de ficar animais no caminho, tem que estudar o itinerário, conhecer as pastagens, as aguadas, as encerras de tropas, tem a confiança do patrão, das despesas, das perdas, tem que ter as manhas de uma tropeada..
    Quando toca a tropa, tem que saber o que vem na frente, saber a hora de parar, do gado pastar..
    Se for no verão marchará a noitinha, madrugada fresca, com paradas curtas, trate bem a boiada, trate bem a peonada, tem que separar o gado na condução, se for tropeada longa, caso de seis dias é uma conduta, se for curta é outra..
    Conhecer o pasto, cuidado com o envenenamento do gado, tem pastos traiçoeiros, como o mio-mio..
    Separa o gado fraco, doentes, se tem reses que não vão aguentar a marcha, ou deposita num campo, use como moeda de troca, carneie se for necessário o couro vale o mesmo preço de um couro de vaca gorda..
    Divida a tropa, não forme número maior que 500 cabeças, a marcha fica lenta, caso perca o controle vai ter muito extravio se for em campo aberto..
    O tropilheiro é o gaúcho que cuida da cavalhada e vai na frente da tropa..
    Separe as vacas com cria, essas caminham pouco mais de 3 léguas, o mesmo que o gado gordo..
    Se tiver vaca prenha, leve uma carreta, pois se der cria no caminho, coloca-se o terneiro no carro..
    Não se deve juntar tropas de novilhas com vacas de cria, nem gado gordo com gado magro e fraco.O gado mais leviano vai na frente.
    Não deixar touros viajarem juntos..
    Quando tiver que passar num rio profundo, passe o gado por lotes, o gado sofre muito com fortes nado, não deixe o rebanho exausto. Geralmente se põe um animal sinuelo e manso na frente para passar e encorajar os outros..
    Toda a tropa tem que ter um ponteiro.
    .Quando a tropa é braba, o vaqueano tem que quebrar ela para não disparar redemoinhando em volta, sempre metendo o cavalo no meio, que aí desnorteio o grupo..
    Cuidar os animais ariscos, quando fora da sua rotina ficam ariscos, assustadiços.
    Cuidar no repouso da tropa, não deixar no campo aberto, pois uma trovoada, um rugido no mato, barulho estranho pode causar um desastre, pois se o gado dispersar campo a fora o prejuízo é grande..
    O número de peões dependerá da quantidade de animais, mas o comum é para cada 100 animais dois homens 1 capataz e 1 peão, assim uma tropa de 500 animais terá 1 capataz e 5 peões, porém caso tenha um arroio profundo, é bom levar mais peões..
    Distância curta, um peão e dois cavalos para muda, distância longas, de 3 a 5 cavalos, para não cansar..
    Tropeiro prevenido, leva seu poncho, mantimentos, cambona, panelas, trempe que vai na carreta. Caminhadas longas, exige conhecimento na lida"..
    Fonte:
    Prof. Beraldo Figueiredo
    Rumo do Campo – Pedro Luis Osório
    Fonte : Pampa sem Fronteira

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