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01/08/2017 18:01


Carijada no Instituto Farroupilha, Campus SA, Região Missões.

Nossa cultura, nossos costumes são o fruto de uma mistura de origens a adaptações que impressiona aos mais renomados historiadores. Protegê-las e orientar que as novas gerações conheçam e compartilhem este conhecimento é mais do que louvável aos professores é o verdadeiro espírito do gaúcho, do chimarrão que nos leva à interatividade e ao encontro com “nós mesmos e nossos ancestrais” como diria  Jayme Caetano Braun.
Instituto Farroupilha Campus Santo Ângelo (IF Farroupilha SAN) desenvolveu e aplicou uma atividade didática que mobilizou não só os alunos e suas famílias, mas também outros órgãos de ensino, representantes de instituições e empresários da Região das Missões.  
A idealizadora da atividade foi à professora Bedati Finokiet do UFFS Cerro Largo A proposta de pronto foi abraçada pelo IF Farroupilha SAN sob a coordenação da Professora   Maria Aparecida LuccaIvan Preuss, apoiada pelos colegas Valdair JacquesAmarílio MelloLuis Loose e toda a comunidade do IF Farroupilha SAN que, de uma maneira direta ou indireta souberam aproveitar e auxiliar na realização deste evento que,  na sua quarta edição (4ª), torna-se muito popular nas atividades de toda a região missioneira. Além da participação do Cacique Anildo Ama Selyna e membros da Tekoá Piaú (Comunidade Guarani de Santo Ângelo).
O objetivo do Projeto de Extensão “Carijada: tempo e espaço de identidades busca promover ações de respeito à identidade e inclusão, entre os alunos do IF Farroupilha e  valorizar os saberes e fazeres tradicionais, resgatando a prática da produção artesanal de erva-mate como era feita antigamente. 
Os cursos das mais diversas áreas participaram e o que era para ser uma aula, instrução efetuada em campo, tornou-se um evento, um exemplo socioeducativo admirável. A seguir imagens da 4ª Carijada no Instituto Farroupilha SAN.
Vídeo: Carijada, método tradicional de fazer Erva Mate persiste na Missões. 
Imagens 4 Carijada no Instituto Farroupilha, Campus SA. 
Notícia: Carijada no Instituto Farroupilha, Campus SA, Região Missões. 

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Mistério do Chimarrão.

Carijo ou Carijada é o nome que se dá ao modo tradicional da produção de erva mate.  Este método era muito utilizado antigamente para a produção de erva-mate.  No entanto, em função da produção intensa da soja na região missioneira, os ervais nativos foram sendo extintos e esta prática sendo esquecida pelas populações mais jovens.
Entre os guaranis, o método de produção de erva-mate é semelhante, mas, o fazem em pequenas quantidades, para consumo imediato. A produção em grande escala foi introduzida pelos descendentes de colonizadores e imigrantes. A erva deve ser colhida de abril a setembro, quando inicia o processo de floração. A partir de então, a erva-mate produzida terá um sabor amargo mais acentuado. Também, segundo a tradição, deve-se fazer a colheita durante a lua crescente.
Os imigrantes que vieram para a região apreenderam muito bem o ritual do chimarrão com os indígenas, os primeiros a utilizar a erva mate.  A erva-mate produzida nos carijos, garantem os agricultores, mantém o mesmo sabor por até um ano, se bem conservada.
Nas Missões, no início do inverno, se reúnem, cortam os ervais nativos e começam a produção. Essa tradição perdura por século. A preferência é pela planta que nasce no meio do mato, por deixar a erva mais suave. 
Carijo de erva mate crioula 
Se da uma chamuscada na labaredas do gogo nos galhos e depois se separa os galhos pequenos, desfolhando os grande ramos.
    A primeira etapa é montar o carijo, uma espécie de estrado, com cerca de um metro de altura onde a erva mate será disposta. A seguir, faz-se a colheita,  transporte e sapeco  que cosniste em passar os galhos da erva-mate nas labaredas. Este momento é crucial que define o sabor da erva. O objetivo é que o calor passe entre as folhas, sem queimá-las, nem deixá-las “cruas”. A seguir, montam-se os “macacos”, que são pequenos feixes de erva amarrados com cipó. Os “macacos” serão dispostos sobre o carijo, com as folhas para cima. No carijo se dá a secagem da erva, num processo que leva até 18 horas.  O fogo precisa ser calmo para que a erva seque com o vapor e não com o calor das labaredas, por isso, parte da lenha deve ser verde. Neste intervalo de tempo, na vigilia da secagem, acontece o carteado, a roda de viola e de causos, o encontro entre vizinhos, familiares e amigos, sem descuidar do carijo. É preciso ter um balde de água, com uma caneca, para ir controlando o fogo, pois se uma fagulha atingir os galhos, o carijo facilmente incendeia.  Após a secagem, é feito o cancheamento das folhas, que é uma quebra dos galhos para , finalmente, triturar a erva-mate nos pilões ou em soques e, então, sorvê-la em um saboroso chimarrão.
Após o corte Inicialmente, é disposta com a folha para cima, amarrada em pequenos ramos. Logo após, o fogo é feito todo ao redor dessa estrutura: esse é o chamado carijo. Essa etapa é muito importante, pois já se define o sabor da erva: se a lenha estiver verde ou molhada, pode ficar cheiro e gosto de fumaça no produto final. Esse processo pode durar até 2 dias. O pessoal passa noites em claro cuidando do fogo, quando começa a secar a erva pode facilmente pegar fogo.
As famílias se reúnem ao redor do fogo e passam horas agradáveis. Sai até um jogo de cartas e, claro, um churrasco, um carreteiro... 
Na verdade, o carijo era antigamente um rancho coberto de macega, tendo os dois lados abertos e no seu interior é que se montava a grade para sapecar a erva. A erva secada por esse processo leva o nome de Erva Carijada. A secagem desta forma a expõe à fumaça e lhe confere um cheiro e gosto característicos.
Logo após a secagem, as famílias também fazem o outro processo que é o soque da erva. Em pilão, com duas pessoas no trabalho, hoje é usado o batedor de feijão ligado ao trator para a primeira moída na erva.  Em seguida o produto é cancheado, também de forma artesanal, num chancheador ou sóque, tocado à roda d’água .
Segundo os produtores, COMO NÃO TEMOS NOTÍCIA DE ALGUÉM QUE FAÇA ERVA DE CARIJO...
“Não dá lucro, nem se pensa nisto”, diz Cacique Anildo Ama Selyna, “a gente sópensa ainda nos costumes. Uma erva crioula, sem aditivos e açúcar e com sabor único.”  
Segundo a professora Maria Aparecida Lucca, do Instituto Farroupilha, Campus Santo Ângelo,  os "barbaquás de carijos" eram muitos comuns e produziam grande quantidade de erva mate. O produto beneficiado abastecia o mercado regional e até outros Estados, sendo uma atividade comum até poucos anos atrás. Hoje é importante como matéria didática para os alunos pois envolve inúmeros ângulos de aprendizado, além de ser uma atividade de campo i o Instututo ter uma ótima area com arvores de erva mate e o curso de tecnico em agronomia que dá o suporte para a Carijada. A proposta se insere na atuação do Instituto Farroupilha Santo Ângelo que trata dos projetos sociais na linha de Grupos Sociais Vulneráveis, não só porque promove o respeito à identidade daquele grupo de índios, mas também o intercâmbio de saberes entre os alunos do Câmpus, a comunidade indígena e outros membros da comunidade missioneira que conheçam a prática.

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