Fonte : Agora no Vale / Grupo APNI/RS
Em Teutônia iniciativa está ajudando famílias carentes que estão sem recursos por causa da crise gerada pela pandemia do coronavírus
Ao ver a dificuldade financeira de algumas famílias do município, a partir da falta de renda e emprego causadas pela pandemia, a gastrônoma e médica psiquiatra Michele Valent resolveu compartilhar sua plantação. Agricultora urbana por vocação ela cultiva em uma área de 600 metros quadrados mais de 300 espécies de plantas, comestíveis o não.
Após pesquisar que o leite era um dos produtos que mais carecia na mesa dos mais pobres, ela decidiu trocar mudas das suas plantas por leite. Toda semana ela deposita no portão de casa um feixe de mudas, e recolhe caixinhas de leite que vão para uma cozinha comunitária de Teutônia.
“Uma amiga minha começou a coletar doações para famílias carentes, e ao falar com ela, percebi que leite era um produto muito necessário”, recorda Michele.
Desde então – por volta do mês de março do ano passado – ela deposita mudas de plantas no portão de casa, no Bairro Languiu. Em troca, recolhe leite que vai para uma cozinha comunitária do Bairro Canabarro. Lá, uma vez por semana, voluntários se reúnem para cozinhar para quem tem fome e não tem comida em casa.
O projeto na cozinha comunitária é tocado pela pastora evangélica luterana Cristiane Echelmeier. “Na comunidade também há uma horta, que já fez doações até para o Hospital Ouro Branco. Estamos formando um grupo muito bonito para ajudar a todos que precisam”, avalia Michele.
Já em sua casa, no Bairro Languiru, Michele segue com sua troca. Toda semana renova o plantel de mudas que coloca no portão de casa, à espera dos litros valorosos de leite. Entre as plantas doadas estão todos os tipos. Flores, chás, ornamentais, árvores, comestíveis convencionais, assim como as que não são, como a ora-pro-nóbis.
A planta que é rica em proteína, tendo mais da substância que a própria carne. Como a variedade na agricultura urbana de Michele é igualmente grande, a ora-pro-nóbis, o bife do pobre, está entre as doações já ofertadas. “Iremos seguir com a arrecadação pois ainda existe uma dificuldade muito grande para algumas famílias”, explica.
Por acreditar nas pessoas e na possibilidade de um mundo melhor, a psiquiatra que mora há 16 anos em Teutônia sonha com uma sociedade que compartilha. Por ser uma agricultora urbana, que no conceito moderno sobre a produção rural no núcleo da cidade, Michele acredita no projeto de hortas comunitárias e compartilhadas.
A semente plantada na comunidade evangélica do Bairro Canabarro poderia ser espalhar, por outros pontos de Tetuônia e do próprio Vale do Taquari. “Imagina se pudéssemos interligar estas horas por ciclovias, assim a colheita poderia ser totalmente sustentável”, propõe.