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07/01/2019 15:49


TANTOS UNS

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA “TANTOS UNS” – UM OLHAR SOBRE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, REALIZADA NO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª. REGIÃO
“...são tantos, tantos, tantos uns, que trazem no peito um coração que bate como tantos, tantos, tantos outros”. (Gabriela Milani Leal).
Não é mais suficiente aceitar a pessoa com deficiência e compreendê-la; é preciso aprender a se relacionar com o “diferente”. Só assim, nossas atitudes poderão auxiliar o desenvolvimento neuropsicomotor-social e cultural das pessoas com deficiência, evitando a maximização da deficiência e, mais importante, promovendo a equiparação de oportunidades.
Estamos em processo assimilatório de uma nova perspectiva para o conceito da vida humana. Quanto mais flexível for nossa análise, mais facilmente obteremos respostas positivas às indagações que visam atingir a inclusão. 
Como cidadãos e cidadãs que buscam compreender a vida humana como um todo, não podemos deixar nosso olhar se impregnar pelas definições das deficiências e das patologias. Sem negá-las, é importante colocá-las nos seus devidos lugares: como traços, possibilidades, um ponto, um nó num todo muito maior e complexo que é a vida humana. 
Não dialogamos com a pessoa com deficiência e, sim, com a pessoa que traz, numa constelação de traços, capacidades e qualidades infindáveis, uma limitação.
Na peça Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, o personagem traz repetidamente a ideia central: Qual é o meu papel no mundo? E depois de saber o meu papel, como viver esse meu papel no mundo!?
Estamos sempre aprendendo, e quem consegue mudar a própria forma de pensar, tem grandes chances de ser, também, um agente de mudanças; desempenhar um papel no mundo: algo que eu sempre almejo ao me deparar com tanto preconceito, descrença, barreiras e rótulos. Presumir competência significa respeitar as diferenças, sem rebaixar a crença nas possibilidades de aprendizagem sobre tudo que nos cerca. É respeitar a dignidade inerente à autonomia e independência. É participar de forma plena e efetiva no fomento à produção e à difusão de estratégias, mecanismos, experiências e conhecimentos que colaborem para qualificar a inclusão na gestão de políticas.  
É não falar SOBRE eles, como se não estivessem ali, mas falar COM eles, em uma gestão democrática e partilhada. De todas as possíveis estratégias, inferir que são plenos de capacidade e buscar os apoios e recursos necessários é certamente nossa melhor aposta. E preparem-se para se surpreender!
E, SIM, esta é uma realidade também por mim enfrentada, desde que Deus colocou o desafio de ser mãe do João Henrique na minha vida. Uma linda criança com deficiência. João é autista e vi que mudar de olhar e assim, mudar um pouquinho o mundo a minha volta, era o meu papel neste mundo! 
E como desempenhar este papel? Percebendo a vida sob um prisma diferente, nunca antes imaginado. Amando, mas sofrendo pela incompreensão da sociedade, pelo preconceito das pessoas, pelos olhares diferentes, pelo despreparo das instituições e profissionais, pela falta de oportunidades e por tantas outras dificuldades. Aprendendo a enfrentar meus medos e minhas próprias limitações. 
Mas também lutando por melhores condições de acessibilidade, aceitabilidade e inclusão social, proclamando atitudes e ainda protestando políticas públicas, na busca incessante que a sociedade se permita ser tocada pelas diferenças e olhe para os indivíduos com os olhos do coração. 
O reconhecimento dos diversos recortes dentro da ampla temática da diversidade cultural (negros, índios, mulheres, pessoas com deficiência, homossexuais, entre outros) coloca-nos frente a frente com a luta desses e outros grupos em prol do respeito à diferença. 
E, mais importante, uma sociedade comprometida com uma gestão humanitária, conduz ao aprendizado, por todos nós, que as lutas dos diferentes segmentos sociais são lutas que convergem, porque se destinam a garantir, em última análise, o exercício da nossa dignidade plena como seres humanos plurais que somos.
Nas palavras da servidora do TRF e fotógrafa, “é tempo de compreender o diferente, de evoluir, de romper estigmas. Nem herói, nem incapaz, a pessoa com deficiência é apenas uma no meio de tantos uns”.
RAQUEL NENÊ SANTOS, mãe do João Henrique, 12 anos, Autista, Juíza do Trabalho Titular da 2ª. Vara do Trabalho de Santa Rosa e Coordenadora do Comitê Gestor de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do TRT da 4ª. Região.

Ricardo Kemper
Fone/whats (55)99101-8557

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