26/08/2019 14:13
Paixão Cortes o Modelo Gaúcho
Conhecido como o homem que descobriu o verdadeiro gaúcho. Nome completo João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes, nascimento em 12 de julho de 1927, Santana do Livramento, completará 91 anos é definido como folclorista, compositor, radialista e pesquisador das tradições e cultura gaúcha mas sua formação é em Agricultura, falece em Porto Alegre dia 27 agosto 2018.
Autor de uma vasta discografia.
Como agrônomo foi responsável pela abertura de mercado da ovelha no Rio Grande do Sul. Touxe da Europa novos métodos e tecnologias de tosquia, desossa e gastronomia, além de incentivar o consumo de carne ovina.
Como folclorista
Paixão Côrtes é um personagem decisivo da cultura gaúcha e do movimento tradicionalista no Rio Grande do Sul, do qual foi um dos formuladores, juntamente com Luiz Carlos Barbosa Lessa e Glauco Saraiva, partiram para a pesquisa de campo, viajando pelo interior, para recuperar traços da cultura do Rio Grande.
Em 1948, organizou e fundou o CTG 35 e, em 1953, fundou o pioneiro Conjunto Folclórico Tropeiros da Tradição.
Em 1956, Inezita Barroso gravou as músicas tradicionais gaúchas Chimarrita-balão, Balaio, Maçanico e Quero-Mana, Tirana do Lenço, Rilo, Xote Sete Voltas, Xote Inglês, Xote Carreirinha, Havaneira Marcada, recolhidas por Paixão Cortes e Barbosa Lessa.
Em 1958, apresentou-se no Olympia de Paris, no palco da Universidade de Sorbonne, no Hotel de Ville, no Teatro Alhambra, além de clubes noturnos e cabarés. No mesmo ano foi convidado por Maurício Sirotsky para apresentar o programa Festança na Querência na Rádio Gaúcha, que ficou no ar até 1967.
Em 1962, Inezita Barroso gravou as composições Tatu e Pezinho, recolhidas por Paixão Côrtes e Barbosa Lessa. No mesmo ano, recebeu o prêmio de Melhor Realização Folclórica Nacional. Em 1964, apresentou-se na Alemanha, na Feira Mundial de Transportes e Comunicação, na cidade de Munique. Recebeu ainda, no mesmo ano, o prêmio de Melhor Cantor Masculino de Folclore do Brasil.
Em 1986, apresentou-se durante um mês na Inglaterra, divulgando traduções de seus livros para o inglês.
Em 1992, a Estátua do Laçador, do escultor Antônio Caringi, para a qual Paixão Cortes posou em 1954, foi escolhida como símbolo da cidade de Porto Alegre.
Em 2001 proferiu palestra sobre a música gaúcha no VII Encontro Nacional de Pesquisadores da MPB, realizado no Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Em 2003 lançou seu novo manual, com mais danças, derivadas do primeiro. Por exemplo, Valsa da mão trocada, Mazurca Marcada, Mazurca Galopeada, Sarna, Grachaim.
Em 2010 é escolhido patrono da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre. Recebeu também a Ordem do Mérito Cultural.Faleceu no dia 27 de Agosto de 2018 aos 91 anos às 16:05 no Hospital Hernesto Dorneles em Porto Alegre.
O Florense: O Sr. se orgulha mais de ser gaúcho, do que brasileiro?
Paixão: Não, não... eu sou brasileiro. Tenho minha Pátria maior, mas tenho consciência das minhas origens e estudo permanentemente para descobrir mais e mais valores.
O Florense: É um equívoco, então, a exaltação, tão comum aos gaúchos, sobre as características de sua população em relação aos outros brasileiros?
Paixão: Isso é gauchada... motivada por uma necessidade de auto-afirmação de quem não entrou no desenvolvimento cultural e social do Rio Grande de hoje, que é de um povo integrado aos princípios nacionais. Agora, se os princípios, as filosofias, os líderes nacionais não são tão nobres como nós gaúchos desejávamos, isso é um outro problema.
O Florense: A partir disso, tem muita gente que defende a ideia separatista. O que o senhor pensa a respeito?
Paixão: As ideias separatistas de hoje não passam de momentos, uma nuvem que passa para pessoas que não estão integradas ou que não se propõem a se integrar e que não trazem contribuição para a solução dos problemas, ficando num diletantismo político, estéril, diante de uma realidade que exige consciência de suas raízes e atitudes dignas para o desenvolvimento do Estado, do município, da sociedade. Não é apelando para o passado que vamos justificar a necessidade de ser diferentes dos outros.
Fonte Estância Virtual
Depoimentos:
Carlos C. Paixão Côrtes (filho de J. C. Paixão Côrtes)
VAI PRA CASA PAIXÃO CÔRTES.
Ao completar 90 anos, Paixão anuncia afastamento: "É hora de descansar! Que as novas gerações sejam responsáveis pelos novos frutos!" Após longos dias no hospital, Paixão Côrtes anuncia fim de vida pública. João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes nascido em Santana do Livramento, fronteira seca do Rio Grande do Sul com Rivera (Uruguai), em 12 de julho de 1927, é Engenheiro Agrônomo, folclorista, radialista e dedicado pesquisador da cultura, hábitos e costumes populares do Rio Grande do Sul e do Brasil, os quais registrou em dezenas de publicações e discos. Formado em Agronomia, teve sua vida profissional ligada a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul onde desenvolveu trabalhos ligados a Ovinotecnia, em destaque a introdução da tosquia australiana e a tipificação de carcaças. Em 1947, liderou os estudantes que fundaram o Departamento de Tradições Gaúchas do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos em Porto Alegre, célula-mater do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Esse núcleo estudantil foi o centro agregador para um grupo de jovens que protagonizaram pioneiramente momentos marcantes na história do tradicionalismo. Ele e sete companheiros, trajados e montados tipicamente à gaúcha, algo inédito na época, formou o "Piquete da Tradição" que desfilou, em Porto Alegre, fazendo a guarda de honra da urna funerária dos restos mortais do general farroupilha Davi Canabarro. Este Departamento criou, durante a primeira Ronda Crioula, uma série de solenidades culturais e cívicas que deram origem aos símbolos da Chama Crioula e do Candeeiro Crioulo, e inspirou a criação da Semana Farroupilha. Participou ativamente do grupo, onde estavam presentes Barbosa Lessa e Glaucus Saraiva, que fundou o “35 Centro de Tradições Gaúchas”, o primeiro CTG, compondo a primeira diretoria como Patrão de Honra. Estima-se que existam mais de 4.000 entidades gauchescas de diferentes constituições (CTGs, piquetes, grupos de danças, conjuntos musicais, etc) que congregam cerca de cinco milhões de pessoas no Rio Grande do Sul, em quase a totalidade dos estados do Brasil, e em diversos países da Europa, da América do Norte, e da Ásia. Seu trabalho foi reconhecido pelo povo do Rio Grande do Sul, ao ser escolhido por voto espontâneo, como um dos “Vinte Gaúchos que Marcaram o Século XX” , colocando-o entre exponenciais figuras como Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, João Goulart, Érico Veríssimo, Mário Quintana, Barbosa Lessa e outras personalidades. Nacionalmente foi distinguido, pelo, então, Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, com a Comendo da “Ordem ao Mérito Cultural”, por serviços prestados à cultura brasileira. Do Governo do Estado do Rio Grande do Sul recebeu a "Medalha Negrinho do Pastoreio", como reconhecimento por serviços prestados à cultura, e a "Medalha Assis Brasil", em destaque por seu trabalho em prol da agropecuária. Por sua atuação nos mais diversos segmentos, igualmente recebeu significativas homenagens e distinções, por diferentes entidades das áreas de ensino, da cultura, das artes, da literatura, das representações governamentais, da agropecuária, da economia, da religiosidade e da representação popular. Igualmente, empresta seu nome a Museu, a CTG, a praça, e a premiações em distintos municípios gaúchos. Convidado pelo consagrado escultor Antônio Caringi, em 1954, Paixão Côrtes teve a honra de posar, com suas roupas campeiras e laço de 14 braças, para o artista esculpir a estátua do "O Laçador", que inicialmente foi colocada em gesso na exposição em comemoração do IV Centenário de São Paulo. Em 1958, a obra escultural eternizada em bronze, foi erguida em praça pública à entrada de Porto Alegre, sendo deslocada, em 2007, para o "Sitio do O Laçador". Recentemente, sua Sant'Ana do Livramento homenageou-o com obra estatutária de Sérgio Coirolo, colocada na entrada da cidade, saudando o visitante da fronteira. Paixão Côrtes, que iniciou suas pesquisas folclóricas junto com Barbosa Lessa ainda no final da década de 40, desenvolveu um notável trabalho de "garimpagem" junto ao genuíno homem do campo por perdidos rincões do estado gaúcho. No transcorrer do tempo, necessitou custear, as expensas próprias e sem auxílio de qualquer órgão governamental, os filmes, as fitas magnéticas e os equipamentos - gravadores, filmadoras, e máquinas fotográficas, utilizados para registrar um fértil manancial da cultura popular gauchesca. Deste trabalho com pesquisador no nosso estado, em outros estados brasileiros, e em diversos países da América Latina e da Europa, resultou um acervo de milhares de slides, de centenas de fitas gravadas, de horas de filmes em super 8 e em VHS, de raros registros fonográficos da "Casa A Eléctrica" pioneira produtora do selo gramofônico "Discos Gaúchos", e de inúmeros documentos sobre os hábitos e costumes rio-grandenses. Tendo como foco a divulgação deste material, colaborou com diversos artigos para jornais e revistas, apresentou teses aprovadas em Congressos Tradicionalistas e de Pesquisadores da Música Brasileira, palestrou em simpósios e encontros culturais, participou de programas de rádio e televisão, colaborou com documentários, entre outras atividades culturais. Profissionalmente realizou cursos sobre tradição, folclore e danças tradicionais, ensinou professores em especializações em faculdades, realizou espetáculos de danças, e como radialista utilizou seus programas de rádio, ao longo de quatro décadas para propagar seus estudos e para oportunizar espaço para manifestação da cultural popular do homem do campo. Desenvolveu nas últimas décadas, o Projeto MOGAR - Momento Gauchesco Artistico-Cultural Rio-grandense, no qual editou, com textos e fotos do seu acervo pessoal, cerca de quatro dezenas de livros, opúsculos, folhetins, e folders, num total de 350 (trezentos e cinquenta) mil publicações que estão sendo distribuídas gratuitamente para enriquecimento cultural de bibliotecas públicas, de entidades educacionais, de Centros de Tradições Gaúchas, de Grupos Artísticos, de escolas, e de diversos grupos propagadores da cultura gauchesca. Assim, em 70 anos de múltiplas atividades, Paixão Côrtes, sempre foi um tropeiro cultural. Se em um momento estava em terras européias cantando e dançando a alma da sua terra, em outro estava pesquisando e resgatando as manifestações autócne do povo sulino, para, em seguida, estar transmitindo e divulgando-as pelos diversos rincões do Brasil, contribuindo, assim, definitivamente na formação da identidade do gaúcho riograndense. Chegando aos 90 anos de idade, decidiu recolher-se na intimidade do convívio familiar. Vai dar uma pausa na sua atuação como homem público pois os anos de tropeada lhe causaram desgastes de saúde. Já não consegue atender igualmente a todas as demandas e não quer preterir ninguém, mas precisa se fortalecer. Espera que compreendam sua decisão. A sua figura pública sempre foi agente de uma ideia, que foi plantada em solo fértil, e propagou nas novas gerações. Que estas sejam responsáveis pelos novos frutos. Ele segue observando, organizando e enriquecendo seu extenso acervo documental de pesquisas. O Tropeiro da Tradição agora segue "a despacito" no ritmo do seu tempo, a trançar outros tentos. Agradece a todos, as mais diferentes manifestações de carinho que continua recebendo. Porto Alegre, 02 de Julho de 2017.
Jose Dirceu Dutra Paixão Côrtes
Cortês, paixão
Um Altar da tradição
Com legado imensurável
Um ser de luz irretocável
Um expoente do Rio Grande
Cuja imagem hoje se expande
Pelo perene valor
Autêntico pesquisador
Mestre de arte e cultura
Na história a sua postura
De humildade ao conhecimento
Sereno, no seu talento
Folclorista e historiador
Escritor e conhecedor
Dos cantos, mitos e lendas
E por mais que a gente entenda
Nunca saberemos nada
Porque ele é a mente encantada
Que não morre, é imortal
E lá no Plano Espiritual
Junto com Barbosa Lessa
Nos deixam só, e em promessas
Pois não haverá outro igual.
Léo Ribeiro de Souza CÔRTES ERA CORTÊS
Muito deste meu apego ao chão nativo, desta vontade de aprender e disseminar os conhecimentos sobre nossa história, veio de Paixão Côrtes. Eu via (e continuarei vendo) nele um ícone, algo a ser seguido, homem a ser respeitado.
Ele nunca me chamou de Léo. Tratava-me por "Boca da Serra", tudo em função de um jornal voltado para a cultura gaúcha que eu mantinha com muito esforço e que trazia este nome. A partir de uma entrevista que fiz com este símbolo maior da tradição gaúcha ele passou a chamar-me assim.
Não vou aqui, neste curto espaço, enumerar os feitos de Paixão Côrtes nem tão pouco adjetivar sua personalidade. Guardarei dele a simplicidade apesar de sua grandeza, a humilde ante sua importância. Paixão era um ser aberto, afável. Côrtes era Cortês.
Meu amigo e irmão de uma Ordem Maior: Vai tranquilo porque tua missão neste plano terreno foi cumprida com louvor.
Legenda: Paixão Côrtes e o "Boca da Serra".
Léo Ribeiro de Souza: Deixou este plano terreno, por volta das 16 hs, o maior símbolo da cultura gaúcha de todos os tempos, ou seja, João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes. Ele estava enfermo no Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre, após uma queda e posterior cirurgia do fêmur, de onde originou-se uma infecção hospitalar. Há poucos dias atrás uma campanha de doação de sangue em seu favor foi lançada na internet. O folclorista, que nasceu em Santana do Livramento estava com 91 anos de idade.
O Governador José Ivo Sartori, que já declarou luto oficial de três dias no Estado, ofereceu as dependências do Palácio Piratini para as encomendações do corpo. A família ainda não decidiu o que fazer. Em seguida postaremos mais informações sobre o acontecido.
João Sampaio O RIO GRANDE E A CULTURA GAÚCHA ESTÃO DE LUTO: PAIXÃO CÔRTES VIAJOU PARA LA PAMPA DEL CIELO...
Ele foi mais do que um homem
Foi um caudaloso rio
Que corria sem parar
Na enchente ou no estio
Fertilizando a nossa CULTURA
E o nosso FOLKLORE bravio
Junto com o BARBOSA LESSA
( Cuchillo do mesmo fio !)
Um dia de peito aberto
AbraÇou o desafio
De acender uma CHAMA ETERNA
( Semente para o REPLANTIO!)
No ❣️ de todos nós
E no lume desse pavio
O RIO GRANDE é mais GAÚCHO
Porque um dia ele existiu!!
MUCHAS GRACIAS POR TUDO QUERIDO PAIXÃO CÔRTES...
César Oliveira Perdemos a alma do folclore Rio Grandense.
“O homem além do seu tempo impulsionado pelas raizes de sua origem.”
Adentra os campos celestiais o mestre Paixão Cortes.
Certamente os anjos estão abrindo as porteiras da estância do céu sorridentes ao escutar seu pachola OH DE CASA!
Querubins sarandeiam em sua volta recebendo-o de forma honorável e agradecida pela primorosa contribuição que deixou para toda a “civilização gaúcha”.
Eternamente estará “esculpido” em nossa memória a estátua viva do homem, do gaúcho imponente que com a armada do seu laço demarcou as fronteiras culturais que identificam nossa pátria.
Obrigado mestre maior, não somente definições e costumes gerastes como referências para teu povo, és o PAI DA NAÇÃO GAÚCHA RIO GRANDENSE.
Descanse em paz monarca do folclore gaúcho!
Giovani Grizotti - Repórter Farroupilha
Amigos, é com muita tristeza que noticiamos o falecimento de Paixão Côrtes, 91, um dos homens mais importantes do nosso tempo. Fundador do primeiro CTG do Rio Grande, folclorista, pesquisador de nossas danças...Ele estava internado no Hospital Ernesto Dornelles, onde se tentava se recuperar de complicações opós ter fraturado o fêmur. Disse-me há pouco seu filho Carlos: “findou o tempo do meu pai, mas seu trabalho e o carinho que as pessoas têm por ele vão continuar”. Descanse em paz, eterno Paixão! O Rio Grande chora a tua perda. Na foto, sua última visita aos estúdios da RBS TV, onde foi homenageado por artistas gaúchos
Que notícia profundamente triste para todos nós gaúchos e sul brasileiros, em plena entrada de mais um mês dos nossos festejos farroupilha um perda deste tamanho para nós. PAIXÃO CÔRTES!
Ficamos órfãos culturalmente, deixa de presente para todos nós seu legado, sua obra, seus ensinamentos e sua demonstração de amor por esta terra, vai-se assim o eterno laçador para sua primeira semana farroupilha na estância maior do céu
Muito Triste mesmo Giovani Grizotti, O Paixão Cortes era Simplesmente a Tradição em Pé, nossa Obrigação a partir de agora mais ainda é Cultivar e Cultuar tudo o que aprendemos com Ele e passarmos para as novas gerações, para não deixar O Movimento Tradicionalista Gaúcho morrer nunca.
E isso já começando pelos meios de comunicação, não precisamos ter mais no Galpão Crioulo um sujeito travestido de gaúcho que mais parece um demônio,cantando um monte de asneira, O Neto Fagundes era o primeiro a se opor a uma barbaridade dessas sendo sobrinho de outro Ícone do nosso Tradicionalismo, vamos ver se toma vergonha na cara esse imundícia e volta pro rumo do tradicionalismo de raiz.
Uma Lástima esta perda para o Rio Grande do Sul.