O compositor, cronista e escritor Otávio Reichert tem surpreendido a todos os que o acompanham, por sua liberdade de expressão nos relatos dos diversos assuntos que nos envolvem. Utilmente está em destaque a música “De Rapina”, interpretada por Wilson Paim, que pegou notoriedade, levando a vários debates sobre comparações entre as aves de rapina e nossos dirigentes políticos.
Há intelectuais que confundem, propositadamente, sua posição política neutra com sua criação artística. Chegam a exigir um posicionamento partidário não por sua arte, e sim pelo dizer - podendo incorrer em equívocos. A arte do militar-historiador-pensador Otávio Reichert, mesmo quando engajada, não é primária. Pode, claro, ser criticada, mas a crítica eminentemente ideológica, que se torna mais uma restrição, por não compreendê-la na sua amplitude. Trata-se de um vero limitador, tanto da música e da literatura, quanto da própria crítica.
Mas são as polêmicas sociais intrínsecas que levam o público a acompanhá-lo.
Posto isso, fizemos questão de conhecer um pouco mais sobre a letra “De Rapina”.
Quais os motivos levaram-no a compor esta letra?
A inspiração veio durante o trabalho de Técnico de RX. Um paciente, por ter assistido um vídeo, citou sobre as espertezas dos gaviões. Por brincadeira, comparei-os com a esperteza dos políticos, bem como suas artimanhas para não serem presos. Depois abordamos sobre as longas espreitas policiais para juntar provas das falcatruas.
Foi nesse dia que idealizei criar a letra DE RAPINA. Depois de lapidada, acabou sendo selecionada pelo cantor porto-alegrense Wilson Paim para ser musicada. Foi lá por 2014, quando foi montado um CD com quatorze letras minhas, todas interpretadas por Wilson Paim.
DE RAPINA
Voando livre campereia o gavião.
Vasculha a pampa por ser ave de rapina.
Esconde as armas camufladas sob as penas,
mas sem ter pena agarra a presa na campina
Outros gaviões parcereiam a vida urbana.
Poder da grana, a esperteza das serpentes.
Com leis gavionas se protegem; companheiros!
Prendem cordeiros, os demais são inocentes.
Gaviões que fazem minguar a bicharada.
Hei de aprender a defender o meu torrão.
De cada boi a terça parte vai pro encosto.
Além do imposto vem a fome do leão.
O QUERO-QUERO DISFARÇA LONGE DO NINHO.
GALINHA CHOCA SENTA AS PUAS QUE NÃO TEM.
ANDA DIFÍCIL DE ESPANTAR GAVIÕES MALEVAS.
MESMO COM CEVAS, AINDA ESTÃO SE DANDO BEM!
GAVIÕES MALEVAS AINDA ESTÃO SE DANDO BEM!
Meto as esporas no anseio dos cambichos.
Alguém me disse: “O gavião é mais veloz”.
Sobre o planalto pousam aves migratórias,
Sangrando a história que rebolca contra nós.
Falseia o grito! Bico afiado, intrometido.
Espiando a caça com penachos de elegância.
Esperto em dobro: levanta! Taura gaúcho!
Sei que há cartuchos pra frear esta ganância.
Quem vende o voto a troco de algumas pratas,
terá por sombra asas negras nas alturas.
Num jeito índio preparei a boleadeira.
É mais certeira do que o laço pras lonjuras.
Ritmo: Vaneira
Site: Otávio Reichert
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