Tanto as curandeiras e benzedeiras quanto os benzedores e curandeiros, sendo os homens em menor escala, inclusive as costureiras de machucaduras, muitas destas pessoas mesmo sem saber ler nem escrever, mas dotadas de sabedoria ancestral, onde a prática é baseada no conhecimento tradicional transmitido de geração em geração, atravessaram séculos trazendo consigo um misticismo (crença de que o ser humano tem capacidades de se comunicar com a divindade ou receber dela certos sinais e mensagens) existiram e ainda existem neste orbe terráqueo estando presentes em nosso meio na vocação de cuidar da vida através da receita de plantas medicinais, usando as mãos que curam, contando com o poder das palavras e acima de tudo com a força da fé.
São tantas as rezas, os chás, as ervas, os banhos, os ungüentos, os cantos, os benzimentos que fazem com que muitos males, quase repentinamente, desapareçam nas pessoas principalmente naquelas que no campo semântico entram em sintonia, em sinergia, ungidas pela motriz da fé.
Na questão material essas pessoas verdadeiras “doutoras à moda antiga” conhecem e dominam as propriedades existentes nas folhas, nas cascas, nos cipós, nas raízes, o poder das rezas e a força existente em cada fase da lua tudo convergente à fé na cura. Estas pessoas que curam ainda são ótimas referências no socorro aos necessitados física ou espiritualmente onde falta a presença do atendimento médico, muitas vezes, é incipiente ou não existe.
Até mesmo nas cidades há quem procure orientações e aconselhamentos nos curandeiros e benzedores para certos males como dores na coluna, problemas nas articulações, reumatismos, até mesmo quebrantos (mal causado pela energia negativa do olha de uma pessoa para a outra pessoa por inveja ou egoísmo) e ainda problemas estomacais, picadas de insetos, depressão, “sangue grosso”, afecções renais e da bexiga, dores de cabeça, dores menstruais, constipações, mau olhado, etc., bem como tantas outras pessoas que buscam melhoras através dos chás, outras infusões, obstrução nasal, falta de apetite, lumbago (que é a espinhela caída); para outras são receitados banhos, óleos e outros tratamentos para sanar diversas sensações físicas incômodas.
Haja vista que nasci e me criei num ambiente rural então lá onde eu morava os remédios caseiros existiam e eram usados em larga escala dependendo das doenças e necessidades desde os avós até os netos.
Junto à horta existiam várias espécies de plantas com propósitos medicinais cuidadosamente e carinhosamente cultivadas e tratadas “pra o caso das precisão”.
Numa ocasião, aos cinco anos de idade, numa arte que eu fiz o cachorro da dona Joaquina, (que foi a professora do meu pai na campanha e que fora visitar minha vó), acabou mordendo na minha perna direita deixando em mim uma razoável cicatriz e lembro-me muito bem o meu ferimento foi tratado somente com folhas de uma planta do campo chamada Arnica que tem poderosas propriedades cicatrizantes e, dali uns dias, fiquei são.
Depois, mais tarde, quando tínhamos uma propriedade na cidade além da pequena propriedade rural, cá na cidade, tinha várias pessoas que atendiam nas curas materiais e espirituais onde nas benzeduras, por exemplo, a minha lembrança dá destaque às seguintes pessoas: Dona Gasparina, Dona Eva, Dona Genciana, Tia Paulina, Dona Lora, Dona Zezéia, Dona Laurinda, Dona Eufrásia, Seu Ernesto e Seu Hortêncio.
Mesmo com os crescentes avanços científico-tecnológicos na medicina através da indústria farmacêutica (que se não me falha a memória é a segunda maior indústria deste planeta perdendo apenas para a indústria bélica), os chamados remédios caseiros receitados pelas pessoas curandeiras fazem parte da nossa cultura popular. E ate mesmo os médicos, em muitos casos, receitam remédios à base de plantas, pois segundo o Decreto-Lei 176/2006, é definido como medicamento à base de plantas “qualquer medicamento que tenha exclusivamente como substâncias ativas uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma ou mais preparações à base de plantas ou mais substâncias derivadas de plantas em associação com uma ou mais preparações à base de plantas.”
As plantas receitadas pelos curandeiros para fins curativos desde os primórdios das civilizações da Mesopotâmia e do Egito e também das culturas africanas e indígenas, têm determinadas substâncias químicas no seu complexo de moléculas possuindo certos princípios ativos de valor terapêutico através do cheiro, das vitaminas, dos óleos, dos minerais, dos antibióticos, que influenciam na fisiologia do organismo humano.
Não se deve recorrer a um curandeiro qualquer e tomar quaisquer remédios sem critério, mas é inegável que muitos tratamentos centenários da medicina popular são extremamente eficazes e tem eficácia comprovada. Também não se deve buscar qualquer charlatão (curandeiro que diz possuir remédios milagrosos), mas é sabido que muitas pessoas balizadas que herdaram conhecimentos seculares conseguem através das suas rezas em combinação com a fé do paciente trazer para este o milagre da cura.
As pessoas verdadeiras, que tem vocação, que não são mercenárias explorando a dor alheia, que curam os males físicos e espirituais são pessoas, eu acredito, escolhidas pelo dom da cura que se comunicam com espíritos que são seus guias e que ofertam ensinamentos que podem ser manifestados por vozes, visões ou sonhos. Isto não se busca na escola, é uma luz divina, um dom que Deus dá em benefício para algumas pessoas curandeiras e benzedeiras para que estas ajudem ao ser humano onde a mãe natureza, que é uma fonte esgotável e que corre perigos e sofre constantes ameaças, também nos favorece, pois tem na sua biodiversidade muitos remédios não só para os males do corpo como também para os males da alma.
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