Pesquisas arqueológicas recentes apontam evidências de que os Botai, um antigo povo do Cazaquistão, nas estepes da Ásia Central, há mais de seis mil anos, podem ter sido os primeiros cavaleiros da história, até que outros achados levem a um acontecimento ainda mais remoto. Possivelmente venha dos Cazaques a invenção da montaria, ou a idéia de subir no lombo de um Equus Caballus, quem sabe até por brincadeira. A beleza eqüina há milhares de anos fascina o ser humano nessa relação entre o homem e o cavalo.
Quanto ao cavalo crioulo, esta raça, a mais rústica das raças eqüinas deste país, tem muitos anos de seleção natural desde quando foram trazidos da Península Ibérica e chegaram à América em 1535, introduzidos na região do Prata por D. Pedro de Mendonza em sua expedição que viera fundar Bueno Aires, capital da Argentina. No ano de 1542, Alvar Núñes Cabeza de Vaca (descobridor das Cataratas do Iguaçu) introduziu animais cavalares no Paraguai. No Brasil, nas primeiras décadas de 1600, não tenho a data certa, provavelmente nos anos próximos à fundação das reduções primitivas na região missioneira, trazidos pelo Pe. Cristóvão de Mendonza, chegaram os primeiros cavalos crioulos que juntamente com o gado vacum povoaram as planuras destas plagas do pampa gaúcho.
Os cavalos serviram na expansão territorial brasileira decorrente da ação dos bandeirantes.
Conta à rica história missioneira que o indígena e lendário Sepé Tiaraju, líder do povo Guarany, montado em seu cavalo crioulo, no contato com Gomes Freire, disse ao general num grito de guerra: co yuy oguereco yara! Que quer dizer: esta terra tem dono!
Companheiro inseparável dos campeiros, o cavalo crioulo se fez parceiro do homem na viagem de acontecimentos e tantos foram os dias em que esses animais deram sua colaboração e, às vezes, a própria vida aos seres humanos servindo nas montarias dos regimentos, aos curandeiros, as parteiras da campanha, aos estafetas (entregadores de correspondências), puxando carroças, “aranhas”, charretes, nas provas campeiras, na condução das tropas e outros meios de locomoção e também como fonte de alimentação às pessoas.
Mais tarde os cavalos serviram aos colonizadores italianos, alemães, poloneses, etc., nas lavouras, nas olarias e nos diversos afazeres da vida laboriosa na colônia que, desses largos e penosos trabalhos, onde irmanados o “pêlo-duro” e o imigrante mudaram a fisionomia da terra gaúcha para satisfazer as mais prementes necessidades do povo deste recanto sulino.
Os cavalos crioulos são, depois da doma, dóceis, saudáveis, fortes, de bom temperamento; suportam sóis escaldantes, invernias ou quaisquer inclemências das intempéries sendo ótimos nas lides e esportes eqüestres por sua resistência e longevidade.
No Rio Grande do Sul, encontra-se concentrado cerca de 80% do plantel nacional dessa raça que é a mais popular do sul do Brasil.
A partir de 1932, com introdução de sangue chileno nos cruzamentos desenvolvidos nas cabanhas de Uruguaiana, através do Hornero, um dos mais importantes garanhões da história da raça no Brasil, houve um melhoramento genético que proporcionou a evolução morfológica desses animais. Desde então os cavalos crioulos, gradativamente, tiveram alteradas algumas características na cabeça, pescoço, torax, linha superior, ventre, flanco, membros anteriores e posteriores e, nesse processo de seleção, chama-nos atenção o fato de que esses animais ficaram com a frente mais leve e o posterior mais carregado o que lhes garantiu mais força e impulsão.
Mesmo sem ser um profundo conhecedor de animais cavalares fiquei encantado e tornei-me mais entusiasta dos cavalos crioulos a partir das vezes que tive o privilégio de, na Expointer, em Esteio - RS e em outras feiras do Estado, assistir e encher meus olhos com a performance desses bichos campeões quando eram testados sobre equilíbrio, potência, velocidade, postura e submissão ao comando.
Indubitavelmente, os cavalos que já renderam tantos versos aos poetas, serviram à construção deste Estado e continuam servindo e fazendo história.
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