Santo Ângelo recebeu a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior e também apresentou a sua pauta de reivindicações
Santo Ângelo foi o município escolhido pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina Dias, para conhecer os estragos causados pela estiagem na produção das propriedades rurais e ouvir reivindicações dos prefeitos gaúchos que contabilizam milhares de reais em prejuízos com a falta de chuvas.
A ministra foi recepcionada pelo vice-governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior, pela secretária de Estado da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Silvana Covatti, pelo prefeito em Exercício de Santo Ângelo, Volnei Teixeira e pela vice-primeira-dama Luiza Teixeira; além de deputados federais e estaduais; prefeitos e vereadores; e representantes de entidades ligadas ao agronegócio e ao setor primário.
Logo após a recepção no Aeroporto Regional Sepé Tiaraju, a comitiva seguiu para o Distrito Buriti, em visita à propriedade da família Segatto, área rural que soma grandes perdas na produção de grãos e na pecuária leiteira e de corte. Em conversa com as autoridades, o agricultor Dirceu Segatto relatou perdas de 100% nas lavouras de milho, 50% na produção leiteira e na cultura da soja. “Temos pasto para os animais somente para mais uma semana, a partir daí, é só ração. Recém o problema está começando”, avaliou. Segundo ao agricultor, não há previsão de chuvas suficientes nas próximas semanas que possam recompor o déficit hídrico e a cultura da soja pode ter perda total.
PLEITOS
A ministra e o vice-governador encerraram a visita a Santo Ângelo e um grande encontro no auditório da URI Campus local, reunindo lideranças políticas, empresariais e do agronegócio para debater a situação de emergência provocada pela estiagem em 45% dos municípios gaúchos.
O Governo do Estado, a Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e as entidades representativas da agropecuária gaúcha, formataram um documento apresentando as reivindicações e solicitando ações e recursos para o enfrentamento ao período crítico de seca, em que há registros de escassez de água para o consumo humano e para a dessedentação dos animais, além dos prejuízos que os produtores e os municípios enfrentarão com as perdas econômicas provocadas pela estiagem.
Os dirigentes de entidades ligadas ao setor primário mostraram disposição para uma conserva convergente com o Governo Federal para políticas públicas de irrigação, em especial para a cultura do milho, que além de servir como alimento humano é consumido na produção animal de todas as cadeias produtivas. Além de linhas de crédito, as entidades defendem uma legislação mais ágil para o licenciamento ambiental para a irrigação.
SEM SOLUÇÕES PRONTAS
A ministra Tereza Cristina afirmou em seu discurso que não veio a Santo Ângelo com soluções prontas e nem fórmulas mágicas, mas para ouvir as reivindicações e fazer o encaminhamento aos técnicos do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) que estão avaliando a situação dos municípios gaúchos. “Vamos buscar providências em curto, médio e longo prazo”, assinalou.
Tereza Cristina disse que a falta de irrigação é um problema nacional e que para mudar o cenário é preciso uma mudança cultural. “A irrigação não é desperdício de água, ao contrário, ela armazena a água que seria desperdiçada. Irrigação é reservação e preservação da água. Temos tecnologia e técnicos competentes para projetos e programas de irrigação”, disse.
Ela agradeceu o carinho e a recepção do povo gaúcho e prometeu voltar a Santo Ângelo para explorar o potencial histórico e cultural das Missões.
SANTO ÂNGELO
O prefeito em Exercício Volnei Teixeira entregou à ministra, documento contendo extensa pauta de reivindicações de Santo Ângelo para o enfrentamento momentâneo da estiagem e para programas futuros a fim de mitigar os efeitos da falta de chuvas nas propriedades rurais.
Confira o documento de Santo Ângelo:
- Liberação imediata de um crédito emergencial aos agricultores atingidos pela estiagem;
- Repactuação de dívidas de custeio e investimento dos agricultores com vencimento no ano de 2022;
- Liberação de milho via Conab, com subsídio, para que os produtores de leite e pecuaristas familiares possam adquirir alimento mais barato aos animais;
- Liberação de crédito, com taxa de juro zero, para projetos de investimento que contemplem as áreas de reservação de água e irrigação;
- implantação de uma política agrícola que incentive os agricultores a adotar manejos de solo que contribuam para a melhoria de sua qualidade, e que, desta forma, minimizem os impactos das estiagens;
- Incentivo federal, com recursos financeiros, para a ampliação da assistência técnica e extensão rural, de modo que haja possibilidade de efetivação das políticas públicas de desenvolvimento rural e de enfrentamento às estiagens;
- Ampliação de recursos para o PAA - Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal;
- Revisão da legislação federal de forma a permitir a reservação de água em partes de áreas de preservação permanente.
Fotos: Fernando Gomes