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25/10/2018 09:12


Poço do Mil Metro em Bossoroca

Na estrada velha que liga São Borja a São Luiz Gonzaga, mais precisamente onde hoje é Bossoroca, na localidade de Esquina Piratini, encontra-se um poço d’água denominado Poço do “Mil Metro”. 
Na verdade trata-se de uma nascente à beira da estrada, um bem precioso, um pequeno oásis em meio ao trinado dos pássaros e sinfonias das cigarras, onde por volta do ano de 1933, o senhor Avelino Prado Macedo, denominado popularmente “Mil Metro” fez uma melhoria, ou seja, a colocação de um bocal de tijolos.
O senhor Avelino Macedo, que era criador e comerciante, tinha uma estatura alta, em torno de 1,90 m, e pelos amigos mais íntimos ganhara este apelido de “Mil Metro”. 
É interessante que a distância entre o referido poço e a legendária ponte de ferro vindo de além-mar e de mão única construída junto ao rio Piratini dá também uma distância de quase 1000 metros onde a estrada principalmente em tempos de seca libera uma poeira vermelha dessas de tingir até a alma.
Ligado à ponte de ferro existe há mais de 50 anos o Balneário Santo Humberto com mais de 100 casas pertencentes ao seu quadro social além de um vasto salão de festas, quadra para esportes, cancha de bochas, sombra à vontade, murmúrio d’água e da passarada. O Balneário Santo Humberto aqui referido é um antigo clube caça e pesca que foi criado por um militar que era chamado de  coronel Aquistapace.
Outra referência para o poço era a Venda do Bonifácio, venda esta também muito popular, nesse recanto missioneiro, inclusive citada na poesia Tio Anastácio, de Jayme Caetano Braun. 
Naquele tempo de antanho o poço, olho d’água, verdadeiro marco na geografia bossoroquense e veia da terra que aflora  deste chão colorado,  era por demais apreciado, pois tratava-se de água limpa e bem fresca e isto motivava para que muitas pessoas que parassem no local se deliciassem com a água matando a sede tomando água à palma da mão ou abastecendo cantis além de outros vasilhames. Muitos estancieiros, tropeiros, carroceiros, peões, viajantes, parteiras, estudantes, homens de negócios, militares se serviam  desse poço quando das cruzadas nessa localidade. 
Há uma lenda que descreve que, inclusive além de tantas autoridades e pessoas de destaque da região, também diversos índios e Sepé Tiaraju teriam tomado dessa água quando das passagens pelo local quando iam e vinham entre as Reduções de São Borja e São Luiz Gonzaga. 
O poço ainda está bem preservado e quem mais cuida dele é o senhor Sebastião Macedo que tem sua propriedade bem na frente, porém a água no momento ainda não tem toda a pureza desejada, fruto da diversificação de atividades na redondeza que o poluiu, mas acredita-se que em breve a água  poderá voltar ao seu estágio de pureza original. 
De qualquer forma este poço teve e tem um altíssimo valor histórico para Bossoroca e região, pois além da própria lenda aqui referenciada esse local foi também um ponto de encontro para trocas de mensagens, as charlas de atualizações de assuntos, descanso, motivações para namoros e negócios. 
Escritor João Antunes, poeta, compositor e historiador de Bossoroca. 
João Antunes (55) 9999-42970 joaoantunes@barracamissoes.com.br

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