Notícias

26/10/2016 15:28


Relato do Ciclista Alessandro Dorneles

Missioneiros no Audax 600km Bagé: Eu e meus amigos Bartolomeu Chagas de Freitas e Daniel Vitor Silva, participamos neste último final de semana (22 e 23 de outubro) de um dos maiores eventos de ciclismo do Rio Grande do Sul – o Audax 600km, organizado pelo Clube Audax Bagé. Para completar nossa equipe, contamos com o colega Diego Rodrigues que aceitou participar como apoio, nos auxiliando na busca do título de Super Randonneur – título esse homologado pelo Audax Club Parisien. Para quem não sabe, as provas de Audax são experiências de longa distância que exigem dos ciclistas muita resistência, bom desempenho em estradas e vontade de superar limites e desafios.
O Audax 600km de Bagé representou mais que um desafio para mim e para meu colega de pedaladas Daniel, foi de fato um presente por termos completado neste mês de outubro um ano de pedal, juntamente com as conquistas dos Audax anteriores de 200km, 300km e 400km, e das participações em eventos da Associação Ciclo Missões de Santo Ângelo e da região.
Para que obtivéssemos êxito nessa prova em que percorreríamos 600km em até 40h, tivemos que  nos organizar com o transporte, os equipamentos de segurança, a hospedagem, a manutenção das bikes, os suplementos alimentares que preparam os atletas para provas de muita resistência. Com tudo pronto, o grupo partiu em direção a Bagé, cidade localizada no sudoeste no RS na região da campanha.
Chegando a Bagé nos instalamos no hotel e nos dirigimos à churrascaria Parrilla La Brasa, local onde a organização do evento estava realizando o congresso técnico da prova com entrega dos kits aos ciclistas. Ali, além de todos os receios que uma prova de longa distancia nos proporciona, ficamos sabendo dos pontos críticos do percurso como: longos quilômetros entre os pontos de apoio e pontos de controle, pista ruim em alguns trechos, inclusive exigindo cuidados e atenção com relação a riscos de assaltos na estrada. Nesse momento ficamos um pouco apreensivos, porém estávamos preparados para enfrentar todos esses desafios.
Depois de algumas horas destinadas aos ajustes finais nas bicicletas, jantar e descanso, nos dirigimos ao centro administrativo de Bagé, local destinado a vistoria das bikes e equipamentos de segurança, bem como da entrega dos passaportes, para o carimbo que registraria nossa passagem em cada ponto de controle da prova. As 23h59min do dia 21 de outubro foi dada a largada controlada por um carro da organização que nos levou ate a saída do perímetro urbano. Neste trajeto as pessoas pareciam estar esperando a nossa passagem, acenavam e aplaudiam em frente de suas casas e nas calçadas, foi gratificante. Nesse momento fomos lançados ao desafio de percorrer os 600 km.
A noite estava fria - na madrugada chegamos a sensação térmica de 4ºC -  e com pouca luminosidade. O vento estava contra, o que criava um pouco de resistência. Mas, como eu disse anteriormente, estávamos preparados, afinal somos das missões e pedalamos com uma turma que costuma dizer: “Quanto pior melhor!”. Já durante o dia, a temperatura chegou a atingir 32ºC.
Com relação ao trajeto percorrido, foram muitas emoções: pneus furados, estradas escuras e perigosas durante a noite, frio. Porém, também vivemos momentos de companheirismo, novas amizades, auxílio mútuo, risadas e frases de incentivo, isso porque percursos de longa distância exigem muito condicionamento físico e mais ainda condicionamento emocional. 
Infelizmente, meus joelhos não aguentaram os trajetos mais sinuosos, e no PA – Posto Leão – Km 314.1, depois de ter pedalado mais de 300km, tive que adiar a conquista do título de Super Randonneur. Acionei o apoio e em menos de 20 minutos, meu amigo Diego chegou ao local onde eu o esperava. Nestes 20 minutos passou um filme ali, na beira da estrada, tive medo do que iriam dizer, fiquei envergonhado, pensei na minha família, nas pessoas que tinham me motivado nestes últimos meses, em tudo o que tinha feito certo e onde poderia ter errado. Conformei-me, afinal não faltou perna. Assim partimos, e eu passei a integrar a equipe de apoio, auxiliando e incentivando nossos dois ciclistas que ainda estavam na prova: Bartolomeu e Daniel.
As últimas horas de prova foram tensas. No ponto de controle 7 – Bagé – BR153, na Estancia Santa Margarida – Km 564.1, o Daniel chegou sozinho no PC e tinha perdido contato visual com o Bartolomeu ha vários km. Atendemos ele ali e partiu sabendo que a media havia aumentado para 21.1 km/h. Passados 15 min apareceu o Bartolomeu, estava branco, antes dele descer da bike tentei falar com ele, parceria estar tonto, só escutou quando falei para ele sentar. Tomou água, suplementou e recebeu a notícia que deveria pedalar a 21.8 km/h para completar a prova. Quase jogou as “ferramentas”, olhou com o olhar cansado, se resignou e aceitou o desafio, pegou a bike e partiu. Ficamos olhando e tivemos a certeza de que os dois estavam “garantidos” na prova. Vimos ele subir a primeira, a segunda subida pedalando em pé. Foi bonito de ver a garra, a vontade e persistência em busca do objetivo.
A chegada em Bagé no Centro administrativo – Km 600, foi emocionante. Há seis quadras da chegada o Daniel perdeu o foco da pista e levou uma queda, machucando os dois braços e pernas. Levantou com dificuldades, bateu o pó da pista e subiu na bike. As pessoas pediam que esperasse que chamariam o Samu, mas o foco havia voltado com tudo, ele agradeceu e pegou o caminho em direção ao centro administrativo. Chegou com mais ou menos 39 horas e 40 minutos garantindo os dois títulos que tinha ido buscar. Logo atrás vinha o Bartolomeu, que chegou na frente do centro administrativo quase no pórtico da chegada. Desceu, pegou a bike e levantou como se fosse um troféu. Era o “nosso” troféu, ver ali chegando com força no braço, pisando firme e sorriso no rosto. A emoção foi forte, as pessoas aplaudindo, os ciclistas comemorando, o organizador do evento saudando o último santoangelense a garantir dois títulos do calendário 2016 o de Super Randonneur - homologado pelo Audax Club Parisien e Super Randonneur dos Pampas - homologado pelo Clube Audax Bagé.
Enfim, estou feliz pelos meus amigos, parceiros de muitos pedais e o resumo foi este, lembrando eu me conformei naquele momento, mas não aceitei. No calendário 2017 já estão agendadas muitas oportunidades e eu vou estar lá com a turma inteira.

Alessandro Dorneles
26/10/16

EM DESTAQUE

Erva Mate Verde Real

Empresa familiar, com seu fundador Delfino Shultz, iniciou no ramo de erva mate no ano de 1989

Saiba mais

Safira

Mais notícias

  • Aguarde, buscando...