Notícias

18/04/2018 11:44


Galeria de Arte Tupambaé Saguão Prefeitura de Santo Ângelo

          Estes textos estão junto aos painéis de arte do pintor Tadeu Martins, no Saguão da Prefeitura de Santo Ângelo, que acaba de entrar em reforma, foram fruto e transcritos por Mario Simon após coleta de fatos, contos, lendas e estudos nas ruinas e pontos históricos da Região das Missões. Patrimônio imaterial, verdadeiro tesouro que está no dia a dia e origem do povo gaúcho.
          CESTEIRA KAINGANG
Esse painel retrata uma índia kaingang em plena obra de confecção de um cesto. O autor inspirou-se num trabalho fotográfico de Edgar Cavalheiro, executado quando de uma das frequentes estadas desses índios na cidade de Santo Ângelo. Eles vêm à cidade geralmente em grupos familiares, instalando-se em pequenos toldos de plástico, próximos a locais de onde possam extrair a matéria prima para sua cestaria, em geral taquaras e cipós.
A produção artesanal do kaingang baseia-se nos cestos de tamanhos diversos e em outros artigos típicos como porta-cuias, peneiras, chapéus, arcos e flechas, esteiras e outros mais. Quase todos os artigos são de utilidade doméstica, mas há, também, artigos para decoração. Sua principal característica é o colorido variado dado às taquaras e cipós eximiamente trabalhados, quase sempre nas cores vermelha, azul e amarela. Todo esse artesanato é vendido pelos próprios índios kaingang, nas ruas e praças das cidades, principalmente  no noroeste do estado do Rio Grande do Sul. A venda do artesanato faz parte da economia de sobrevivência desta raça. 
Os índios kaingang (que significa “habitante do mato”, no Rio Grande do Sul, hoje, vivem nas reservas de Guarita, Inhacorá, Ligeiro, Nonoai, Vontoro, Cacique Doble e Carreteiro, situadas no norte e noroeste do estado. 
          ÍNDIO PEÃO DE ESTÂNCIA
Quando as Missões entraram em decadência,  a partir dos anos de 1790, parte dos índios Guarani buscou serviço nas primeiras estâncias de gado que se instalavam no atual território do Rio Grande do Sul. Profundos conhecedores das lides campeiras, trouxeram junto seus instrumentos de trabalho e costumes que, ao longo do tempo, incorporaram-se aos afazeres e à tradição gaúcha. O mesmo processo ocorreu com os índios minuanos e charruas que habitavam a campanha. Hábeis cavaleiros, juntaram-se aos Guarani na formação do mais remoto “peão de estância”.  
O painel busca rememorar este tipo humano tão importante na literatura regionalista e no desenvolvimento das estâncias do Rio Grande do Sul. Guarani, Charrua ou Minuanos, este “peão de estância” trouxe para dentro do campo gaúcho características próprias. O chapéu “pança de burro”, a boleadeira de pedra, o saiote, a bota “garrão de potro”, as esporas, o laço de tentos crus, a vincha de couro, o mango, o chiripá, a lança jarreteadeira, o cinto largo do qual deriva a guaiaca, o tronco para manear o potro xucro são alguns registros da influência deixada pelo índio nos primórdios do Rio Grande.
           FAMÍLIA GUARANI
O índio Guarani habitava as matas da bacia do rio Uruguai, à margem esquerda, quando da chegada dos primeiros padres jesuítas na região, em territórios hoje do Rio Grande do Sul. Eram dóceis, de costumes sedentários e de alguns conhecimentos de agricultura. Por essas razões e outras, os padres jesuítas optaram pelo Guarani, de preferência, para formar as populações de todos os Sete Povos das Missões.
O desaparecimentos do índio Guarani missioneiro está vinculado à decadência geral das Reduções. Depois da expulsão dos padres jesuítas, em 1768, e sob uma administração laica e exploradora, muitos índios foram forçados a se juntar com forças bélicas portuguesas ou espanholas, ou se espalharam pelas estâncias que se formavam no RS, mesclando seu sangue com portugueses, espanhóis e outras etnias de índios. Os remanescentes missioneiros dos Sete Povos, em 1828, reunidos por Frutuosos Rivera, partiram para a então recém formada República Oriental do Uruguai, de onde não mais voltaram.
O painel retrata uma família Guarani, hoje, no Rio Grande do Sul, confinada em reservas indígenas controladas pela FUNAI. Em número reduzido, sobrevivem da agricultura e da produção de artesanato típico. Mais raramente que o kaingang, podem ser encontrados índios Guarani pelas ruas das cidades do noroeste do estado, vendendo seu artesanato e ervas medicinais. Como o kaingan, apresentam-se em grupos familiares.
          LENDA DO ITAQUARINCHIM (Lenda da Ferradura de Pedra)
No tempo da Guerra Guaranítica, os índios da redução de Santo Ângelo Custódio receberam a notícia de que os inimigos se aproximavam do povoado.
Um cacique chamado Cabari, preparando-se para a guerra, quis mudar as velhas ferraduras de seu cavalo, mas na não havia mais ferro. Cabari pensou por instantes e resolveu fazer as ferraduras de pedra.
Desceu até o vale do rio Ijuí-guassu e mergulhou nele três vezes, até encontrar a pedra de que precisava.
Voltando à aldeia, viu as índias carregando na cabeça enormes potes de argila com água que apanhavam no rio Ijuí-guassu. Ficou com pena delas e também da redução de Santo Ângelo, um povoado tão bonito, mas com água tão distante. Naquele mesmo momento, desejou fortemente que existisse um rio ali bem perto das casas.
Quando a guerra chegou nos limites da redução, Cabari lutou como ninguém, montado em seu cavalo de patas de pedra. Ferido mortalmente no peito, às portas da aldeia, a última paisagem que o índio viu foi a curva do rio Ijuí-guassu lá embaixo, no vale. Então, antes que a morte lhe roubasse a luz, desejou ardentemente um rio mais próximo de seu povoado.
Morto Cabari, seu fogoso cavalo começou a subir, subir, indo cada vez mais para o alto, carregando em seu lombo o valente índio. De repente, uma das ferraduras de pedra desprendeu-se e caiu, afundando em curva o solo em torno da aldeia.  Do sulco, brotou água abundante e límpida que passou a correr formando um belo arroio.
Dizem que é por isso que o leito do rio Itaquarinchim é todo de pedra e tem o formato de uma ferradura em derredor do coração de Santo Ângelo.
          FUNDAÇÃO DE SANTO ÂNGELO CUSTÓDIO
O painel retrata o momento solene da Instalação do Povo de Sant’Angel Custódio (Sant'Angel de la Guardia). À direita, o padre jesuíta Diogo Haze, belga de nascimento e fundador dessa Redução, celebra a missa campal de fundação, quando da chegada de 737 famílias Guarani, num total de 2.879 pessoas, oriundas da Redução de Concepción de la Sierra. Era 12 de agosto de 1706. Acompanham o padre cantores missioneiros, cujas vozes ressoam nas matas virgens da margem esquerda do rio Uruguai. Por sobre todos, estendem-se as asas do padroeiro Santo Anjo da Guarda.
Esse ato solene e histórico foi realizado em algum local situado entre os rios Ijuí e Ijuizinho, próximo à foz deste último. Daí a presença de  água ao lado esquerdo do quadro.
A cruz de madeira, o altar móvel, índios e animais denotam o ambiente em que se deu tal ato. No ano seguinte, 1707, padre Diogo Haze transferia seu povo para novo local, exatamente onde hoje está erguida a catedral angelopolitana. Ali, Diogo Haze construiu a igreja da Redução de Santo Ângelo Custódio.
No painel, esses fatos são representados pelo templo em construção, à direita, embaixo. As colunas e as linhas mestras da igreja em construção foram inspiradas em desenho de Carlos Petermann, feito em 1861. Na frente deste prédio religioso abria-se a praça missioneira, espaço hoje ocupado pela praça Pinheiro Machado.
          A LENDA DA ERVA-MATE
Diz que um velho guerreiro guarani não tinha mais forças para sair de sua cabana, vivendo só com sua filha Yari, que cuidava dele dia e noite.
Um dia, Yari e seu pai hospedaram um pajé desconhecido. Durante a visita, ficou sabendo do carinho da filha, que dedicava a sua juventude ao velho pai. 
O pajé guarani comoveu-se com a situação dos dois. Ao amanhecer, o pajé confessou ser enviado de Tupã, e que ia deixar-lhes uma recompensa pela hospitalidade. Então preparou uma infusão de folhas na água e disse que quem tomasse daquele chá teria as forças revigoradas e o espírito livre. E que esse espírito seria a filha do velho guarani viva para sempre nas folhas daquela erva. Então os guaranis chamaram de Caá-Yari a erva-mate.
O painel quer retratar o manejo e o uso da erva-mate que, na Redução de Santo Ângelo, era colhida principalmente nos ervais de Inhacorá. Um índio traz às costas, no cesto, a erva, uma guarani toma o mate e outro planta uma muda de erva-mate, introduzida pelos padres jesuítas. A distância e os animais selvagens desafiavam os missioneiros. A erva-mate relaciona-se com a vida espiritual do Guarani.
          MORTE DE SEPÉ TIARAJU
José Tiaraju era o nome de Sepé. A história transformou este índio missioneiro em símbolo da resistência indígena contra a demarcação e execução do Tratado de Madrid, de 1750, no que se refere aos Sete Povos das Missões. 
Sepé Tiaraju era Alferes e, depois, Corregedor da redução de São Miguel das Missões, por ocasião da Guerra Guaranítica. Na frente de seus guerreiros, a partir de 1753, tentou impedir o cumprimento do Tratado que determinava  o despejo de todos os Sete Povos.
De 1754 a 1756, deu combate às forças conjuntas de Espanha e Portugal comandadas por José Andonaegui e Gomes Freire de Andrada. Em conferência de paz com o chefe português Gomes Freire, revoltado com as imposições do Tratado, encerrou a reunião com o célebre grito de guerra “ESTA TERRA TEM DONO”.
O painel descreve a morte de Sepé Tiaraju. O autor inspirou-se no episódio narrado no poema épico O URAGUAI, de Basílio da Gama. Atingido que foi por um lanceiro português, Sepé foi perseguido pelo próprio comandante espanhol José Joaquim Viana. Esvaído em sangue e mortalmente ferido, tombou do cavalo. Assim, a pouca distância, recebeu um tiro fatal do chefe espanhol, não sem antes tentar ferir o inimigo com sua flecha poderosa.
Este fato aconteceu em 07 de fevereiro de 1756, em terras hoje ocupadas pela cidade de São Gabriel – RS. Notícia: Galeria de Arte Tupambaé por Mário Simon 
Site: Natal Cidade dos Anjos 2016 
Notícia: Ritual da Lua Cheia 
Notícia: Uma Viagem Pelo Imaginário das Missões 

Texto Roteiro de Morte E Vida De José Tiaraju, 2015;
Site: Museu José Olavo Machado 
Site: Museu Municipal do Cinema Vivaldino Prado 
Site: Centro Histórico Santo Ângelo 
Site: Espaço Cultural Marechal Rondon 
Site: Espaço do Colono 
Site: Memorial Coluna Prestes 
Site: Museu Verzeri 
Site: Museu a Céu Aberto Site: Museu da Polícia Federal 
Site: Ritual do Anjo da Guarda Missioneiro 

Site: Quem entalhou as imagens da Catedral de Santo Ângelo? 
Vídeo: Documentário Von Adamovich: o gênio esquecido, Vida e Obra 

EM DESTAQUE

Vinícola Fin

É uma empresa familiar com produção própria de uvas e vinhos.

Saiba mais

Lagos Restaurante e Lancheria em Porto Lucena

Mais notícias

  • Aguarde, buscando...