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09/08/2018 18:25


O Projeto RecreArte Artistas da Região Missioneira

          Diversas demonstrações de arte se somaram ao projeto itinerante RecreArte que estava em apresentação em São Miguel das Missões com sua Unidade Móvel RecreArte do Sesc/RS. O grupo MI TOLDERIA foi chamado para colaborar nas atividades junto ao projeto e atraç~eos que somaram a comunidade aos turistas e visitantes.
          A coordenação do grupo Mi Tolderia  destacou, _”Gostaríamos de agradecer ao Secretário Fabiano, bem como à toda a equipe da Secretaria pelo convite e a oportunidade de participar do RecreArte! Também agradecemos a cedência do espaço para as apresentações do fim de semana! 
          Mi Tolderia  atua no cenário artístico e cultural latino-americano mediante ações de reconhecimento e valorização da arte e da cultura dos povos originários da América Latina principalmente através da linguagem artística da Dança.
I - O Projeto
          Sediado atualmente no município de São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul, Brasil, MI TOLDERIA atua no cenário artístico e cultural latino-americano através da linguagem artística da Dança. Conta com a Direção Geral de Daniel e Mari Mascarin e Direção Artística de Vianei e Marioni Mello. Com um elenco composto por 12 bailarinos, a proposta cênica em andamento se desenvolve durante aproximadamente 50 minutos, levando ao palco a representação artístico-coreográfica da “conquista espiritual” empreendida pelos jesuítas na América do Sul e seus antecedentes e consequências histórico-culturais para a sociedade que dessa experiência ímpar se depreende. Com coreografias que propõe uma releitura das manifestações autóctones dos povos originários da América do Sul, o Núcleo trás à cena a formação e o posterior surgimento do “Gaúcho”, enquanto tipo sui-generis, nascido do contraste entre a “civilização” e a “barbárie”, que a partir desse entrecruzamento amalgamou-se nas palagas sul-americanas. Da vida livre na pampa meridional, passando pelo processo de aculturação implantado pelos seguidores de Loyola na cristianização do “selvagem”, o esplendor do Ciclo Missioneiro com o apogeu das Missões Jesuíticas do Paraguay em sua experiência coletiva singular na história da humanidade, à trágica experiência de dizimação da qual foram vítimas os Trinta Povos Missioneiros dispersos pelos atuais territórios do Brasil, Argentina e Paraguay após a expulsão da Companhia de Jesus, são referendados durante aproximadamente 50 minutos de espetáculo. A proposta cênica, ainda que alicerçada na reinterpretação do folclore, busca integrar distintas poéticas, na intenção de transladar o espectador ao centro da cena, fazendo com que se torne parte indissociável do processo interpretativo que, assim, assume diferentes contornos a cada apresentação.
II – Os Primórdios 
          O Núcleo Nômade de Dança e Pesquisa Parafolclórica MI TOLDERIA surgiu em São Miguel das Missões a partir da intenção de um grupo predominantemente de jovens e adolescentes em representar artisticamente as nossas origens mais ancestrais, aquelas cujo eco ainda não ressoou, penetrando pungentemente em nosso âmago. 
          Os elementos que a história oficial, contada pelo europeu conquistador negligenciou, não revelou ou negou ante a consciência do genocídio praticado na invasão dos territórios indígenas na América Latina. 
III – Os Integrantes
          O Núcleo Nômade de Dança e Pesquisa Parafolclórica MI TOLDERIA é constituído por um grupo de artistas profissionais e amadores que se dedicam às mais diversas linguagens da arte, artesãos, historiadores, investigadores e colaboradores das mais diversas áreas do conhecimento, dedicados a pensar, propor e debater ideias, bem como implementar ações no sentido de reconhecer e valorizar a arte e a cultura dos povos originários da América Latina através da linguagem artística da dança. Irradiando-se desde as Missões, RS, Brasil, o Núcleo congrega em seu rol de colaboradores integrantes dos mais diversos rincões latino-americanos que, identificando-se com a causa representada somam-se ao projeto contribuindo com informações, referenciais bibliográficos, elementos cênicos, figurinos, aporte de tempo e ajuda de custos relevantes para a consecução e manutenção das atividades artístico-culturais desenvolvidas. 
IV – O Nome
          A denominação “Núcleo Nômade” surge da necessidade de designar um grupo de pessoas de diferentes origens e diversos lugares, que se aglutinam em prol de um objetivo forjado a partir de vivências comuns, voltadas ao respeito, proteção, promoção, desenvolvimento, à pesquisa e preservação da arte e da cultura dos povos originários, difundindo, divulgando e transmitindo-as pelos distintos rincões por onde passam. O projeto visa formar um coletivo capaz de representar suas aspirações em torno da defesa e difusão da cultura nativa. A ideia é possibilitar transitar entre distintas comunidades, gerando e multiplicando encontros e facilitando a constituição de redes de referências simbólicas e o convívio entre diferentes culturas.
           “Parafolclore” é a expressão que refere a uma manifestação didatizada e erudita do folclore. Essa transformação do fato popular em uma forma culta de apresentação tem sua principal diferença na funcionalidade, que em seu aspecto erudito é transformada para ser apresentada com outros valores, como recreativo, educativo, estético, lúdico, físico, informativo e formativo, entre outros. Nesse sentido, o estudo, a pesquisa visando o conhecimento do tema do fato folclórico e a forma como ele será projetado são imprescindíveis. Por se tratar também de manifestação artística na forma e conteúdo, o artista tem a liberdade de expressar o seu trabalho com caráter único, pois a visão da arte é específica e varia de acordo com as experiências vividas pelo autor. A Carta do Folclore Brasileiro, de 1995, aclara que a "dança parafolclórica é a dança folclórica que é executada fora do seu local de origem, transformada em espetáculo teatral, por possuir qualidades exibicionistas." Define como grupos parafolclóricos aqueles que apresentam folguedos e danças folclóricas, cujos integrantes, em sua maioria, não são portadores das tradições representadas, se organizam formalmente, e aprendem as danças e os folguedos através do estudo regular, em alguns casos, exclusivamente bibliográfico e de modo não espontâneo. Os grupos parafolclóricos constituem uma alternativa para o ensino e para a divulgação das tradições folclóricas, tanto para fins educativos, quanto para atendimento a eventos turísticos e culturais. 
          Historicamente, os indígenas dos pampas tinham um modo de vida que contrastava com as formas em que a sociedade europeia entendia como normais. Seu nomadismo, mais que uma necessidade material, era intrínseca ao seu espírito livre por natureza, que desconhecia divisas, aramados, fronteiras e territórios, sentindo-se uno com o universo em sua cosmologia. As Tolderias, formadas por um conjunto de toldos, de certo modo improvisados com couro ou fibras vegetais, formavam o núcleo transitório, geralmente itinerante, onde se assentavam as tendas nativas. Eram os núcleos de povoação dos povos originários da Pampa. Nelas viviam numerosas famílias, eram os sítios nos quais a vida se produzia coletivamente, material e imaterialmente, antes da chegada do conquistador europeu. “Mi Tolderia” foi, assim, a denominação escolhida para designar o núcleo formado por nossa comunidade. O termo “Mi Tolderia”, em idioma hoje estrangeiro, reporta justamente ao período histórico ao qual se quer ambientar o imaginário do espectador, ou seja, um momento no qual as paragens que atualmente pertencem ao Estado brasileiro pertenciam ao Reino de España, e nas quais os dois únicos idiomas oficialmente permitidos, visando a evitar o contato do índio cristianizado com o português - que representava uma ameaça - eram guarani e o espanhol.
V – Atividades Desenvolvidas
          Entre as atividades internas desenvolvidas pelo Núcleo destacam-se: 
Reuniões de estudos preliminares pertinentes às temáticas abordadas em cada obra coreográfica, a partir das quais são embasadas as pesquisas que servirão de referência no roteiro do desenvolvimento coreográfico culminando na elaboração compartilhada dos processos de criação orientados pelos coreógrafos. 
Visitas às comunidades originárias nos diferentes e remotos sítios nos quais alguns remanescentes dessas populações subsistem, resistindo ao processo de aculturação. 
Pesquisas de campo que permitem aprofundar a compreensão das relações do homem com a natureza, primordiais na compreensão da cosmovisão das populações autóctones. 
Laboratórios experimentais de interpretação e composição de personagens a serem interpretados pelos atores-bailarinos. 
Processos coletivos e colaborativos de composição coreográfica. 
Aquecimentos cênicos. 
Ensaios individuais e coletivos para estruturação e harmonização das coreografias. 
          Dentre as atividades desenvolvidas junto às comunidades e em eventos, destacam-se: 
Apresentações (20 min.).
Shows (50 min).
Oficinas de caracterização de personagem e pintura corporal. 
Oficinas de confecção de figurinos, acessórios e elementos cênicos. 
Palestras, Seminários e Retiros abordando temáticas centrais e temas transversais que visam a auxiliar na compreensão das nuanças olvidadas ou omitidas no transcurso histórico que algumas dessas populações enfrentam ainda na contemporaneidade. 
Oficinas de jogos lúdicos e teatrais. 
VI - Locais de Realização e Acesso ao Espetáculo
          O espetáculo foi elaborado de maneira a possibilitar sua realização nos mais diversos locais, permitindo, assim, a descentralização da arte da Dança do espaço formal que até recentemente ocupava. Sendo assim, pode ser apresentado tanto em teatros, como mini auditórios, em salões, salas, espaços abertos como praças e pátios internos e passeios públicos, permitindo uma ampla gama de possibilidades para a organização do evento.  
Notícia: São Miguel das Missões Recebe RecreArte do Sesc/RS
Notícia: Núcleo Nômade de Dança e Pesquisa Parafolclórica MI TOLDERIA Missões 

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