*Compilação do conto de Aurélio Porto –** LENDAS GAÚCHAS **– Enciclopédia Folclore Brasileiro *
Quando o **Rio Grande do Sul** era conhecido por **Tapes**, cavaleiros Portugueses andavam pelos pampas gaúchos extasiados pela imensidão pampeana que se estendia. Terra linda inóspita sendo descoberta por olhos novos.
De longe viram um grupo de cavalos pastando, mas não sabiam que tantos os Charruas como os Minuanos se escondiam no lado do cavalo ao longo do dorso e quem visse de longe só via o cavalo, rumaram para uma armadilha fatal, pois quando estavam ao alcance do índios, foram pegos de surpreso, logo lanças e flechas perfuraram os corpos dos portugueses, ficando somente um vivo e ferido, era o Manoel.
Foi levado preso para o acampamento tribal dos Minuanos, lá uma índia de nome Chalouá foi designada para cuidar dos seus ferimentos, depois de curado, seria sacrificado num ritual de lua cheia.
Como os ferimentos eram profundos, a convivência de Manoel e Chalouá, se tornou afetiva e logo ele começou a entender sua língua, nasceu o amor no coração da índia minuana, que tentou prolongar o máximo o período de cura.
Chalouá cantava um lamento, triste e chorava quando passava ervas com unguentos no corpo de Manoel, ele pediu para ela trazer um porongo grande, cortou ele lateralmente fazendo um fundo de uma viola, pediu um pedaço de pau duro e forte, então fez dele um braço da viola, tripas de avestruz para as cordas, a tampa ele fez com casca de árvore, colou tudo com uma rezina forte feita de seiva de árvore e com pedaços de pedras lascadas perfurou um buraco para ter ressonância, assim ele fez uma pequena viola, porém o cacique notou que Chalouá não queria o sacrifício do branco usurpador de terras e foi logo determinando:
- Branco tem que morrer, invasor, matador de nossa gente, seu tempo findou.
Assim na primeira noite de lua cheia seria morto num terrível ritual.
Na última noite Chalouá cantou a música mais triste que Manoel já ouviu, num lamento de dor pela perda de um amor que cresceu e fez morada no seu peito, alimentando sua alma de sonhos que jamais pensou ter.
Chegou o dia fatal, o prisioneiro foi trazido ao centro da taba, seria amarrado num tronco e espetado numa dança mortal por todos os guerreiros, porém fazia parte do ritual o prisioneiro fazer um último pedido:
- Ele pediu para Chalouá trazer a viola. – Logo ela correu para a tenda e trouxe.
- Então ele pediu como desejo escutar Chalouá cantar.
Quando ela começou a cantar, seu lamento triste, ele começou a tocar, todos os índios paravam extasiados com o som maravilhoso da viola, pois os índios amavam a música e Manoel era um exímio tocador e logo o som fez todos sentarem e falavam:
- Gau-che, gau-che - Queria dizer “gente que canta triste” e dessa forma, o Cacique não permitiu que matassem Manoel, pois queria que ele ensinasse a todos como fazer o instrumento e tocar
Assim Manoel foi salvo, o Cacique permitiu que ele morasse com Chalouá, dessa união nasceu o primeiro GAÚCHO.
Fonte: Prof. Beraldo Figueiredo
Fonte : Pampa sem Fronteira