Quem foi Artur Arão? Um herói, um bandido ou alguém que a seu tempo, tempo de ferro e fogo na história não contada deste Rio Grande, que o destino marcou por ser um predestinado ou por que a ele foi dado um macabro encargo que o marcaria para sempre vingando a morte de seu pai? O Homem nasce mau conforme Hobbes ou torna-se mau conforme seu ambiente segundo Rousseau? Eis o enigma do homem batizado como Artur Alberto de Mello, conhecido como Artur Arão que cada um precisa decifrar. Vamos conhece-lo um pouco mais nestas sínteses de sua história publicadas nos quatro livros escritos por Ludovico Meneghello, Eu Sou Artur Arão, Artur Arão O Vingador, Artur Arão Na Guerra do Chaco e A Volta d e Artur Arão.
É esse homem cuja história começa guri aos onze anos de idade, em 1912, no rancho em que morava com a Avó quando o destino bateu-lhe a porta pela primeira vez num dia em que um grupo de tropeiros que trazia a cabresto um bagual “inquieto que bufava e escarvava” cujo sugestivo nome era de “Filho do Inferno” e pediu para montá-lo e ante o espanto e a descrença do grupo, calçado com suas esporas de garrão e mango na mão, saltou em pelo no maula, e ao grito de larga viu-se “como uma formiga agarrada a uma palha descendo um rio encachoeirado”, entre relinchos, corcovos, berros, esporas e mango trabalhando aos gritos de “Chá-rá-chá-chá correntino” para depois de uma briga de gigantes que pareceu uma eternidade, cansado, suado e atolado na terra lavrada para onde fora dirigido a baixo de mango na cabeça sujeitar-se o bagual e dele atirar-se de cima, caindo em pé, mas com as pernas bambas, satisfeito com a proeza julgada impossível, para espanto de todos e do capataz que concluiu murmurando que - “se esse bagual é Filho do Inferno, esse guri deve ser filho do próprio diabo”.
Voltou para casa paterna no Passo das Pedras, hoje município de Giruá e com o irmão mais novo passou a frequentar a escola. Aos quatorze trocaram sua professora velha “por uma coisinha louca, bonitinha, redondinha, um petisco em forma de mulher, não tendo mais que dezoito anos de idade”. Nessa idade começou a ter calorões pelas pernas até ao umbigo quando via uma guria e com a professora “o calorão aumentava, passava do umbigo, tomava conta dos peitos e subia prá cabeça” e já não podia nem mais estudar e o livro ficava vermelho, comia e dormia pouco só pensando na professorinha.
Num dia de aula, num descuido da professora que se agachou para apanhar um lápis a sua frente, “o vestido subiu acima das curvas e eu vi tudo (...) um chuveiro desceu-me pelo céu da boca, vi tudo vermelho... e avencei (...) enfiei-lhe a mão direita pelo meio das pernas e agarrei na fonte da vida, enquanto com a esquerda firmava-a pela cintura. Ela deu um grito e um sacalão, tentando escapar-me, mas eu me agarrei como tinha me agarrado no Filho do Inferno e durante um bom minuto dançamos a conga. Uma fúria, uma força de bagual bravio, uma ânsia, uma quase loucura sempre correu-me pelas veias, pelos nervos e sabe o diabo por onde mais. Quando eu quero alguma coisa, quero com violência, com desejo brutal, selvagem, esmagador... e aquele dia tive vontade de mastigar a professorinha (...) e antes que chegasse alguém de fora eu não pude mais do que dar uma chupada naquele pescoço alvo, macio e gostoso”.
Através de um ofício seu pai foi comunicado de sua expulsão naquele mesmo dia e quando chamado por ele, temeroso, não recebeu a reprimenda como imaginava, mas antes meio que um incentivo pela iniciativa tomada, pois “afinal um macho é um macho. E eu prefiro que tua juventude se prenuncie assim violenta como a erupção de um vulcão”.
Recebeu conselhos do pai acerca de sua juventude e dos cuidados com as mulheres, pois a maioria delas eram como escorpiões com veneno no rabo, mas que aquele não era o modo correto de conquistar uma mulher, existindo para isso três maneiras: conquistando-as, alugando-as ou obrigando-as, sendo esta última não aconselhável por constituir crime previsto em lei e pela própria consciência humana.
Naquela mesma noite foi levado por seu pai para a zona do meretrício em Giruá e presenteado com a mais jovem das mulheres do local com a advertência de que aquela era a maneira mais rápida e prática de se conseguir uma mulher, “mas o que nos proporciona maior prazer é aquela em que a conquistamos com palavras ou com atos”.
E daquela noite em diante, “para o resto de minha vida, eu encontraria nos braços das chinas a mesma cruenta emoção que até então sentira apenas quando domava, a laço e espora, nos mais puavas baguais...”.
NO PRÓXIMO EPISÓDIO A PRIMEIRA MORTE DE ARTUR ARÃO AOS QUATORZE ANOS DE IDADE.
Fonte: Fonte Cecilio Joel Carneiro de Siqueira; joel@mprs.mp.br.
Para o Sr. Alvaro Danúbio Copetti (Fonte)
Mas o grande herói na luta contra este "bandido social" foi o Capitão Vinhas, da Brigada Militar, que perseguiu Artur Arão durante semanas inteiras, com um grupo de soldados, até prendê-lo. A obra de Ludovico Meneghello(de Nova Prata) resgata um tempo de aventuras no Rio Grande.
Quem foi Artur Arão?
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