Fotografia inédita foi encontrada em Museu de Júlio de Castilhos.
Guardadas como tesouros por descendentes ou exibidas como preciosidades em museus, relíquias de todos os tipos ajudam a reforçar o culto à Revolução Farroupilha.
A controvérsia a respeito da foto que seria do general Bento Gonçalves.
Quando tudo sobre a Guerra dos Farrapos parecia já ter sido escrito, eis que surge uma nova imagem da revolução que forjou a identidade do Rio Grande do Sul – e um novo enigma. Uma fotografia inédita encontrada no Museu Julio de Castilhos, que retrataria o general Bento Gonçalves, voltou ao centro de debates, dividindo opiniões e multiplicando teses sobre a representação do principal líder farroupilha.
Três pares de olhos examinam durante quase duas horas aquele retrato em tom sépia de personagem com olhar firme e lábios finos pronunciados em um biquinho, no Museu Julio de Castilhos, em Porto Alegre, tentando decifrar seu mistério.
Esquecida em uma pasta etiquetada anos atrás por uma estagiária, com o adesivo “Personalidades Históricas Públicas”, a fotografia desbotada causa furor desde que foi redescoberta no acervo mais antigo do Rio Grande do Sul, identificada como uma imagem de general Bento Gonçalves – supostamente a primeira e única da história a retratar o principal líder da Revolução Farroupilha, iniciada há 178 anos.
Raul Justino Ribeiro Moreira, tataraneto de Bento que chegara desconfiado da possibilidade de existir um retrato original de seu tataravô, depois de comparar minuciosamente a fotografia com a pintura do general em exposição no museu, saiu mais otimista.
— Alguns traços são realmente muito parecidos. É difícil assinar embaixo, mas é bem interessante — avaliou.
A ausência de registro da data em que foi feita aumenta a polêmica. O cartão que acompanha a fotografia traz o nome do fotógrafo H. Fritot, com a inscrição “Photografia Parisiense” e a cidade de Bagé.
Como Bento morreu em 1847, antes da difusão de estúdios fotográficos no país, a direção do museu acredita que se trate de uma reprodução feita a partir de um daguerreótipo, imagem em placa de prata produzida pelo primeiro equipamento fotográfico fabricado em escala comercial.
— Foi uma surpresa enorme. Acho que agora chegou o momento de apresentar ao público e aos historiadores .
— Se comprovado cientificamente ser uma fotografia autêntica de Bento, será uma descoberta verdadeiramente importante. A fotografia era um campo experimental na época, que atraiu as mais brilhantes mentes. Talvez entusiasmado com essa descoberta, acho que consigo ver como a guerra devastou o rosto de Bento: ele envelheceu, a guerra drenou a vida extraordinária que tinha levado empolgou-se Spencer, depois de analisar uma cópia escaneada da imagem, nos Estados Unidos.
Já o historiador Moacyr Flores, estudioso da temática farroupilha e autor de mais de 20 livros, rechaça a hipótese. Além de cogitar que seja a foto de um desenho, garante que não é Bento o retratado.
Apesar das divergências, o museu pretende ampliar a imagem e exibi-la como um retrato presumido de Bento, ainda este mês. Mesmo sem certeza?
— Claro. O Masp tem um quadro lá, que Pietro Maria Bardi, o diretor na época, colocou lá: “Pintura de Rembrandt”. E aí botou entre parênteses, pequenininho, embaixo: “Uma comissão do museu da Holanda acha que não é” — responde o diretor, lembrando que a história é feita de versões."um chasqueiro virtual das tradições gaúchas"
Fonte Léo Ribeiro www.blogdoleoribeiro.blogspot.com
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