O Índio Grosso em Porto Alegre: Sou um dos fãs do saudoso padre Paulo Aripe. Mais conhecido como Padre Potrilho (Uruguaiana, 11 Jun. 1936 - Alegrete, 10 Mai. 2008) foi um escritor, trovador e poeta do tradicionalismo gaúcho. Autor da famosa poesia Porque os padres não casam, foi o criador de A Missa Crioula, e autor da coleção (dezena) A Igreja nos Galpões. Foi pároco em Uruguaiana, no Alegrete; Santa Maria, São Francisco de Assis e São Borja. Morreu vítima de embolia pulmonar aos 71 anos. Gosto de declamar uma de suas poesias, mesmo com quebras nalgumas estrofes e versos.
O ÍNDIO GROSSO EM PORTO ALEGRE
O índio grosso em Porto Alegre
sentiu que a vida é brutal!
Diferente da campanha
onde tudo é natural...
Quase rasgou as bombachas,
três dias na capital!
De apesito pelas ruas,
bombacha, bota e chapéu!
Com uma mala na garupa
olhava da terra ao céu...
Era a campanha avançando
na selva de aranha céus!
Chegando à rua da praia...
deu aulas de educação!
Por entre massa de gente,
segurou o chapéu na mão,
cumprimentando cada pessoa
como se fosse um irmão!
E mesmo sem ter respostas,
enfrentou a grosseria!
Levou uma estafa dizendo:
buenos dia! Olá! Bom dia!
Com licença! Me desculpe!
Que tal! Olá guria!
Chegou na loja Maçom...
foi dizendo à senhorita
que tinha uma cruz no peito!
“Que bonita! Dá licença, vou beijar-te,
por que um gaúcho acredita!”
E firmando os ombros da moça
com certo ar de respeito
beijou a moça no peito!
Pediu um pedaço de fumo,
a moça disse: - Não tem!
Na Maçom só temos joias,
mas o grosso insistiu: - Meu bem!
Nos bolichos de campanha,
temos joias e fumo também!
Chegando à Praça da Alfândega
o índio achou divertido:
- Água verde, azul, vermelha...
era um arroio sortido.
Comprou garrafas vazias
e engarrafou à vontade...
Cada cor numa garrafa
e pensou com simplicidade:
“Quando eu chegar na campanha
isto vai ser novidade!
Almoçou lá no mercado
dois pratos de mocotó!
E vendo um gaiteiro ceguinho,
tocando tristonho e só,
com dois pilas no chapéu,
o índio grosso teve dó!
Se achegou: “Como é o teu nome?
Vou te ajudar um pouquinho!
Você toca, eu canto e danço
e vai se juntar o povinho!”
Dito e feito em pouco tempo
o chapéu ficou cheinho!
Foi nas escadas rolantes
das lojas Americanas!
O índio pensou consigo:
uma banheira de ovelhas
assim seria bacana!
Nem precisava agarrar...
desciam em caravana!
Na Independência encontrou
um Pedro e Paulo apitando!
Abrindo os braços em cruzes,
fazendo gestos e acenando!
Pensou o grosso: é pra mim,
e aos poucos foi se achegando!
E quanto mais perto do guarda,
o índio mais sorria!
Quando o guarda abriu os braços,
o grosso cheio de alegria,
se abraçou no guarda e disse:
“Eu vi que te conhecia!”
Na Farrapos! Na Farrapos,
na hora do pique é um desespero!
Mil carros em fila indiana
e gente de a pé no entrevero!
E o índio grosso precisava
cruzar este formigueiro.
Segurou o chapéu no peito
e ficou firme até que veio um cidadão,
e disse: “Me acompanhe!
- Disse o grosso: - Agora não!
Sou devoto,
eu respeito procissão!”
Foi chegar no Laçador
assim que o sol sumiu!
Aí sentiu-se em casa,
fez um fogo pro mate e pro frio...
E olhando a Porto Alegre,
o índio grosso dormiu.
Mas enquanto dorme o índio grosso,
eu pergunto à capital:
Porque progresso sem alma,
ou porque vida artificial...
Será a civilização,
destruindo o natural?!
Frase do ENEN: "Onde nasce o sol é o nacente, onde desce é o decente".
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Notícia: Otávio Reichert -Missa Crioula INTEGRANDO 30/09/2017
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