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20/02/2019 09:11


Agricultura Familiar. Realidade e Turismo por Valter Portalete

       Quando falamos de tradição e folclore do Rio Grande do Sul imediatamente a imagem que lembramos é de um ‘taura’ a cavalo, percorrendo os pampas. Muitas vezes esquecemos que a formação do estado e ocupação do espaço não só geográfico, mas político e econômico também ocorreu em outros ambientes, com personagens distantes da figura poética descrita por José de Alencar na obra ‘O Gaúcho’. Dos pescadores do litoral, aos colonos da região noroeste, passando pela adoção deste território pelos imigrantes, nosso estado adquiriu uma diversidade especial. 
       Graças aos músicos e compositores, houve um resgate dessa formação, com olhares voltados também para a colônia. Cenair Maicá foi um destes artistas que retratou a situação do homem rural, afirmando que a história do nosso estado não se resumia apenas ao homem de ‘bota, bombacha, lenço e cavalo’. 
       Desta forma, lembramos hoje que a maioria dos produtores rurais no Brasil vem da chamada ‘agricultura familiar’, a qual é composta de pequenos e médios produtores. São cerca de 4,5 milhões de estabelecimentos, sendo que o segmento detém 20% das terras e responde por 30% da produção global. Em alguns produtos básicos da dieta do gaúcho como o feijão, arroz, milho, hortaliças, mandioca e pequenos animais, a agricultura familiar é responsável por 60% da produção. Em geral, são agricultores com baixo nível de escolaridade que diversificam os produtos cultivados para diluir custos, aumentar a renda e aproveitar as oportunidades de oferta ambiental e disponibilidade de mão-de-obra. 
       No Rio Grande do Sul, do total de 497 municípios, 454 possuem menos de 50 mil habitantes e, nestes, a economia está intrinsecamente ligada a agricultura familiar. Estes produtores e seus familiares são responsáveis por inúmeros empregos no comércio e nos serviços prestados nestas pequenas e médias cidades. A melhoria de renda deste segmento rural, por meio de sua maior inserção no mercado tem impacto importante no interior do estado, e por consequência nas grandes metrópoles.
       Entretanto, esta inserção no mercado ou no processo de desenvolvimento depende de tecnologia e condições político-institucionais, representadas por acesso a crédito, informações organizadas, canais de comercialização, transporte, energia, etc. Embora haja um esforço importante do Poder Público através de diversos programas, ainda há um imenso desafio a vencer, próprio de cada região ou município. 
       Por isso, no Rio Grande do Sul é cada vez mais perceptível a transformação de pequenas comunidades rurais em unidades de processamento de frutas, legumes, lacticínios e agricultura orgânica. Hoje, nas prateleiras dos supermercados podemos encontrar uma diversidade de produtos oriundos dessas comunidades, com marca própria e registro nos órgãos oficiais de defesa sanitária. São várias associações que estão procurando padronizar os produtos coloniais para atender ao mercado. 
       O turismo rural surge como alternativa de renda para os pequenos produtores. São trilhas, pousadas e pequenos hotéis, que oferecem aos turistas urbanos, além das comidas típicas, a experiência de vida na zona rural, passeios ecológicos, etc.
A questão é: como estamos executando ou planejando o turismo rural na região das Missões? Qual sua opinião? 
"A vida é um eco. Se não gostamos do que estamos ouvindo, precisamos prestar atenção no que estamos emitindo."

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