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15/03/2019 12:20


Vencedores Estância da Poesia Crioula

 Resultado Oficial dos Concursos: 
""""Poesia Gauchesca Jayme Caetano Braun"""";
1º Lugar com a pajada “Sinuelo, Marca e legenda”
João Carlos Oliveira Antunes
Afrânio Batista Marchi; 
Jose Dirceu Dutra.

""""Causo Gauchesco Apparicio Silva Rillo"""";
1º Lugar  com o conto O Mistério do Sino; 
José Luiz dos Santos.
2º Lugar com o conto Ñhuporã

Renato Schorr
A premiação será dia 3 de dezembro de 2016 na Sede da Estância da Poesia Criola, na rua Duque de Caxias 1525, sala 49D, Porto Alegre.
      O MISTÉRIO DO SINO
Toda igreja, fora do horário das missas, é um lugar de calmaria e meditação. De noite, então, o silêncio é total. Menos para a igreja matriz velha de São Borja, que segundo as más línguas era assombrada. Tem gente que jura ter visto vultos caminhando pelos corredores e até diziam que eram os espíritos dos padres que ali estão enterrados. Pois, foi numa noite dessas, quando a tranquilidade parecia ser total, que “assucedeu-se” este fato, muito comentado naquela região da fronteira oeste.
Era noite de lua cheia e a cidade foi acordada pelo badalar do sino, ora forte, ora fraco, mas intermitente, despertando a curiosidade e o medo dos moradores. Os mais corajosos foram para a rua, mas ninguém se atreveu a entrar na igreja para ver quem estava tocando. Até o Nicácio - que era metido a “facão sem cabo” – refugou a mascada. As pessoas mais velhas rezavam, temendo ser o anúncio do fim do mundo. Consta que tinha gente se escondendo em baixo das camas e alguns enterrando potes de dinheiro e outros pertences de valor, temendo o pior. Segundo a crendice popular, “quando toca o sino de noite, alguma coisa ruim vai acontecer”.
As badaladas continuavam às vezes fortes, às vezes fracas. De quando vez aceleravam e depois diminuiam a intensidade. O medo e as dúvidas também cresciam. Cada um dava seu palpite: 
- Não deve ser coisa boa! Será que morreu o papa?
- Isso só pode ser coisa do diabo! Disse seu Tibúrcio, tremendo de medo.
- Não é não! Demônio não entra na igreja, véio medroso! Retrucou dona Candoca.
- Se não foi o tinhoso, quem será que tá batendo? O vento?
- Credo em cruz! Vamos rezar um terço!
Formou-se o rebuliço! Era reza para todos os santos, mas o barulho não parava. Naquela noite ninguém dormiu mais.  
Quando clareava o dia, o padre resolveu encarar a situação. Se encheu de coragem e de crucifixo em punho, pé pós pé, entrou na Igreja. 
- Quem esta aí? Gritou o corajoso sacerdote.
Em resposta, as batidas aumentaram de intensidade e ele ouviu um barulho que parecia ser fora da igreja.- Quem está aí? Insistia o valente religioso. Ao olhar para cima, ele enxergou uma corda atada no badalo e desvendou o mistério. Na outra ponta corda, atrás da sacristia, estava amarrado um cavalo – que não tinha nada a ver com a situação - pastando tranquilamente.
“Quem será o filho da..., aliás, o herege que fez essa sacanagem?” dizem que a autoridade eclesiástica balbuciou a num misto de indignação e alegria. 
Um farmacêutico local – conhecido por suas “baratezas” – foi acusado de ter sido o mentor da proeza.
Autor: José Luiz dos Santos.

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