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21/10/2019 10:00


Do regional à globalização. Canta tua aldeia..... por Valter Portalete

           “Cada um canta o que quer, seguindo alguma razão, uns usam o coração, outros pensam no mercado, alguns cambeiam de lado e até usam fantasia, mas o certo é que a poesia surge bem antes das palmas e ninguém canta com a alma, dizendo o que não queria...eu quero cantar ‘de onde venho” . (Ângelo Franco)
Os críticos do regionalismo, seguidamente (res)surgem, trazendo opiniões que buscam negar ou desvalorizar o que é regional. Não se trata apenas do regional tradicionalista (MTG), mas de tudo aquilo que é produzido no Rio Grande do Sul, seja relativo a produtos e serviços, ou marcas e pessoas. No ímpeto de declinar o que é rio-grandense, menosprezando seus conterrâneos chegam afirmar que o nativo é aquele “que tem ‘cacaca’ de cavalo nas botas”.  Ora, o que faz um produto tornar-se melhor, é sua qualidade e o que torna um homem de valor é seu caráter, ou, na profissão, seu talento. Ser regional ou universal não é mérito para avaliação de ninguém. Na dúvida, melhor ser regional do que fantasiar-se de globalizado, buscando além-mar identidades que jamais serão suas. 
A palavra ‘bairrismo’ é a preferida dos ‘anti-regionalistas’, que dela usam e abusam para acusar os nativos vivem a ‘cantar a sua aldeia’. Basta ouvir um ‘Ah! Eu sou gaúcho’ para proliferarem acusações de bairrismo. Quando o assunto é CTG, indumentária e música de gaita e violão, os impropérios aumentam. Esquecem que o amor à terra natal, a querência, enfim, a própria aldeia, gera benefícios imensuráveis. O que causa dano é o fundamentalismo, o radicalismo, a falta de humildade e o orgulho exacerbado. Cantar o hino rio-grandense ou gritar ‘Ah! Eu sou gaúcho’ em um estádio, não quer dizer nada mais do que ‘amo minha terra, ela é importante para mim’. Reforça uma ideia de pertencimento. Negar esta condição é querer transformar o seu local num universo sem endereço definido. Certa feita o cantor Ernesto Fagundes, explanou de forma clara: “O amor exagerado pela terra não faz mal a ninguém desde que respeite a opinião do outro”.
Acredito que este nosso sentimento de amor à querência, é fruto de uma cultura desenvolvida ha décadas, desde quando o Rio Grande do Sul recém era fixado no mapa do Brasil, trezentos anos depois de Salvador. Nossa afirmação pela terra ocorre num sentimento intrínseco de conquista, não apenas pela luta dos gaúchos a cavalo, mas dos imigrantes que aqui chegaram (Italianos, alemães, poloneses e açorianos), e os quais adaptaram suas culturas ao novo chão, fazendo brotar um mosaico cultural invejável. Mas não é o sentimento de amor ao Rio Grande do Sul que faz o estado estancar e criar uma barreira aos demais. O que prejudica o estado são as políticas governamentais desastradas, e que perduram governo após governo. E afinal, como está o teu sentimento de amor a tua aldeia?
Fone-wats 055-999971948
portalete123@gmail.com
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