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27/02/2018 16:01


União, dignidade, respeito e trabalho.

     A história do Rio Grande do Sul é repleta de contendas, pelos mais variados motivos, sejam contra os países da prata, contra o império ou até mesmo contra irmãos do mesmo estado, por divergência políticas partidárias. Os ressentimentos que pairavam após cada conflito, as questões pessoais, aliadas ao modo de vida do homem gaúcho de caráter rude e pouca instrução, levavam a inúmeros barbarismos. Dentre tantas pendengas entre irmãos do sul, a mais selvagem foi a Revolução de 93, ou Revolução Federalista, popularmente conhecida por “Revolução da Degola”. Esta revolução ocorreu após a Proclamação da República no Brasil, e sua causa teria sido questões políticas mal resolvidas. Duas forças, denominadas Pica-paus e Maragatos se enfrentaram até agosto de 1895, quando foi declarada a paz.  Os Maragatos/Federalistas, comandados por Gaspar Silveira Martins desejavam libertar o estado da tirania de Júlio Prates de Castilhos, na época presidente (governador) do Estado. Os Pica-paus/republicanos defendiam o lado governista e assim eram denominados numa alusão a cobertura usada pelos militares: um chapéu de ponta fina e comprida, como um bico, com um penacho atrás, o que lembraria a ave. 
     De ambos os lados a prática da degola era executada, sendo que alguns defendiam esta prática pela questão logística, ou seja, a incapacidade de se fazer prisioneiros e mantê-los encarcerados e alimentados. Tanto Pica-paus quanto Maragatos viviam em situação de dificuldade financeira, não podendo se dar ao luxo de alimentar prisioneiros. A solução era a execução pela degola, a fim de economizar munição. 
     No dia 05 de abril de 1894, em combate na Palmeira das Missões, rincão denominado de ‘Boi Preto’, 250 maragatos foram degolados em represália ao combate de Rio Negro (Bagé), ocorrido dias antes, quando dezenas de Pica-paus tiveram o mesmo destino. Este caráter revanchista também proporcionava atitudes bárbaras, quando até mesmo bebês eram executados nos berços, para que o opositor político não deixasse herdeiros.
     Nesta seara das degolas, dois personagens se destacaram nesta revolução, entrando para a história como os maiores degoladores que pisaram no Rio Grande do Sul: o maragato Adão Latorre e republicano Cherengue (Xerengue). Muitas vezes a degola era efetuada em meio a zombarias e humilhações, e não raras vezes, o inimigo era castrado antes da execução. 
     O acordo de paz, pondo fim a revolução Federalista, foi assinado em Pelotas no dia 23 de agosto de 1895, quando era Presidente da República o Sr. Prudente de Moraes. Entretanto, a Paz não reinou soberana no pampa gaúcho. A revolução das degolas deixou muitos ressentimentos, que acabaram vindo a tona em 1923 na Revolução Borgista, também chamada de confronto dos Chimangos e Maragatos. Vale considerar que o termo ‘chimango’(Borgista), nasceu graças ao poema ANTONIO CHIMANGO, de Amaro Juvenal – pseudônimo de Ramiro Barcellos. O poema era uma sátira ao governador Borges de Medeiros. 
     Esse constante ‘estado de confronto’ sempre acirrou a dicotomia do povo gaúcho: Inter x Grêmio; Maragato x Chimango; PT x PSDB; ‘Nós x Eles’. Um dualismo rançoso, mofado, que se expõe na alegria da derrota e desgraça do oponente. Um dualismo que, em pleno século XXI ainda existe, principalmente em cidades onde a política se faz pelas mãos de gerações tradicionais, emperrando o desenvolvimento cultural, econômico e social.
     Por isso, quando atentamos para notícias de comunidades que abdicam da disputa eleitoral (política) em nome da união e do progresso, a esperança redobra pelo conceito do bem comum. É um paradigma que se quebra em um estado forjado pela contenda. O exemplo da comunidade de Mato Queimado, entre outras 31 cidades gaúchas, onde desde o ano de 2000 (emancipação) só concorrem candidatos de consenso à Prefeitura Municipal, nos dá uma prova de que é possível crescer com união, dignidade, respeito e trabalho. Uma cidade missioneira que, na prática, resgata o conceito de Tupambaé, buscando através consenso, a satisfação das necessidades e o bem coletivo do povo de Mato Queimado
 “Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.” Bezerra de Menezes 

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