A edição ocorreu nos dias 23 e 24 de agosto nas dependências do IFFar
Carijada é o nome que se dá ao processo de produção artesanal da erva-mate, tradicional do povo indígena Mbyá-Guarani. O consumo e o cultivo da erva-mate são heranças dos povos indígenas, que a utilizavam também com fins rituais e curativos.
O nome do processo vem do Carijo, estrutura parecida com uma grade, construída com taquaras, sobre qual se coloca as folhas e galhos de erva-mate. Ao redor da estrutura é feito o fogo para secar a erva. Esse processo pode durar até dois dias e é necessário cuidar do fogo durante todo esse tempo para garantir a qualidade do produto final.
Depois da secagem, a erva ainda passa por outros processos artesanais até estar moída e pronta para o consumo.
O evento
A VIII edição ocorreu nos dias 24 e 25 de agosto e marca o retorno do evento pós pandemia, sendo, mais uma vez, realizado nas dependências do Campus Santo Ângelo do Instituto Federal Farroupilha (IFFar-SAN), aproveitando a grande quantidade de plantas de erva-mate e taquaras disponíveis no local, matéria-prima necessária para o desenvolvimento do projeto.
Além da Carijada, os visitantes e comunidade acadêmica puderam participar da trilha ecológica, experimentar algumas receitas que levam como ingredientes a erva-mate, assistir a debates sobre a cultura da erva-mate, participar de palestras sobre a relação entre a erva-mate e a cultura guarani e de oficinas sobre origens, linguajar e utensílios do chimarrão. Houve ainda a Mostra de fotos “Olhar para a Carijada: Tempo e Espaço de Identidades” e o 2º Café de Cambona.
Os estudantes da primeira fase do curso de Agronomia da UFFS/CL visitaram o evento no dia 24 e realizaram parte das atividades práticas, além da trilha ecológica.
De acordo com os organizadores do evento, professora Bedati (UFFS), Ivan Preuss e Maria Aparecida Paranhos (IFFar), a Carijada busca revisitar e preservar o patrimônio cultural que é a fabricação da erva-mate de forma tradicional. Os participantes vivenciaram o processo de produção da erva, conforme o costume antigo da região, que era produzida por indígenas e pela população em geral.
“É lindo e emocionante ver duas instituições públicas e federais unidas nessa proposta comum, que envolve ensino, extensão e pesquisa. São muitas mãos presentes para a concretização e manutenção da Carijada”, pontua Bedati. Durante dois dias, vivencia-se a experiência da Carijada num rico e intenso processo de interação entre a comunidade acadêmica, indígena e população da região em geral.
Histórico
A oitava edição consolida o projeto como um importante espaço de resgate e valorização do patrimônio imaterial e histórico da erva-mate.
O projeto nasceu em 2013, na UFFS Campus Cerro Largo, com a turma do curso de Agronomia, durante o componente curricular História da Fronteira Sul, ministrado pela professora Bedati Finokiet, uma das coordenadoras do projeto.
Desde então, muitas Carijadas (produção artesanal de erva-mate) aconteceram com outras turmas de Agronomia, com o Programa Escolas Interculturais de Fronteira (1ª Carijada Internacional - Porto Xavier/RS e San Javier/Misiones/Argentina) e com a Comunidade Guarani Mbyá Tekoá Pyau (Santo Ângelo).