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24/05/2022 08:45


Boletim climático do trimestre indica tendência de precipitações levemente abaixo do normal para a Região das Missões

O boletim climático do trimestre maio-junho-julho elaborado pelos professores da UFFS - Campus Cerro Largo Anderson Spohr Nedel e Sidinei Zwick Radons apresenta a presença do fenômeno La Niña (região do Niño 3.4), com temperatura da superfície do mar (TSM) mais fria que o normal.

As precipitações no mês de março e abril ficaram acima da média nas Missões, na grande maioria dos municípios (Figura 1), ocorrendo de forma bastante expressiva, em algumas localidades. Em São Luiz Gonzaga, foi observado o maior acumulado mensal, atingindo cerca de 2,5 vezes o valor normal para o mês.

As últimas observações dos modelos climáticos mantêm a influência da La Niña para todo o trimestre (e para o inverno) e, além disso, mostraram que o fenômeno apresentou um fortalecimento nas últimas 4 semanas. Assim, segundo a Nacional Oceanic Atmospheric Administration (NOAA), há uma probabilidade de 60% de continuidade do fenômeno nos meses de junho a agosto e de 50 a 55% de continuidade também na primavera. A estimativa para o trimestre maio-junho-julho é a continuação de precipitações com grandes acumulados de chuva em um curto período de tempo. Para maio e junho, os modelos estimam chuvas dentro da normalidade climática (169 mm e 130mm, respectivamente). Para julho, as projeções mostram chuvas levemente abaixo do normal para o mês (100mm), considerando a média climatológica INMET 1991-2020 (São Luiz Gonzaga).

Com relação às temperaturas médias (Figura 2), notou-se que o mês de abril foi ligeiramente mais quente que a média (o esperado para o mês era de 23,8ºC), com temperaturas ao longo da tarde alcançando 35ºC na cidade de Porto Xavier. Ainda, vários municípios ultrapassaram a marca dos 32ºC (São Luiz Gonzaga, Cerro Largo (centro), Roque Gonzales, Guarani das Missões, Caibaté e Santo Ângelo). O valor mínimo de temperatura registrado foi 7ºC, no centro da cidade de Cerro Largo. Os modelos climáticos estimam, de maneira geral, para o trimestre maio, junho e julho, um comportamento de temperatura do ar dentro da normalidade. Para maio, as temperaturas devem ficar na média esperada para o mês (17°C); junho, as temperaturas devem ficar mais baixas que o normal (1°C mais frio que o normal: 12°C); para julho, a previsão climática indica comportamento de temperaturas dentro do esperado para o mês (11°C), segundo a climatologia INMET/São Luiz Gonzaga/1991-2020.

A condição meteorológica no trimestre é muito importante para implantação da safra dos cultivos de inverno, especialmente da cultura do trigo no Rio Grande do Sul. No verão, a ocorrência de chuvas foi geralmente abaixo da média e mal distribuída, tanto no tempo quanto no espaço. Essas chuvas ocorreram de maneira concentrada em alguns dias, ocasionando graves períodos de estiagem em toda a região, apesar de já ser ter uma melhora em relação ao trimestre anterior. As lavouras de milho (safrinha) estão atrasadas e finalizando seu ciclo, em função do período de estiagem que dificultou a implantação das lavouras. Por isso, é importante que não ocorram geadas precoces e que se tenha janelas de tempo seco, que possibilitem a ensilagem ou a colheita.

Em relação à cultura do trigo, poucas lavouras foram implantadas até o momento. O fenômeno La Niña e os prognósticos indicam potencial para rendimentos razoáveis, caso se confirmem. Com a valorização do trigo, é possível que os agricultores compensem ao menos parte dos prejuízos sofridos na safra de verão. Entretanto, salienta-se que essa cultura é de alto risco climático, especialmente em função de sua susceptibilidade a geadas, chuvas intensas e ventos, especialmente na fase reprodutiva. Ainda é muito cedo para se ter previsão das condições nessa fase da cultura, que tipicamente ocorre entre os meses de agosto e setembro. Recomenda-se que o seu cultivo seja salvaguardado por políticas de seguro agrícola.

Além disso, recomenda-se que os agricultores mantenham diálogo constante com os profissionais que acompanham o planejamento e a execução de sua produção, visando estabelecer as melhores estratégias para minimizar impactos de possíveis condições meteorológicas adversas.

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