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09/07/2018 18:48


Relíquias das Missões na Catedral de Santo Maria

          Duas esculturas católicas de elevado valor histórico passaram mais de dois anos guardadas no porão da Catedral Metropolitana de Santa Maria Av. Rio Branco, 823 - Centro,RS. Uma imagem de Santo Antônio e outra de Nosso Senhor dos Passos, ambas pertencentes a reduções jesuíticas, faziam parte da reserva técnica, uma pequena sala onde ficam guardados objetos que não fazem parte do acervo do Museu Sacro da igreja.
          Pesquisa descobre tesouro de valor incalculável na origem religiosa dos gaúchos das Missões na Catedral de Santa Maria. 
          _"O esplendor das esculturas missioneiras ocorre na mesma medida que valorizamos as pessoas que participam das descobertas.... Uns fazem análise de microscopia, tomografia, dos fundamentos de arqueologia. Outros tem as fontes da arte sacra missioneira. Outros partilham relatos históricos das peças. Outros colocam a mão na massa... medem e pesam sinos, esculturas. Outros transmitem com arte as descobertas nos jornais e na redes virtuais. No final das contas, todos festejam a liberdade que viveram. No final, todos  aplaudem e celebram  a alegria de ser missioneiro. Com esculturas   eternas " Prof. Edison Hüttner 
          
No dia 13 de outubro às 19h acontecerá conferência e exposição de esculturas missioneiras de Santo Antônio e Nosso Senhor dos Passos  descobertas em Santa Maria.  A primeira é do insigne artista José Brasanelli. As peças serão apresentadas no Museu de Arte Sacra de Santa Maria junto a Catedral.
          Depois de quatro meses de pesquisas, um professor e doutor em Teologia comprovou a autenticidade das obras de mais de três séculos, que estão entre as mais importantes descobertas da época das Missões no Rio Grande do Sul.
          Dr. Eder Abreu Hüttner e Prof. Dr. Klaus Hilbert compõem o grupo de pesquisa.
          A escultura de Santo Antônio é que mais surpreendeu o professor Édison Hüttner, coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Arte Sacra Jesuítico-Guarani da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Com um 1m14cm de altura e 34 quilos, a imagem foi esculpida em resistente madeira de cedro pelo italiano José Brasanelli, um dos artistas mais renomadas dos séculos 17 e 18. 
           A data de criação da escultura se situa entre 1696 e 1706, ou seja, no período do Brasil Colonial e cerca de três décadas antes da formação oficial do Rio Grande do Sul, em 1737. Possivelmente, teve origem em uma oficina de arte sacra missioneira na região onde hoje fica o município de São Borja, na fronteira da Argentina.
           Pela importância do entalhe, o trabalho de Brasanelli, de origem jesuítica, representa para o Estado peso semelhante ao de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, para a história de Minas Gerais durante o Império.
           – O Santo Antônio é uma das grandes artes missioneiras do Estado – afirma Edison Hüttner, que em maio confirmou que o museu de Santa Maria conserva, também, o sino missioneiro mais antigo do Estado, com 333 anos.
           Apesar da idade, o santo está muito bem conservado. As cores, contudo, sofreram alguma repintura ao longo dos anos, especialmente o rosto, em formato quase infantil. Esse detalhe da face da escultura ainda é desconhecida, e talvez tenha seguido uma tendência da arte europeia daquele período.
            Já a imagem de Nosso Senhor dos Passos tem 80 cm de altura e pesa quase 10 quilos. A obra, de artista desconhecido, foi esculpida em cedro no século 18. Muito provavelmente, tenha sido trabalho de algum artesão amador. Segundo Hüttner, pode ter sido feita até mesmo um índio guarani. IMAGEM FOI ENCONTRADA NA ESTRADA DO PERAU
            A imagem que resistiu aos anos mostra Cristo curvado. Nas costas, ele carregava a cruz de madeira, que não existe mais. A pequena escultura está bem desgastada, com braços presos ao corpo por cravos (espécie de prego de ferro).
            A escultura chegou às mãos da direção do Museu Sacro há cerca de quatro anos. A responsável técnica do museu, Neila da Silva Guterres, conta que a obra foi achada abandonada às margens da Estrada do Perau, sob sol e chuva – o que acelerou o processo de deterioração da madeira. Teria sido usada em algum ritual religioso.                                          
            Para lembrar e celebrar a Paixão de Jesus Cristo a Igreja adotou a invocação: Nosso Senhor dos Passos. Esta devoção teve início na Idade Média. Quando os templários voltaram de Jerusalém, buscaram em solo europeu, interpretar, por meio de práticas de devoção, o caminho de martírio de Jesus. Então criaram de forma lúdica este trajeto da paixão, com a escultura de Jesus com a cruz no ombro, conduzindo-o nas procissões, encenações, criando capelas especiais. A devoção proliferou. No séc. XVI foram acrescentados 14 estações à Via Sacra (Via Crucis), ex: 1ª Estação: Jesus é condenado à morte;  2ª Estação: Jesus carrega a cruz às costas. Conforme estudo do Pe. Padre Ney Brasil Pereira:
            (...) a palavra “passo”, mesmo, qual é sua etimologia na língua de origem, o latim? Pesquisando no “Dicionário Latino-Português”, de Saraiva, encontro a resposta: “passo”  vem do termo “passus”, o qual, porém, vem de um  de dois verbos possíveis: do verbo pando, pándere, que significa “estender”, “abrir”, e do verbo pátior, páti, que significa “padecer”, sofrer. Do verbo pándere temos o substantivo passus, da quarta declinação, que significa “passo”, “passada”, o movimento de um pé após o outro ou a distância percorrida por esse movimento. Já do verbo depoente páti vem o particípio passado passus, que significa “aquele que padeceu, que sofreu”. Assim, no original latino do Credo: sub Pontio Pilato passus, “padeceu sob Pôncio Pilatos”.[1]
           [1] PEREIRA, Padre Ney Brasil. Nosso Senhor dos Passos – O significado dos títulos. 
Contido Relatório Pesquisa:
Santo Antônio de Lisboa
          (Lisboa, 15 de agosto de 1191-95?) Foi agostiniano no Convento de São Vicente de Fora (Lisboa) e depois para o Convento de Santa Cruz, em Coimbra. Em 1220 tornou-se franciscano. São Francisco de Assis convidou Antônio para trabalhar como evangelizador na França. Também atuou em Portugal e Itália. Foi um místico, asceta, teólogo, notável orador e taumaturgo (fazer milagres). Por sua vida de santidade, foi canonizado pela Igreja Católica no dia 30 de maio de 1232).[1] Por sua devoção é considerado, entre outros nomes: dos barqueiros, idosos, pescadores, das gravidas. É invocado para achar coisas perdidas, para conseguir casamento.  É invocado pelos dois nomes. Lisboa (Portugal), porque nasceu nesta cidade. Pádua (Itália) porque aí faleceu, no dia 13 de junho de 1231.
A devoção popular e sua manifestação artística é bem definida e simbólica. A imagem de Santo Antônio (esculturas, pinturas, etc.) se apresenta pelos seguintes aspectos: a) O Menino Jesus nos braços. O Menino é a fonte da pregação de Antônio. A fonte da sabedoria e símbolo da proximidade eucarística; b) O lírio na mão representa a castidade e pureza de coração. A estação do ano que o santo morreu; c) O cordão representa os votos perpétuos (hábito franciscano). Os três nós representando os votos de obediência, pobreza e castidade; d) O terço representa a devoção à Mãe de Deus. O terço fazia parte do hábito franciscano; e) o hábito representa sua pertença à Ordem Franciscana; f) O livro ou bíblica representa o Evangelho e a sabedoria de Antônio. O Menino Jesus está sempre sobre este livro, nos braços de Antônio; g) Os pés de Antônio nas esculturas não estão um ao lado do outro, mas sempre, um pé na frente do outro indicando alguém em marcha e a caminho; h) A tonsura. “A tonsura é um corte rente de parte do cabelo, geralmente de forma arredondada, realizado numa cerimônia religiosa pelo bispo, ao conferir ao ordinando o primeiro grau no clero, chamado também ‘prima tonsura”.[2]  Esta devoção encontrou lugar especial na Companhia de Jesus: as missões ad gentes. De modo particular nas reduções da Província Jesuítica do Paraguai (sec. XVII-XVIII). Como diz....
           “Apesar de ter pertencido à Ordem dos franciscanos, o paduano foi muito cultuado nas reduções. Suas imagens compõem 9%  do acervo. Caciques  importantes,  após  terem  sido  batizados, adotavam o nome de Antonio. O santo possuía altares especiais nas igrejas das doutrinas, constantemente incrementados com douramentos e novas imagens.”[3]
          Prof. Dr. Édison Hüttner
Coordenador do Projeto de Arte Sacra Jesuítico-Guarani da PUCRS
Faz pós-doutorado em História na PUCRS. Com o titulo de pesquisa credenciado: O Caminho da Arte Sacra Jesuítico-guarani da PUCRS
          [1] SOUZA, José Antonio de Camargo R. de. O pensamento social de Santo Antônio. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001, p. 12-16.
          [2] MAIA, Andre. Padre Reus Uma visão Suficiente. 2ª Ed. São Paulo: Clube dos Autores, 2016, p. 24.
          [3] AHLERT, Jacqueline. Estátuas andarilhas as miniaturas na imaginária missioneira: sentidos e remanescências / Jacqueline Ahlert. Porto Alegre, f. : il. Tese (Doutorado) Fac. de Filosofia e Ciências Humanas, p.  198. 

Site: Cruz de São Miguel em Camaquã 
Vídeo: Helenismo Sulamericano Missioneiro 
Notícia: Os Caminhos da Imagem de São Francisco de Paula 
Notícia: Mística, Crônica de Édison Hüttner
Vídeo: Mostra Helenismo Sul-Americano Missioneiro por Edison Hüttner 
Notícia: Conceito Helenismo Sul-americano Missioneiro
Notícia: Imagens Católicas Escondiam Mensagens De Fiéis 

Notícia: Materias sobre os sinos. Na pagina 23 no Site oficila do Jesuitas no Brasil.
Notícia: Na Busca do São Nicolau da Primeira Querência do Riogrande
Notícia: Peças da Arte Sacra Missioneira são Encontradas em Museu de Alegrete
Notícia: São Jeronimo, RS, trata com carinho e valoriza origem de Santa Missioneira 
Notícia: Novo conceito cultural é encontrado nas Missões 
Notícia: Cruz de São Miguel das Missões em Camaquã 
Fotos: Cruz de São Miguel em Camaquã Álbum

Notícia: Exposição Missioneira da Costa Doce 

Notícia: Patrimônio da História do Rio Grande do Sul 
Notícia: Sino Jesuíta mais antigo do Estado repousa na Catedral Metropolitana 

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