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07/04/2017 19:38


Otávio Reichert - INTEGRANDO 08/04/2017

O Gaúcho – 2ª parte: Continuação sobre a indumentária Gaúcha, das Origens:

Lenço: Pesquisas apontam proceder da Península Ibérica. O lenço era, originalmente, uma tira de pano (ou couro), a vincha, usado inicialmente para manear as melenas nas atividades campeiras. Após as lides, este vinha para o pescoço, com o nó à nuca, que caía para frente por peso maior. Com o decorrer dos anos, tornou-se peça complementar do gaúcho, servindo até como identidade partidária pela cor ou tipo de nó. Os mais conhecidos são o branco (chimango), e o vermelho, este da “Maragateria”, região de touradas espanholas, usado pelos maragatos. Também os bandeirantes fizeram uso deste aparato.

Chapéu: Do francês “chapeau”, geralmente confeccionada de feltro, podendo ser de palha, pano. O chapéu primitivo era de couro animal, usando a lonca inferior do abdome e depois moldado à cabeça do vivente, por isso designado como “pança de burro”. Os chapéus campeiros variam conforme a região. 

Guaiaca e faixa: O termo “guayaca” vem dos índios Quíchuas (Andes). Volteada à cintura do peão servia, e serve, para adereçar ferramentas de trabalho, pequenos bolsos contíguos e moedas. Chamado de bocó, este bolsito tornou-se pecha de pouca inteligência, talvez por caberem poucas pratas. Já a faixa visa proteger a cintura. Tudo indica que as primitivas guaiacas (rústicas) machucavam o peão ao longo do dia. Seu uso é mais costumeiro no inverno.

Calçados: Os primeiros calçados para proteger os pés eram sandálias, lembrando chinelos de dedo, e talvez invenção pampiana. Consiste em tiras volteadas atadas aos tornozelos. Ao tamanco se deduz ter sido o imigrante alemão que o introduziu ao povo sulino, porém em época bem posterior. Ambos são atualmente considerados femininos, porém usado sem distinção noutros tempos.
Quanto às botas, possivelmente foi criação do povo sulino. Inicialmente o gaúcho calçava a bota garrão-de-potro, geralmente com a ponta dos dedos de fora, permitindo assim ajustá-los no estribo de osso.

Cambonas: Durante suas tropeadas e andanças o gaúcho levava a reboque, e leva, alguns utensílios básicos. Além do tripé, vasilhas e bule para aquecer água para o chimarrão, depois usado para o preparo do café campeiro.
A chicolateira (ou chocolateira) era um recipiente de latão com pó de chocolate. Acrescentando-lhe alças, o mais das vezes de arame, e apresilhado na anca do cavalo. Como sua borda inferior esfolava o pelo do animal, algum funileiro inventou a cambona (nome dado por assemelhar-se às velas de uma embarcação), sendo esta chata num dos lados, e assim ajustando-se mais facilmente.
O Café da cambona tornou-se festa tradicional (anual) em São Nicolau. Consiste na confecção estilo campeiro. Como? Com a água por ferver, acrescer o café em pó e em seguida mergulhar um tição, o qual faz a precipitação do café, fazendo a borra “sentar” ao fundo. Esta precipitação dispensa o uso de coador e lhe dá um sabor peculiar.
Finalizando esta abordagem, perguntar-se-á:
- Por que o gaúcho tem mescla tão variada? Por ser miscigenação de muitas origens, misto de desbravadores com almas nativas, que se moldou à querência, às oscilações de frio e calor, criando assim características diferenciadas.
Aos dias atuais, principalmente no mês de setembro, juntam-se campeiros e urbanos, a exemplo do Parque da Harmonia, desenhando uma querência nativa, remontando às origens. Pajadas e rodeios não têm fronteiras, onde gaúchos e simpatizantes buscam sorver suas raízes, rememorando o que somos: gaudérios errantes enlaçados pela visão da pampa livre!

Reflexão: Como culpar o vento pela desordem feita se fui eu que deixei a janela aberta?

Humor: Quando perguntam de onde tiro tanta energia para trabalhar, respondo que recebo mensalmente inúmeras cartas motivacionais:
- Da Corsan, RGE,  dos bancos, do Cartão de crédito, IPTU, IPVA, imposto de renda,  etc...

Chasque: Ao confrade da ASLE, o Mestre Artur Hamerski, colunista semanal de três jornais santo-angelenses. Pessoa sábia e simples, como o são os seminaristas, e ele foi. Por vezes irônico em suas narrativas, doutras crítico, mas sempre aportuguesando. 
Site: Otávio Reichert
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