Notícias

22/04/2019 11:05


Previsão do Tempo, por João Antunes

    Vem de muito longe as crendices e os fatos reais ligados à cultura popular sobre as previsões do tempo.
Hoje mesmo com a alta tecnologia ligada aos satélites, com seus equipamentos na terra e no mar com excelentes previsões meteorológicas, sabemos que ainda existem certos métodos considerados curiosos e bizarros que, muitas vezes, dão certo. 
Desde os tempos da minha bisavó materna Julia Soares de Oliveira, quando eu era criança, eu conheço e observo um aspecto que eu considero  infalível sobre a previsão de chuva, que é quando os gatos lambem a mão e passam-na por trás da orelha. Isto é cem por cento certo, ou seja, chove em até dois dias. E é interessante também o inverso quanto a esta questão dos gatos se lamber, ou seja, nas épocas de seca grande como ocorreu aqui em Bossoroca - RS no passado, lembro-me onde duas vezes ficou em torno de cem dias sem chuvas, nessas ocasiões os gatos não lambiam as orelhas.
Meu pai foi um homem sem estudo, às vezes, quase um ermitão no seu modo de ser, mas de uma extrema capacidade de fazer certas leituras do mundo e sábias interpretações sobre o comportamento da natureza, as influências da lua nas pessoas e as questões ligadas às previsões do tempo.
Quando éramos crianças e vivíamos no interior o cavalo espantou-se e meu pai caiu e quebrou a perna ficando praticamente impossibilitado de trabalhar durante nove meses quando a nossa mãe abraçou quase todas as lides contando ainda com o apoio do meu tio, tias e vizinhos. Então, ao longo da sua vida, após esse acidente, meu pai dizia que quando doía o lugar da quebradura estava prestes a chover. 
Eu e meus dois irmãos ambos já falecidos e que eram mais novos do que eu nascemos por mão de parteira no Rincão das Burras, mas depois, por causa do estudo, meu pai viu-se obrigado a adquirir também uma propriedade na cidade em Bossoroca - RS, então a partir desse período a gente passou a se revezar nos mutirões, quando não tinha aula e quando era necessário, a gente investia nas lides na lavoura. Isto geralmente ocorria na sexta-feira à tarde e estendia-se até o final da tarde de domingo. Nosso trajeto de ida e volta a pé com enxada, foice, facão, machado e alguns mantimentos consistiam num roteiro de passagem pelos campos de João Manoel Nascimento Antunes (Tio João), campos da Sucessão de Januário Aquino rumo ao serro dos campos de Augusto Medeiros Dutra, descíamos o ladeira grande pelos campos de João Manoel Antunes (Maneco Antunes) e passávamos pela restinga onde daí enveredávamos pisando rosetas e espantando gafanhotos até os campos de Nercy Rodrigues Dutra (Gringo Dutra) para então chegarmos à nossa pequena propriedade e irmos à roça onde trabalhei com meu pai dos 8 aos 20 anos e recordo com saudades dessas lides. E o mais interessante é que nesse tempo de aproximadamente 13 anos meu pai, que não era climatologista, só errou a previsão do tempo, que eu lembro, uma vez nesse período.
Há outras manifestações da natureza onde pode-se prever as chuvas como, por exemplo, observar se ao anoitecer tem barras de nuvens na linha do pôr  do sol. Depois de três dias de vento norte é certo que chove. As precipitações pluviométricas podem ocorrer se constatarmos a presença de nuvens no estilo rabo de galo no céu.
Por uma questão de sobrevivência os animais têm um senso mais apurado que os humanos antevendo certas condições climáticas. Quando o cavalo se rola na terra é sinal de chuva. Grilo chilreando à noite indica tempo bom. Quando a colônia de bugios ronca é sinal de chuva nos próximos dias. Se a Libélula voar na vertical, chove. O João-de-barro sempre faz sua casa com a porta para o lado contrário dos ventos fortes. Formigueiro que está com a entrada elevada ou se fecha é porque vai haver tempestade. Quando as formigas de asas saem das tocas também é sinal de chuvarada. Se houver um halo (fenômeno de luz) através de anéis no entorno da lua é sinal de que vai chover. Se a passarada voar baixo, se estiver quieta ou reunida em grupo pode ser sinal de chuva forte ou tempestade.
Também se você contar e encontrar menos de dez estrelas no céu à noite é porque vem chuva grande. Se o tempo estiver pra chuva e você não enxergar abelhas nas flores também é sinal de chuva grande. Se as vacas, tão somente elas, estiverem agachadas pode vir temporal. Arco Íris no céu é sinal de que o tempo vai ficar limpo. Sapo nas bordas de cima de um recipiente é sinal de tempo bom e se ele ficar nadando na água é sinal de chuvarada.
Tudo isto são crendices que, na tradição secular, vem de pai para filho e é reverenciado por aqueles que gostam de ficar sintonizados com o mundo e observando o comportamento da natureza.  E, por ser assim, recomenda-se não fazer estes experimentos, mas penas observar, pois é lindo e gratificante fazer este tipo de contemplação. E observando você vai notar nitidamente que muitos destes aspectos são verdadeiros e que funcionam na prática, basta estar “ligado” e a gente percebe.  E, falando em chuva, será que chove hoje, compadre? 
Site: João Antunes poeta, historiador e compositor 
Facebook = João Carlos Oliveira Antunes
Bossoroca (55) 9999-42970 joaoantunes10@terra.com.br 

EM DESTAQUE

Vinícola Fin

É uma empresa familiar com produção própria de uvas e vinhos.

Saiba mais

Recantus

A culinária missioneira preparada com todo o carinho.

Saiba mais

Mais notícias

  • Aguarde, buscando...