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03/08/2020 09:00


Anú Preto, o porteiro das sombras, Pelincho Preto

Lê-se em contos de história e é fácil de perceber que a fronteira do Rio Grande do Sul é imensa, rica, extrema e passional em seus costumes, folclore e cultura. Mas em terras de tanta luta, tanta batalha, tantos países irmanados entre si, lutando e auxiliando-se a ponto de termos na época dos jesuítas uma nação com três bandeiras. Tanto amor e ódio misturado não poderia dar em outra coisa. Os mortos, de que lado fossem, a bem da verdade nossos, pois aqui ceivados e enterrados estão e junto deles seus sonhos, ambições e amores que não foram poucos. Algumas pessoas dizem que até foram perseguidas por esses estranhos seres.
Talvez pela beleza de nossos pampas, nosso mate, os fandangos, a forma com que tanto gostamos dessa terra, fica muito mais difícil de deixar essa vida. E muitos, se agarram nas sombras, imploram para voltar, mais uma olhadinha, um minuano mais meu Deus. E os desejos eram tantos que figuras estranhas começaram a ser vistas a vagar por nossas pradarias, figuras sem forma física, "sombras", as quais surgem nos locais menos esperados, por tudo, porões, rios, açudes, fonte, lagoa, fazendas, estâncias, cerros, matas, campos. Ninguém sabe o por quê ou por onde, mas somem quando aparece o Anú Preto, o Pelincho Preto. Em São Miguel das Missões tem um índio, que faz a benzedura da erva mate, conhecido por demais, o mesmo relata que o Anú Preto é um anjo que pega os gaúchos e dá um último passeio pelo pampa, sobrevoa um açude, da uma volta por tudo, mostra o que lhe espera, e o solta na sombra de uma árvore onde se confunde e se dissolve entre as sombras das folhas
Se tu vê um Pelincho Preto, pousado, cantando, tá se preparando pra o batente, pegar um vulto e amadrinhar até o nosso senhor. Seu canto leve e faceiro acalanta e conforma, por mais negra e sinistra que seja sua aparência, a alegria com que faz e cumpre seu serviço é mais que admirável ainda. Dizem os velhos, que em seus últimos momentos, quando ouvem o canto do Anú Preto que ele se traduz na frase “Sorria pois esse momento te levará ao paraiso”. Por isso é conhecido como o Porteiro da Sombra.
Site: Anú Preto, o porteiro das sombras, Pelincho Preto.
Apesar de formar casais, vive sempre em bandos, ocupando territórios coletivos durante todo o ano. É ave extremamente sociável. Tem grande habilidade em pular e correr pela ramagem. O cheiro do corpo é forte e característico, perceptível para nós a vários metros e capaz de atrair morcegos e animais carnívoros.
Possui mais de uma dúzia de vozes diferentes. O ninho é coletivo onde podem ser encontrados até 20 ovos. A incubação e o cuidado da prole são também cooperativos. O tempo de incubação é de 13 a 16 dias. Após 5 dias de nascidos os filhotes deixam o ninho e ficam na proximidade. Tem dois pios de alarme: a certo grito todos os componentes do bando se empoleiram em pontos bem visíveis, examinando a situação; outro grito, emitido quando um gavião se aproxima, faz desaparecer num instante no matagal todo o grupo. Eles se divertem cavaqueando baixinho, de modo bem variado, causando às vezes a impressão de estar tentando imitar a voz de outra ave.
É basicamente carnívoro, comendo gafanhotos, percevejos, aranhas, miriápodes etc. Caça também lagartas peludas, lagartixas e camundongos. Pesca na água rasa, e periodicamente come frutas, bagas, coquinhos e sementes, sobretudo na época seca, quando há escassez de insetos. Alimenta-se, sobretudo de gafanhotos, que apanha acompanhando o gado. As capivaras adoram sua companhia, pois retiram parasitas de seu pelo. Quando não há gado no pasto executa, às vezes, caçadas coletivas no campo: o bando espalha-se no chão, em um semicírculo, ficando as aves afastadas umas das outras por dois ou três metros. Permanecem assim imóveis e atentas e quando aparece um inseto, a ave mais próxima salta e o apanha. De tempos em tempos o bando avança. Quando pousa sobre o dorso dos bois geralmente o faz para ampliar seu campo visual. Às vezes apanha insetos em pleno voo, capturando também pequenas cobras e rãs. Frequentemente segue tratores que aram os campos. 
Site: Cardeal Amarelo - Guerreiro do Pampa Gaúcho 
Site: Gralha a Guardiã da Origem dos Mistérios 
Site: Lenda e Pajada do João de Barro 
Site: O Pássaro Cardeal, “O Guerreiro dos Pampas”. 

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