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16/10/2018 17:00


Cotiguazú, Hospital, Azilo e Albergue para as Indias Guarani

           O cotyguazú tinha vários objetivos que se somavam; na maioria das vezes era hospital, asilo e albergue para mulheres, interessantíssimo as suas funções e o papel que este organismo exercia na sociedade Guarani.
           Dar assistência para as mulheres idosas e doentes; confinar mulheres solteiras, ou mulheres casadas e sem filhos na ausência de seus maridos por motivos de guerras, tropeadas ou coleta de erva-mate distante da sede da redução, para evitar infidelidade; promover a reeducação de mulheres que tivessem cometido algum delito e para aquelas "de vida ligeira".
           Numa carta ao padre Calatayud, em 1747, Cardiel diz em relação às mulheres que vão para o cotyguazú: "Entram nessa casa todas as viúvas de má fama, e as de boa fama que quiserem, sem obrigá-las, e o mesmo às que têm seus maridos ausentes, ou por terem fugido ou em alguma viajem longa em prol do povo, sem tampouco obrigar a estas, senão em caso de ter cometido algum delito contra a castidade...".
           No cotyguazú, as mulheres "de má fama", isto é, as que tinham cometido algum delito ou ameaçavam a boa convivência, devido a possível prática da infidelidade, ocupavam um aposento separado das viúvas, idosas sem assistência familiar, doentes e crianças. No primeiro caso, o cotiguazú pode ser considerado casa de correção ou presídio, no sengundo, casa de assistência social.
            Marilda Oliveira de Oliveira, no livro "Identidade e Interculturalidade, História e Arte Guarani" diz: "Nos dias normais, cada padre costumava confessar entre quarenta e cinquenta guaranis. "Amarás a Deus sobre todas as coisas". Ressaltava a crença cega no demônio e, principalmente, ensinavam que todos os rituais religiosos dos índios eram de magia negra e propiciação diabólica".
           Era de suma importância o crescimento da população indígena e os meios anticoncepcionais ou a ideia de não procriar era considerada um pecado para a época, mas a instituição família era muito valorizada, o respeito e amparo a mulher e ao idoso, talvez uma dos fatores em que distinga tanto o gaúcho dentro da nação brasileira é este respeito e preocupação com a base a instituição família tanto presente na sociedade.
           Seguem, no texto da escritora, referências às perguntas feitas aos homens sobre seu comportamento sexual e, também, às mulheres sobre suas relações com o marido, inclusive, em que posição ou condições havia "tido parte" com seu companheiro (conjunção carnal, intercurso, relação sexual).
           No que diz respeito ao pecado da ociosidade e do controle sexual dos índios, Marilda escreve:
- O sino de cada missão tocava onze vezes ao dia, dirigindo o tempo: tocava na hora de despertar, começar a trabalhar e quando havia que orar. Toda a vida nas missões estava ordenada ritualmente pelo tempo, havia horário para tudo. Muitos autores criticaram a obsessão dos padres por manter os índios ocupados.
           Friedrich Hegel, em seu livro "Filosofia da História", refere-se com certa ironia ao bom emprego do tempo no "estado jesuítico", no qual os padres faziam cumprir a toque de sino até as relações sexuais dos índios. Alguns cronistas que estiveram visitando as missões também contam que, dentro das pautas que regiam as atividades diárias nas reduções a toques de sino, havia um toque, lá pela meia-noite, para recordar aos casados suas obrigações conjugais.
Fonte de Informação Livro O Indio nas Missões de Sergio Venturini.

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