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07/12/2018 18:22


Lenda Cerro Inhacurutum o Mirante Guarani por Otavio Reichert

Conta a história dos descendentes Guaranis, referenciando o valor, o carinho que todos têm pelo Cerro do Inhacurutum (Cerro da coruja)  e advém de um fato acontecido nos idos de 1628 durante o primeiro período das Reduções Jesuítas e os Guaranis, o cacique Nheçu.
Temos que nos reportar àquela época. 
Os Guaranis tinham uma cultura própria, terras e valores deles. A mãe era a terra, viviam nus, não havia um só Deus, nem monogamia, ou casamento, pecado ou posse de algo.
O choque cultural foi um verdadeiro abismo a ser encarado.
Os Jesuítas, cor da pele diferente, vinham falando uma nova verdade, vestidos de preto e com o corpo coberto, introduziram o “pecado” e a “vergonha”, pregavam uma mudança de costume que nega a origem natural dos Guaranis. De outro lado vinham os Bandeirantes, carniceiros assassinos, abusavam, matavam e aprisionavam como animais aos índios que encontravam, seguindo o rastro da evangelização, pois assim encontravam maior numero de índios.
Mais que um cacique, Nheçu era um líder e tinha, por bem ou mal, que tomar uma atitude, pois o tempo e a vida estavam contra sua nação, raça, cultura, onde a dor, perdas e mágoas se multiplicavam.
Sua aldeia ficava numa planície, com beleza natural impressionante, entre o cerro do Inhacurutum e o Rio Ijuí. Nheçu viu a necessidade de uma reunião com todos os caciques que conseguisse reunir. Mandou mensageiros com aviso, para todas as tribos que conhecia. Na primeira noite de lua cheia todos deveriam se reunir às margens do Inhacurutum. Ao mesmo tempo, subiu o Inhacurutum, construiu uma fornalha de pedra e pediu que mantivessem o fogo aceso para orientar e sinalizar para a reunião.
O fogo ardeu durante cinco dias, nenhum vento soprou e o mormaço se fez presente, à noite quando a lua cheia surgiu fazendo seu trajeto noturno cruzou por cima do risco de fumaça que se erguia para o céu como uma lança, como se a fogueira tocasse a lua. E foi assim que os caciques e Nheçu interpretaram o sinal, que se erguia do alto do Inhacurutum; chega de medos e mágoas, vamos à luta, que o homem branco vá embora, nos deixe em paz com a Mãe Terra.
E assim foi feito, os Jesuítas foram embora ou mortos, mas os bandeirantes continuaram sua selvageria. Nheçu se perdeu pelas planícies do pampa ou foi cortar cana de açúcar como escravo no centro do país. Em noite de lua cheia Inhacurutum é o desenho da ponta de uma lança, um mirante para o passado.
Daquele tempo pouco se sabe.
No alto do Inhacurutum; há marcas da fornalha que alcançou a lua, sempre há uma brisa entre as arvores e uma vista linda da Mãe Terra Missioneira “a perder de vista... até onde a vista alcança”.
Versão Otávio Reichert.
Local e informações CERRO DO INHACURUTUM
Imagem: Cerro Inhacurutum
Site: Lenda do Monge e o Cerro Pelado
Site: Roteiro Entre Lendas Missioneiras
Site: Santo Padre Roque Gonzales;
Site: Santo Padre Afonso Rodrigues;
Site: Santo Padre João de Castilho

Site: Origem da Cruz Missioneira
Site: Trilha dos Santos Mártires
Site: Trilha dos Santos Mártires
Site: Gravataí a mais longínqua Redução
Vídeo: Batalha de 7 e 10 de Fev Morte de Sepé
Site: Itacuruacir nos aproxima de Tupã ao ser perdida

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