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20/02/2016 23:58


Otávio Reichert - INTEGRANDO 20/02/2016

Ouriço: Dentre as minhas muitas “profissões”, a primeira foi a de leiteiro, fazendo a entrega antes de ir para a escola. Em certa etapa, levantávamos pelas 5h (madrugada) para tirar o leite. Após isto, fazia a higiene pessoal, enchia os litros de vidro e, o mais das vezes, fazia a entrega de bicicleta de casa em casa, para depois adentrar o Ginásio Estadual Érico Veríssimo, em Três Passos. Levava até doze litros, repartidos numa “mala de garupa” que se encaixava na frente e nas costas, tendo um buraco para enfiar a cabeça. Mas o que tem o ouriço a ver com isto?
Explique-se: nas entressafras, vacas prenhes, etc., por vezes a venda superava a produção e, nestes casos, precisávamos comprar alguns litros de leite dos vizinhos, feita na véspera. Geralmente num vizinho dos fundos da colônia, onde meus pais ainda residem. E cabia a mim buscar o tarro de leite. Lembro dos medos que passei ao passar uma faixa de mato quando já escurecera.
Foi na ida o sucedido. Eu devia ter uns onze anos. Ao aparecer um ouriço à minha frente, inventei de pegar o bicho pelo rabo e levantá-lo, de jeito qual se pega um tatu. Na primeira investida, ainda com o tarro na mão, o bichinho arrancou e eu catei o chão. Na segunda vez, peguei no rabo, mas escapou. Vendo que ele ganharia o mato, pensei comigo, soltando o tarro: vou levar a mão mais à frente, e assim ele não me escapa... mas desta vez ele não avançou e ouriçou suas armas... A frente da minha mão se encheu de espinhos, principalmete entre o dedo indicador e o dedão. Imediatamente a mão “pegou fogo”, e ardia. Precisava arrancar umas 20 farpas encravadas o quanto antes, pois que o pai dizia que os espinhos “caminhavam” no corpo. Os primeiros pareceram fáceis, embora saltassem lágrimas involuntárias em cada puxada. A sensação se compara ao puxão para arrancar um cabelo do nariz. Ainda busquei o leite, voltando com mais medo ainda, medo de morrer com o veneno. Hoje sabe-se que apenas a espécie porco-espinho contém veneno. 
A espécie ouriço-cacheiro uns seis mil espinhos (2 a 3 cm) no corpo. Sentindo-se ameaçado enrola-se sobre si próprio, ocultando as partes desprotegidas, transformando-se numa “bola com picos”. Mesmo adulto pesa em média 700 gramas. Existente em vários continentes, estes mamíferos noctívagos, que hibernam em tocas cavadas no solo. Insectívoro, também come frutos silvestres, sementes, minhocas, caracóis, ovos de aves (ninhos no solo).
O namoro dos ouriços? O macho “dança” à volta dela, que aceitando-o, deita os espinhos sobre seu corpo, permitindo o acasalamento. A gestação dura 35 dias, nascendo de 2 a 6 crias, que nascem cegas, mas já espinhosos, envoltos numa camada gelatinosa. Vivem até cinco anos.

Cães:  Têm aparecido ouriços em áreas urbanas. Dias atrás meu cachorro pulou a cerca para espantar um intruso. Pior foi o amigo cantor Fábio Oliveira. Seus nove cães estraçalharam um pobre bichinho. E os pobres cães estraçalharam seu dono madrugada adentro,  extraindo espinhos até da garganta deles. Importante é, nestes casos, que os animais sejam anestesiados. Se na mão doeu bastante, imagine na face.

Dengue: Ditado da caserna: o melhor faxineiro nos quertéis é o general. Quando ele avisa que precederá inspção no quartel tudo fica brilhando... Pois na véspera da visita dos militares às residências, pelo menos aqui em Santo Ângelo, o melhor faxineiro foi o Exército, pois a grande maioria antecipou a limpeza dos terrenos e casas. Parabéns aos que somaram esforços no combate à dengue.

Araticuns: Se aprendemos de forma errônea não temos culpa, porém permanecer nele, após saber o correto, é burrice. Não existe o “ariticum”. Araticum é um fruto nativo, também conhecido por marolo, pinha ou bruto. Da família Annonaceae, mesma da fruta-do-conde, porém esta é maior.
Disse um amigo: - Eles só amadurecem após meu aniversário, 11 Fev. E tinha razão. Colhi nesta semana, em casa, e não pelos potreiros, as primeiras frutas.

Filosofia: “Diga sempre a verdade, mesmo que ela esteja contra ti.” (Transcrita de painel junto a Companhia CCPC do 1º Batalhão de Comunicações) 

Humor: A preguiça anda tão devagar que a pobreza facilmente a alcança.

Sentimentos: À família Loureiro. Que o grande mestre Adroaldo Loureiro descanse em paz!

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