Notícias

22/06/2018 09:18


Lei da Oferta e da Procura Comanda a Explosão do Tráfico por Ubiratan Sanderson

     A experiência da última década, sob as regras da nova lei de drogas, nos impõe uma reflexão sobre a validade da estratégia adotada pelo legislador em 2006. A ideia de focar a repressão apenas nos traficantes, fazendo uma espécie de vistas grossas aos usuários de drogas, não está funcionando, a considerar a explosão da traficância no Brasil nesse período.
A Lei 11.343/2006 trouxe um substancial abrandamento na repressão aos consumidores de entorpecentes, suficientemente capaz de fixar no entendimento popular que utilizar maconha, cocaína ou crack deixou de ser crime. E não sendo legalmente reprovável seria, por via de consequência, socialmente aceitável, podendo ser consumida à vontade, a qualquer hora, quantidade ou local.
Coincidência ou não, foi exatamente na última década que o tráfico de drogas tomou proporções gigantescas no Brasil, tornando-se um dos negócios mais lucrativos e na mesma proporção violento.
Com o poderio econômico dos criminosos surgiu a necessidade de garantir-se a estabilidade do negócio através da imposição da força, instalando-se uma verdadeira corrida armamentista no mundo do crime. Fuzis de alta letalidade, metralhadoras, pistolas de última geração, passaram a ser instrumentos comuns nas mãos dos soldados do tráfico. 
Se alguém esperava que a despenalização dos usuários de maconha, cocaína, êxtase, etc, implementado com a lei de 2006,
não traria reflexos negativos, sobretudo no emponderamento financeiro das organizações criminosas, enganou-se. A brutal disputa por pontos de venda passou a ser objeto de cruentas guerras entre facções, vindo daí, inclusive, o crescimento no número de homicídios na ordem de 25% na última década.
A "lei da oferta e procura" está agindo de forma  inexorável na relação usuário/traficante. Por lógica comercial é fácil concluir que o tráfico de drogas só poderia diminuir a partir do momento em que a demanda por entorpecentes caísse. Enquanto o consumo não cair, o tráfico (milionário, perverso e violento) não diminuirá jamais.
Ou seja: infelizmente não deu certo a tentativa de centrar fogo apenas nos traficastes, deixando de penalizar os usuários. 
Como no Brasil drogas só podem ser adquiridas na clandestinidade, óbvio que o grande favorecido nisso tudo seriam, como foram, os barões do tráfico.
O cenário atual, sob a égide da Lei 11343/06, que despenalizou o usuário, consegue ser bem pior do que se legalizadas por completo fossem as drogas, cuja venda controlada pelo Estado substituiria a função hoje desempenhada pelos traficantes clandestinos.
Antes mesmo de discutirmos acerca da legalização ou não do uso de drogas, precisamos primeiro tratar de revisar a Lei 11.343/06, sobretudo no que diz respeito ao restabelecimento da penalização dos usuários de entorpecentes, tal como acontecia na alei anterior, medida que certamente minguaria o poderio econômico e o alcance do tráfico ilícito de drogas.
Enquanto, como sociedade, seguirmos achando normal fumar maconha e cheirar cocaína, financiando diretamente grandes e perigosos traficantes, responsáveis, repiso, pela maior parte dos homicídios no Brasil, não vislumbro a menor chance de sairmos do caos que tomou conta da segurança do país.
Não tenho dúvida que esse tema é bastante complexo e espinhoso, e é exatamente por isso que o debate precisa ocorrer de maneira mais intensa, notadamente para que uma estratégia conjunta, unindo governos e sociedade civil, seja adotada com vistas a mais rapidamente possível devolver a paz social aos brasileiros.
UbiratanSanderson 
Policial Federal em Porto Alegre
Especialista em Segurança Pública 
Resgatar a Autoestima Nacional 
Lei da Oferta e da Procura Comanda a Explosão do Tráfico

EM DESTAQUE

Erva Mate Verde Real

Empresa familiar, com seu fundador Delfino Shultz, iniciou no ramo de erva mate no ano de 1989

Saiba mais

Safira

Porto Lucena

Mais notícias

  • Aguarde, buscando...