Nasceu dia 13 de janeiro de 1852, na localidade de Arroio Grande – RS. Foi estancieiro e habilidoso tropeiro, cavalheiro apessoado, caudilho Maragato, militar-comandante, general rebelde, ícone da Revolução Federalista, líder nato e considerado um “Napoleão dos Pampas” que lutou pela liberdade de forma austera. Afeiçoado com as revoluções e seus posicionamentos, com isto, foi venerado pelos correligionários e odiado amplamente pelos inimigos políticos. Em torno de si residem lendas e fatos, bravuras e histórias macabras, atos de bravuras e crueldades.
Em 1892, Julio Prates de Castilhos era governador, no estilo bem autoritário, do Rio Grande do Sul, o que provocou reações nos seus opositores e o seu governo viveu um período de instabilidade e problemas. Formou-se dois lados, num movimento revoltoso entre facções políticas rivais, ou seja, os Castilhistas que eram chamados de Pica-paus e também de Chimangos (que quer dizer ave de rapina), pois apoiavam o governador, eram centralizadores, tinham acesso ao Governo Federal e eram contra os rebeldes Maragatos (onde o termo Maragato vem do povo de Maragateria na Província de León na Espanha, que eram cargueiros ligados ao comércio de animais semoventes), por isso aqui foi dado este nome àqueles que iniciaram a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul no ano de 1893, que estendeu-se por Santa Catarina e Paraná. Esta revolução foi uma luta entre caudilhos e acaudilhados.
Os desentendimentos e o ódio entre Julio de Castilhos e Gumercindo Saraiva começaram quando este não aceitou o convite desse governador para chefiar o partido republicano.
O general João Nunes da Silva Tavares, Barão de Itaqui, foi também um dos principais líderes dos federalistas. Silveira Martins foi um dos líderes dos Maragatos. Essa revolução com suas atrocidades sacrificou mais de 10.000 pessoas entre militares e civis, foi uma guerra sanguinária marcada pelas barbáries dentre as quais as castrações, selvagerias, torturas atrozes e degolas onde mais de 1000 pessoas tiveram suas gargantas cortadas. A degola, verdadeira carnificina humana, foi uma prática adotada para não se manter prisioneiros e nem ter que alimenta-los, por isso, nas penúrias financeiras da época foi adotada esta prática cruel onde muitos foram passados no fio da faca.
O negro Adão Latorre (tenente-coronel, revolucionário maragato) teria degolado quase 300 pessoas que foram rendidas e contidas numa mangueira de pedras denominada de Potreiro das Almas. Mais tarde, na Revolução de 1923, Adão Latorre foi fuzilado no Passo da Ferraria, município de Dom Pedrito – RS.
Foi dessa época das degolas que nasceu a frase: “não se gasta pólvora com chimango”.
O exército rebelde com o apoio de argentinos e uruguaios, em 26-02-1893, ocupou a cidade de Dom Pedrito - RS.
Em 04-04-1893, em Salsinho, próximo a Bagé - RS, aconteceu o primeiro confronto entre Maragatos e Chimangos sendo vencido pelos Maragatos.
Em 03-05-1893, em Inhanduí (Rio das Emas), os rebeldes perderam a batalha.
Em 27-08-1893, os Maragatos foram vitoriosos na Batalha do Serro do Ouro, no município de São Gabriel - RS.
Em 28-11-1893, os federalistas venceram a Batalha do Rio Negro, perto de Bagé - RS.
Agora em solo catarinense as tropas de Gumercindo Saraiva organizaram uma base de operações em Desterro lugar onde hoje é Florianópolis. Daí foram adiante e tomaram Lapa, que fica 70 km distante de Curitiba e depois rumaram para a capital paranaense.
Em 05-04-1894, os Chimangos degolaram cerca de 250 Maragatos no Combate do Boi Preto em Palmeira das Missões - RS.
Gumercindo Saraiva e José Gomes Pinheiro Machado eram inimigos políticos. Pinheiro Machado foi senador e advogado, morou em São Luiz Gonzaga e também foi proprietário da Fazendo do Biguá em Bossoroca – RS. Inclusive, como novidade, fiquei sabendo há poucos dias por Manoel Nascimento Pereira, bisneto de David José Pereira, que eram dono da Fazenda do Biguá, que este era amigo de Pinheiro Machado e que fez uma permuta desta fazenda no Biguá por outra fazenda no município de São Luiz Gonzaga, haja vista que o senador Pinheiro Machado gostava muito de caçar veados que tinham em abundância nesta localidade.
Em 27-06-1894, na Batalha de Pulador também chamada de Batalha de Passo Fundo – RS, os federalistas foram derrotados.
Em 10-08-1894, Gumercindo Saraiva faleceu de tocaia, baleado no tórax, aos 42 anos, onde hoje é o município de Capão do Cipó – RS, próximo do Rio Inhacapetum, que quer dizer rio cabeça negra, mais precisamente no Capão da Batalha, quando se organizava a Batalha de Carovi onde Carovi quer dizer mato verde.
Há sustentações de que após sua morte o corpo de Gumercindo Saraiva foi levado ao Cemitério Santo Antonio de Capuchinhos em Itacurubi – RS, que quer dizer rio da pedra pequena, rio do pedregulho onde o translado fúnebre foi do Capão da Batalha em Capão do Cipó – RS, passando pelo interior de Bossoroca - RS (Iby-Soroc, rasgão no solo, voçoroca, barroca) e nesta localidade passaram pelo antigo Passo do Inferno no Rio Icamaquã (rio da gruta de negros) e daí até o dito cemitério em Itacurubi – RS.
Seu corpo foi profanado, decapitado, seu cadáver vilipendiado (tratado com desprezo e desdém) pelos seus inimigos políticos. Há relatos históricos de que a cabeça cortada de Gumercindo Saraiva foi encaminhada ao governador Julio de Castilhos como troféu de guerra. E dizem que seu corpo decapitado, depois, foi levado para o cemitério de Santa Vitória do Palmar - RS e não se sabe até hoje e com certeza, após a passagem pelo palácio, onde foi repousar a cabeça desse líder e rebelde general Maragato.
Gumercindo Saraiva (Arroio Grande, 13 de janeiro de 1852 — Carovi , Capão do Cipó, 10 de agosto de 1894)
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